TEMPE, Arizona — Para enfatizar a importância de não se negligenciar as bênçãos facilmente acessíveis e aparentemente rotineiras de um profeta vivo, a ordenança do sacramento, as escrituras e os mandamentos de Deus, Élder Dale G. Renlund advertiu contra “olhar para além do marco” e ser vítima de “hipermetropia espiritual”, ou seja, não conseguir enxergar o que está próximo.
Discursando no domingo, 29 de janeiro, em um devocional no Instituto de Religião de Tempe Arizona, no campus da Universidade Estadual do Arizona, Élder Renlund falou sobre Lord Carnarvon, um rico inglês no início da década de 1900, que contratou o conhecido egiptólogo Howard Carter para uma pesquisa arqueológica.
Após 10 anos de escavação, em 1917 eles voltaram seu foco para procurarem a tumba do rei Tutancâmon, que a partir dos 8 anos governou por 10 anos durante o auge do poder e riqueza do Egito, antes de sua morte prematura em 1330 a.C.
Depois de cinco anos com a base de seu acampamento estabelecida sempre no mesmo local, e buscas malsucedidas em todo o Vale dos Reis, Carnarvon estava pronto para encerrar o empreendimento. Carter implorou por uma temporada final de buscas, percebendo que o último lugar restante que eles não haviam procurado era o local de sua base.
Em poucos dias, eles encontraram os primeiros degraus que levavam ao túmulo de Tutancâmon. Depois de mais escavações, em 26 de novembro de 1922, Carter contemplou a tumba carregada de ouro, sendo a primeira pessoa a vê-la em mais de 3.000 anos.
“Esta é uma história sobre o que pode acontecer quando nos concentramos longe de nosso local imediato, em um local distante, e perseguimos essas coisas”, disse Élder Renlund, que então falou sobre quando alguém é hipermetrope. Esta anomalia comum de visão faz com que as coisas próximas pareçam embaçadas e fora de foco.
Usando o termo “hipermetropia espiritual”, ele disse: “Gostaria de usar isto como uma metáfora para quando não valorizamos coisas que estão próximas a nós, que ocorrem com frequência, e então tendemos a subestimá-las ou não as apreciar.”
Na metáfora arqueológica, a consequência do foco distante foram anos extras de trabalho frustrante. Quando temos hipermetropia espiritual, as consequências são muito piores, conforme profetizado pelo profeta Jacó, no Livro de Mórmon.
Jacó previu o povo de Jerusalém na época de Cristo, o chamando de “povo obstinado” que estava “olhando para além do marco” (Jacó 4:14) e desprezou o Salvador do mundo.
“Em nossos dias”, disse Élder Renlund, “também devemos nos proteger contra a hipermetropia espiritual. Não queremos desprezar os tesouros que Deus colocou ao nosso alcance porque estamos focados em outras coisas distantes.”
Profeta
Os ensinamentos do profeta de hoje, Presidente Russell M. Nelson, são facilmente acessíveis. “E às vezes, por ser tão familiar e tão comum, negligenciamos o que significa ter um Moisés entre nós, ter alguém cujo foco principal é o Senhor Jesus Cristo, que recebe orientação e inspiração, e busca tornar a Igreja do Salvador o que Ele deseja.”
Élder Renlund falou então sobre sua participação na ordenação e designação de Presidente Nelson, em 14 de janeiro de 2018. “Houve um sentimento avassalador de alegria e paz que entrou na sala, foi diferente do que eu esperava. Não posso descrevê-lo de outra forma senão pentecostal, mas eu soube, eu soube com toda a certeza, que minhas mãos estavam sobre o profeta de Deus.”
Sacramento
Citando 3 Néfi 18, que descreve o Salvador ressurreto instituindo o sacramento entre os nefitas, Élder Renlund disse que a ordenança é “o alicerce para a promessa de termos o Espírito Santo conosco”, e alertou que “às vezes não damos valor a isso, [e] se torna parte de uma rotina.”
Em vez disso, o sacramento é uma renovação de convênios, para sempre nos lembrarmos Dele e guardarmos Seus mandamentos, disse ele, acrescentando que, “o Salvador pode renovar as bênçãos do batismo, inclusive o poder purificador. E se nos aproximamos do sacramento desta forma, isto nos transforma.”
Escrituras
Élder Renlund se referiu a Doutrina e Convênios 84:57, onde o Senhor advertiu que tratar levianamente o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e outras coisas, levaria à condenação.
“Dizemos com tanta facilidade e leviandade: ‘Estas são apenas as respostas típicas de uma aula da Escola Dominical: que você lê as escrituras para resolver todos os problemas’”, disse ele. “Elas não resolvem todos os problemas, mas para sairmos dessa condenação, valorizamos estas escrituras pelas quais as pessoas deram a vida e fizeram tudo o que podiam para que as tivéssemos em nosso bolso. E conforme vivemos por elas e enquanto as estudamos, é assim que Deus nos revela.”
Mandamentos
Os mandamentos de Deus ajudam a permanecermos no caminho do convênio, que é o caminho para irmos a Cristo, nos qualificarmos para a vida eterna e mudarmos nossa natureza divina para um destino eterno, disse Élder Renlund.
“Escolher obedecer aos mandamentos de Deus eventualmente resulta em uma maior liberdade pessoal”, disse ele, reconhecendo que a afirmação parece paradoxal apenas se alguém os vê como restritivos.
“Ao decidirmos deliberadamente violar os mandamentos de Deus, eventualmente nos leva a restrições. Isto nos restringirá e nos impedirá de recebermos a liberdade que temos direito. Isto tudo é arbítrio, isto é escolha.”
Em sua mensagem antes de seu marido, a irmã Ruth L. Renlund falou sobre a importância dos mandamentos, relatando uma ocasião em que, em um safári sem guia em um parque de caça da África do Sul, ela ignorou as regras e o bom senso ao abrir a porta do carro e subir no teto para tentar ver algum leão, quando oito surgiram de repente da grama alta a poucos metros dela.
“Ocasionalmente pensamos que podemos arriscar nossa vida espiritual quando racionalizamos por que as regras de Deus não se aplicam a nós ou por que, devido às nossas circunstâncias e nossa grande habilidade e astúcia, podemos evitar as consequências naturais”, disse a irmã Renlund. “Mas não é assim que a vida funciona. As regras existem para nos proteger.”
Ela acrescentou: “Guardar os mandamentos de Deus nos ajuda a evitarmos as armadilhas e os proverbiais leões que estão por aí e que podem nos retirar ou desviar de nosso destino divino.”
Élder Renlund concluiu contando a antiga história de um homem outrora rico, que de repente se torna pobre e é informado em um sonho para deixar sua cidade natal, Bagdá, e viajar para o Cairo, onde encontrará um tesouro. Ele parte ansiosamente, mas encontra dificuldades, incluindo ser quase espancado até a morte por bandidos, até ser sigo resgatado pela polícia.
Desanimado, o homem conta seu sonho ao policial, que ri dele e diz que ele também teve um sonho, mas não é tão tolo para segui-lo. Ele descreve seu sonho, vendo uma casa em Bagdá com uma fortuna enterrada sob uma fonte no pátio. O pobre homem reconhece sua própria casa nas descrições do policial, retorna a Bagdá e desenterra o tesouro enterrado em seu próprio pátio da frente.
“Irmãos e irmãs, temos tesouros enterrados em nosso próprio quintal; às vezes não lhes damos valor”, disse Élder Renlund, acrescentando que ter um profeta de Deus, a ordenança do sacramento, as escrituras e os mandamentos de Deus, são essenciais para permanecermos no caminho do convênio. “E não queremos tratá-los levianamente.”