Andrea Veronica Muñoz se sentou na biblioteca da escola, a sós com uma freira. Ela tinha acabado de completar idade suficiente para passar para a organização das Moças, e esta foi a primeira vez que a jovem defendeu A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Alguns anos antes, a família Muñoz havia sido batizada, filiando-se à Igreja. Andrea e sua irmã mais velha estudavam em uma escola católica local, e foram instruídas por seus pais a não contarem a ninguém que haviam se filiado à Igreja, por receio de que as irmãs fossem convidadas a sair da instituição. No entanto, quando uma freira perguntou à sua irmã mais velha por que ela não participaria de uma confirmação católica, a jovem declarou que a família havia se filiado à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e deixado de ser católica.
Assim que o sinal tocou, a freira levou Andrea à biblioteca para interrogá-la sobre essa informação. Sem saber que sua irmã mais velha havia revelado o segredo da família, Andrea sentiu um ardor no coração que a levou a defender a Igreja e o evangelho.
“Esta foi a primeira vez que percebi que poderia defender a Igreja com meu próprio testemunho”, disse ela.
Como seus pais temiam, Andrea e sua irmã foram convidadas a sair da escola. Esta experiência deu um novo significado a um de seus versículos favoritos, Romanos 1:16: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação a todo aquele que crê (…).”
Este versículo foi importante para ela em sua juventude. “Não, não tenho vergonha do evangelho e das coisas nas quais acredito. Não tenho vergonha de Cristo”, disse ela.
Durante a conferência geral de abril de 2023, a irmã Andrea Muñoz Spannaus foi apoiada como segunda conselheira na presidência geral das Moças. Ela começará a servir em seu novo chamado no dia 1º de agosto.
Tornando-se uma santa
Andrea Veronica Muñoz Spannaus, 55 anos, nasceu no dia 18 de maio de 1968 em Buenos Aires, Argentina, a mais nova das duas filhas do casal Carlos Alberto Muñoz e Elida Menicucci. Ela foi criada em Beccar, na província de Buenos Aires, Argentina.
A irmã Spannaus descreveu a si mesma como alguém que sempre teve um coração devotado. “Eu amava tudo o que [a escola católica estava] me ensinando, porque queria agradar a Deus”, explicou ela.
Ela recorda que as meninas de sua escola católica diziam que, se alguém morresse durante a missa, “seria automaticamente transformado em santo”. E santa era exatamente o que Andrea queria ser, porque amava a Deus e queria agradá-Lo.
Então, quando ela tinha 9 anos, “os missionários começaram a nos ensinar, e o Senhor concedeu meu desejo, porque Ele me mostrou a verdadeira maneira de ser um santo — um membro da Igreja.”
O élder Morasco, da Califórnia, e o élder Pistone, da Argentina, começaram a ensinar a família Muñoz. Eles se sentavam em duas poltronas verdes na sala de estar durante as palestras. “Após as palestras, minha irmã e eu corríamos e cada uma de nós se sentava em uma daquelas poltronas verdes… porque sentíamos que o poder ainda permanecia nelas”, disse a irmã Spannaus. “Não sabíamos o que era na época, mas sentíamos o Espírito de maneira muito forte.”
Naquela época, ela também não sabia que, além da igreja católica, existiam outras religiões. Ela recorda exatamente onde estava na cozinha, quando sua mãe lhe explicou que existem diversas religiões no mundo e muitas delas acreditam em Jesus Cristo.
A jovem perguntou à mãe, qual igreja ela achava que representava Deus. Sua mãe respondeu: “Penso que é esta” — a Igreja sobre a qual os missionários estavam ensinando, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Embora ela tivesse receio de abraçar uma nova religião, o sentimento durou apenas alguns minutos e foi substituído por um desejo de seguir em frente.
Assim que a família foi batizada, a irmã Spannaus pôde ver mudanças maravilhosas em sua vida familiar. “Vi uma grande mudança em meu pai, especialmente em seu caráter. Foi algo belo para toda a família.”
Encontrando seu próprio testemunho
Alguns anos mais tarde, a família se mudou para o interior, para um lugar onde a Igreja não estava tão bem estabelecida, então não havia capelas por perto. Isto fez com que a família frequentasse a igreja esporadicamente. “Esta foi uma época muito difícil para nossa família”, disse a irmã Spannaus.
Um ano depois, quando ela tinha 15 anos, a família retornou a Buenos Aires, mas seus pais e irmã não quiseram voltar para a igreja. “Para mim, isso foi muito duro em meu coração e minha mente, e eu não conseguia compreender. (…) Foi difícil porque pensei: ‘Como tudo o que meus pais me ensinaram pode, repentinamente, não ter valor?’”
Com um pouco de rebelião adolescente, ela começou a voltar para a igreja. “Esse foi um período em minha vida durante o qual alicercei meu próprio testemunho”, disse ela. “Eu não dependia mais do testemunho de meus pais.”
Assim que completou 18 anos e concluiu o programa das Moças, ela foi chamada para ser a presidente da mesma organização. Ela também ajudou a ensinar na Primária, o que a fez recordar como havia se sentido bem-vinda quando começou a frequentar uma nova igreja aos 9 anos de idade.
Os chamados se encaixaram bem com seu amor pelas crianças, seu estudo e carreira em Educação Infantil, e as designações que ela cumpriria no futuro.
Aos 21 anos, após concluir seus estudos, ela decidiu servir missão. Ela foi chamada para servir na Missão Argentina Resistência. Foi durante seu tempo no CTM que ela descobriu outro versículo que preza em sua vida.
Este versículo é João 15:5: “Eu sou a videira, vós, os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
“Quando nos separamos da videira, morremos. Não conseguimos viver”, disse ela. “Preciso de Jesus Cristo em cada passo da minha vida. Ele é meu Salvador e meu Redentor. Ele pagou o preço por meus pecados, tem todo o poder para me resgatar e, com Sua graça, pode me ajudar a crescer e me tornar melhor. Cristo tem que ser nosso guia. Ele tem que estar ao nosso lado.”
Servindo jovens em diversos países e idiomas
Um ano após seu retorno, a irmã Spannaus voltou a ter contato e se casou com o irmão Alin Spannaus. Eles eram membros da mesma estaca e haviam se conhecido três anos antes, em um baile da Igreja. No entanto, ambos tinham outras coisas a realizar e não achavam que era o momento certo para se casar. Para a irmã Spannaus, ela decidiu servir uma missão, e o irmão Spannaus concluiu um MBA na Universidade Brigham Young.
Em retrospectiva, a irmã Spannaus disse que esses três anos permitiram que cada um deles crescesse espiritual e profissionalmente. “Portanto, foi maravilhoso estarmos mais bem preparados para começar nossa vida de casados juntos”, disse ela.
Eles foram selados no Templo de Buenos Aires Argentina, no dia 22 de outubro de 1992, e são pais de duas filhas.
A irmã Spannaus, que atualmente serve como membro do conselho consultivo geral da Sociedade de Socorro, teve muitas oportunidades de servir em chamados para liderar jovens ao redor do mundo, devido a mudanças na carreira de seu marido. Além de servir na liderança das Moças da ala na Argentina, ela fez o mesmo em Miami, Flórida; e Lyon, França.
Ela não falava francês, “mas fui chamada para ser a presidente das Moças da ala”, disse ela.
Isso foi antes dos manuais digitais e dos telefones celulares. Ela tinha um exemplar do manual em inglês, de quando serviu em Miami, e uma conselheira que sabia falar espanhol. “Eu usava meu manual em inglês para estudar as lições, ensinava em espanhol, e minha conselheira fazia a interpretação em francês.
“Pobres moças!”
Ela disse: “O Senhor fez com que tudo desse certo, e foi uma experiência maravilhosa. Acho que o Senhor já estava me ensinando que o idioma não é tão importante.”
O irmão e a irmã Spannaus serviram como líderes da Missão México Cuernavaca de 2009 a 2012 e, ao retornarem à Argentina, ela foi chamada para servir no comitê de Conferências para o Vigor da Juventude (FSY) da Área América do Sul Sul.
Ela descreveu esta experiência como uma época maravilhosa, durante a qual observou vidas serem transformadas por meio de Jesus Cristo e Seu evangelho. “Vimos o potencial dos jovens como nunca antes, e também como o programa é divino”, disse a irmã Spannaus. “Vimos a mão de Deus ao observarmos os jovens chegarem na segunda-feira e partirem no sábado, transformados. Presenciar essa transformação foi uma experiência sagrada.”
Oito anos atrás, o irmão Spannaus aceitou trabalhar para a Igreja em Utah, e a família agora mora em North Salt Lake, Utah. O casal logo foi chamado para fazer parte do comitê da Conferência FSY Utah Latino. Esta foi mais uma oportunidade valiosa de estar “em contato com estes jovens maravilhosos”, disse ela. “Não apenas os rapazes e as moças, mas também os jovens adultos solteiros. São eles que dirigem as conferências. E foi maravilhoso vê-los se desenvolverem e crescerem, e orientá-los enquanto servíamos ao nosso Senhor juntos.”
A respeito de seu novo chamado na presidência geral das Moças, ela disse: “Sou grata pela oportunidade de servir e agradar a Deus neste chamado. Esse tem sido o meu maior desejo desde que eu era uma garotinha em uma escola católica.”
Ela convida as jovens a desenvolverem um relacionamento pessoal com o Pai Celestial e Jesus Cristo, terem um alicerce seguro para seu testemunho e descobrirem verdades eternas por si mesmas. “Elas precisam saber que são filhas de Deus, que têm grande potencial e que Deus as ama com um amor eterno”, disse ela. “Eles precisam descobrir a verdadeira alegria que sentimos quando somos discípulos de Jesus Cristo.”
“Adoro como Presidente Russell M. Nelson é muito otimista a respeito das coisas que estão por vir”, disse a irmã Spannaus. “É contagioso. Eu quero ter este otimismo acerca dos membros da nova geração. Eles têm um chamado, são líderes hoje e precisamos orientá-los, à medida que descobrem seu grande potencial.”
Sobre a Irmã Spannaus
Família: Ela nasceu no dia 18 de maio de 1968, em Buenos Aires, Argentina, filha de Carlos Alberto Muñoz e Elida Menicucci. Ela se casou com Alin Spannaus no Templo de Buenos Aires Argentina, no dia 22 de outubro de 1992. Eles são pais de duas filhas.
Formação acadêmica: Ela tem um diploma de bacharelado em Educação Infantil pelo Instituto Superior de Profesorado de Educación Inicial Sara Eccleston em Buenos Aires, Argentina. Mais tarde, ela estudou Arte e Design de Interiores.
Serviço na Igreja: Atualmente, ela serve como membro do conselho consultivo geral da Sociedade de Socorro. Seus chamados e designaçōes anteriores incluem servir com seu esposo como líderes da Missão México Cuernavaca, membro do comitê das conferências FSY da Área América do Sul Sul, codiretora da conferência FSY Utah Latino, conselheira na presidência da Primária da estaca, presidente da Sociedade de Socorro, das Moças e da Primária da ala, professora do Seminário matutino, consultora da ala de Jovens Adultos Solteiros de língua espanhola, oficiante no templo e missionária na Missão Argentina Resistencia.