Profissionais de saúde mental da Igreja falaram sobre ansiedade, depressão, perfeccionismo e uma variedade de outros desafios, durante a Conferência Gather Together, em 19 de agosto.
A conferência, realizada no Salt Palace Convention Center em Salt Lake City, Utah, foi o principal evento da Conferência de Jovens Adultos Solteiros da Área Utah de 2023 [em inglês], que apresentou diferentes atividades para jovens adultos nos fins de semana durante o mês de agosto.
A conferência Gather Together atraiu milhares de jovens adultos solteiros para mensagens espirituais, coaching de vida e socialização.
A seguir, leia um resumo do que alguns profissionais de saúde mental disseram durante a conferência.
Sucesso com ansiedade e depressão
Becky Hinchcliff, uma terapeuta de família, ministrou um seminário chamado “Sucesso com ansiedade e depressão.” Ela ofereceu dicas àqueles que lutam com auto-estima ou saúde mental.
Entre outras coisas, Hinchcliff falou sobre como os pensamentos negativos de uma pessoa podem se tornar tão habituais que “nem percebemos que os estamos tendo.” Eles podem se tornar crenças centrais muitas vezes mantidas na forma de uma declaração do tipo “eu sou”: “Eu sou um fracasso. Eu sou um monstro. Eu não sou confiável. Eu não sou amável. Eu sou indigno.”
Estas negatividades, disse Hinchcliff, podem ser substituídas por outras mais saudáveis e precisas, como “‘Eu sou um filho de Deus. Eu sou digno. Eu sou amado. Eu sou divino. Sou suficiente.’ E quando somos capazes de reconhecer estes pensamentos e isolá-los, podemos desafiá-los nestes momentos.”
Um dia, Hinchcliff se atrasou para o trabalho e um pensamento automático surgiu em sua mente, de que ela era um fracasso. “Mas como sei que esse é um dos meus pensamentos automáticos, fui capaz de me parar naquele momento e dizer: ‘Não, não sou; só estou atrasada.... E aquilo mudou meu dia.”
Tyler Webster, um jovem adulto solteiro de Provo, Utah, que participou da aula de Hinchcliff, disse que falar mais sobre saúde mental é importante nos tempos de hoje.
Quando lidou com a ansiedade e a depressão depois de servir em uma missão, Webster sentiu que não havia muitos recursos disponíveis para ajudar. “Fico feliz que eles tenham levado isso adiante ... para [os jovens adultos solteiros].”
Webster encorajou aqueles que lutam contra problemas com saúde mental a serem francos sobre isso. “Nunca me abri sobre isso e sinto que há muitas coisas pelas quais passei que provavelmente não precisava passar. Temos amigos e família. Há muitos recursos agora, o que é incrível.”
Superando o perfeccionismo
Johnny Bowers, um consultor especializado em TEPT [Transtorno de Estresse Pós-Traumático], falou sobre como superar os problemas criados pelo perfeccionismo.
O perfeccionismo acredita que o valor está associado às realizações, disse Bowers. Alguém com tendências perfeccionistas pode acreditar que será digno de amor e respeito, apenas se tiver um bom desempenho no trabalho ou tiver uma determinada aparência.
“Nossa sociedade gera perfeccionismo”, disse Bowers. “As redes sociais e a publicidade farão maravilhas pela sua saúde mental na direção errada. ... Há muito dinheiro a ser ganho com as inseguranças e problemas das pessoas.
Uma alternativa saudável ao perfeccionismo é chamada de “esforço saudável”, disse Bowers. O perfeccionismo pergunta: “Como posso melhorar a mim mesmo para os outros?” mas o esforço saudável simplesmente pergunta: “Como posso melhorar?” Ele promove a criatividade, o autodesenvolvimento e a vida com integridade, disse ele.
“O esforço saudável é grato por todos os sucessos, por menores que sejam... e sabe quando desacelerar”, disse Bowers.
Lidar com os fardos da vida
Durante uma palestra sobre o gerenciamento de várias circunstâncias da vida, o consultor da Rocky Top Mental Health, Sheldon Martin, enfatizou que tanto a ajuda espiritual quanto a médica contribuem para a cura de traumas, doenças mentais e outros desafios.
Ele usou a analogia de uma pista de boliche com uma sarjeta do outro lado. Lançar muito perto de qualquer um dos lados resulta em errar os pinos, mas lançar no centro resulta em acertar o alvo.
Da mesma forma, focar apenas em soluções espirituais ou apenas em soluções médicas provavelmente não dará a alguém o alívio que está procurando, disse Martin.
Ele falou sobre um membro de sua família que precisou de um transplante de coração quando criança. “Você pode imaginar se [lhe disséssemos]: ‘Vá mais ao templo?’”
Isso não quer dizer que sua família não jejuou e orou por ela, disse Martin. Mas ele sente que, “quando falamos sobre saúde mental e emocional ou vício, muitas vezes nos limitamos a comportamentos religiosos como a única resposta. ...
“Para uma variedade de fardos da vida que você pode enfrentar, não simplifique demais e não negligencie que [precisamos] de uma combinação de todos os recursos disponíveis para nós.”
Podcast Let’s Get Real
Durante uma gravação ao vivo do podcast Let’s Get Real [em inglês], o apresentador Stephen Jones entrevistou a irmã Tamara W. Ruina, primeira conselheira na presidência geral das Moças; a irmã Reyna I. Aburto, ex-primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro; e Élder William K. Jackson, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do departamento missionário da Igreja.
O tópico era “desenvolver resiliência emocional por meio de Jesus Cristo”, e Jones perguntou a cada convidado sobre suas experiências com problemas de saúde mental, pessoalmente ou em entes queridos.
A irmã Runia disse que, como líder de missão em Sydney, Austrália, ela se certificou de que seus missionários soubessem que ela lutava contra a depressão, e que poderiam ligar para ela a qualquer hora do dia ou da noite.
“Foi realmente uma coisa muito doce ... compartilhar com eles minha experiência, para que não se sentissem tão sozinhos”, disse ela. “Acho que é quando você percebe que somos todos irmãos e irmãs passando por essa experiência ao mesmo tempo.”
Élder Jackson disse que trabalhou como médico durante 40 anos. Nesse período, ele viu um aumento nos problemas de saúde emocional. Como presidente dos Serviços de Saúde do Departamento Missionário, muito de seu trabalho gira em torno da saúde emocional e mental, disse ele.
Embora ninguém demore a procurar tratamento para diabetes ou pneumonia, Élder Jackson disse que os missionários às vezes ficam “quase envergonhados” de procurarem ajuda para problemas de saúde mental.
Mas a “coisa milagrosa”, disse ele, é que oito em cada 10 missionários, que procuram ajuda para a saúde mental, permanecem no campo missionário.
“[Jesus Cristo] é o grande médico e, se fizermos tudo que pudermos com os recursos que estão disponíveis para nós, inclusive recursos médicos, psiquiátricos e de aconselhamento, então Ele poderá entrar e curar”, disse Élder Jackson.
A irmã Aburto disse que, embora não tenha experimentado pessoalmente problemas de saúde mental, ela perdeu o pai para o suicídio. Esta experiência, além de ouvir “tantas histórias” de todo o mundo sobre problemas de saúde mental, inspirou seu discurso na conferência geral de outubro de 2019, “Comigo habita, ó Deus, a noite vem!”
“Precisamos ser abertos, precisamos ser vulneráveis [sobre nossos desafios]”, disse a irmã Aburto. “Perguntem às pessoas como elas estão se sentindo. Não tenhamos medo de expressar nossas emoções. Nossas emoções fazem parte de nós [e] somos seres divinos.”