PROVO, Utah — Alguns podem acreditar que a observação ou a razão minam a fé. Na realidade, “esta é uma falsa dicotomia”, declarou Élder Dale G. Renlund, do Quórum dos Doze Apóstolos, “porque a observação e a razão trabalham em sinergia com a fé.”
Dirigindo-se a uma multidão reunida no Marriott Center na terça-feira, 22 de agosto, durante a Semana da Educação da BYU, Élder Renlund falou sobre o tema deste ano: “A crença aprimora a busca, o estudo amplifica a fé e a revelação leva a uma compreensão mais profunda.”
A observação, a razão e a fé são muitas vezes pré-requisitos, não apenas para recebermos revelação pessoal, mas também para compreendermos essa revelação, explicou Élder Renlund.
Para ilustrar como a observação por si só pode não ser confiável, Élder Renlund mostrou uma foto sua recebendo um diploma de formatura do então presidente da BYU, Dallin H. Oaks, em 1976.
Embora goste da imagem, disse Élder Renlund, é uma imagem gerada pela inteligência artificial. Na verdade, ele não se formou na BYU. “No futuro, seremos sábios ao evitarmos depender apenas da observação.”
Da mesma forma, a razão, e até mesmo a fé por si só, são insuficientes, independentemente uma da outra.
Usando um exemplo dado pelo Salvador, Élder Renlund mostrou como a observação, a razão e a fé podem interagir.
Dois discípulos de João Batista foram até o Salvador para perguntar se Ele era o Messias prometido. Em vez de simplesmente dizer “sim”, Jesus respondeu de uma forma que os incentivou a usarem a observação e a razão para desenvolverem a fé, observou Élder Renlund.
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes” (Mateus 11:2-5).
Élder Renlund explicou: “Estes discípulos deveriam observar o que estava acontecendo, usar a razão para responderem às suas próprias perguntas e chegarem à conclusão de que Jesus era o Messias. Neste exemplo, o Salvador incentivou a observação e a razão para ativar a fé.”
No Livro de Mórmon, Alma convidou um grupo dissidente zoramita que o ouviria, para realizar uma experiência, comparando suas palavras a uma semente.
Mas enquanto o método científico valoriza o ceticismo, o experimento de Alma dependia de uma inclinação para acreditar.
Com uma inclinação para acreditar, os indivíduos plantam a semente em seu coração. À medida que a semente cresce, brota e começa a crescer, a fé é fortalecida e as pessoas passam a “saber que esta é uma boa semente” (Alma 32:30).
“Quando começamos com uma inclinação para acreditar, a observação leva à fé. À medida que a fé cresce, a razão facilita a transformação da fé em conhecimento revelador, e o conhecimento revelador produz mais fé”, explicou o Apóstolo.
Élder Renlund observou que a fé se torna mais forte ou mais fraca. “Não há lugar para parar e descansar; não há limite para alcançar.”
Além disso, a fé pode atrofiar de, pelo menos, três maneiras. “Primeiro, se pararmos de desenvolver ativamente a nossa fé. Isto acontece quando endurecemos nosso coração, ou ficamos satisfeitos com nosso status quo.”
Em segundo lugar, a fé atrofia quando os indivíduos escolhem ativamente voltar atrás ou se tornam desobedientes e param de se arrepender.
A terceira maneira pela qual a fé pode atrofiar, compartilhou Élder Renlund, é quando os indivíduos mudam sua inclinação da fé para o ceticismo e a dúvida.
“Em todas as três formas de atrofia da fé, recebemos cada vez menos até perdermos tudo o que havíamos recebido anteriormente. Perdemos a companhia do Espírito Santo e, finalmente, nada sabemos sobre os mistérios de Deus. Será como desengatar a marcha de um veículo sem freios em uma estrada íngreme na montanha. Assim que nosso ímpeto de ascensão cessar, retrocederemos”, disse Élder Renlund.
Cinco princípios de revelação
Esta combinação de observação, razão e fé no recebimento e compreensão da revelação é ilustrada por Presidente Joseph F. Smith, quando ele recebeu a revelação que se tornaria a Seção 138 de Doutrina e Convênios.
Com a recente morte de seu filho e sua nora, a Primeira Guerra Mundial em fúria e a gripe espanhola matando milhões em todo o mundo, a morte estava na mente do Profeta, observou Élder Renlund. Ao ponderar sobre a Expiação de Jesus Cristo, Presidente Smith teve uma visão do Salvador pregando aos espíritos no mundo espiritual.
“Ao considerarmos estas experiências de Presidente Smith, vemos que a razão e a fé o impulsionaram a essa revelação”, disse Élder Renlund, que destacou cinco princípios de revelação aprendidos com esta experiência.
Princípio 1: “A revelação pessoal requer trabalho, incluindo aprender como o Espírito Santo se comunica individualmente conosco.”
Princípio 2: “A revelação pessoal é facilitada pela compreensão e formulação de perguntas de vários ângulos.”
Princípio 3: “A revelação pessoal geralmente requer depender e agir com base em um entendimento incompleto.”
Princípio 4: “A revelação pessoal é iterativa.”
Princípio 5: “A revelação pessoal requer humildade para corroborar e não inventar impressões.”
Concluindo, Élder Renlund reiterou que “a observação, a razão e a fé facilitam a revelação, permitindo que o Espírito Santo seja um companheiro leal, digno de confiança e amado.” Ele testificou: “Estes elementos serão fatores-chave na produção do ‘ímpeto espiritual em nossa vida’, nos ajudando a avançar ‘em meio ao medo e à incerteza.’”