O desejo secreto de Sarah Sun durante a competição Miss Utah 2023 era compartilhar sua fé como santo dos últimos dias no palco, com juízes e milhares de outras pessoas assistindo.
“Estava orando por uma chance de compartilhar meu testemunho”, disse ela. “Deus me deu essa oportunidade.”
Enquanto estava no palco, perguntaram a Sun: “Se você estivesse dando uma entrevista ao vivo na televisão e lhe fizessem uma pergunta muito pessoal, como você responderia?”
Sun disse que, como estudante da Cornell University, “uma instituição muito secular e diversificada”, muitas vezes ela ouvia perguntas pessoais e até inapropriadas sobre sua filiação [À] Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas ela aproveitava o momento para compartilhar suas crenças. Ela não apenas fez muitos novos amigos, como foi eleita presidente da classe de calouros, com uma vitória esmagadora.
“Por não ter vergonha de quem eu sou e no que acredito, sabia que a verdade sempre poderia prevalecer e tocar o coração daqueles que a buscam”, disse ela. “Sei que a luz de Cristo permite que as pessoas se tornem o melhor de si mesmas, e nunca terei vergonha de compartilhar isso com outras pessoas.”
Sun foi coroada Miss Utah no Capitol Theatre no sábado, dia 10 de junho.
Quando Sun venceu, as outros competidoras se aglomeraram para abraçá-la e começaram a gritar seu nome. A plateia se juntou a elas. Mais tarde, Sun ouviu de alguns fãs que foi a cena mais celebrada por competidoras em décadas.
“Foi uma lição de humildade, uma honra tremenda”, disse ela antes de agradecer a todos os envolvidos.
A pianista com formação clássica recebeu mais de US$ 10.000 em bolsas de estudos, foi eleita Miss Simpatia e representará Utah no concurso Miss América.
Sun, filha de imigrantes chineses, também é a primeira mulher de descendência asiática a vencer o Miss Utah.
“Concretizar isso foi realmente algo muito grande, porque sinto a responsabilidade de honrar os sacrifícios de meus pais, meus ancestrais e todos os outros imigrantes que sentem que estes sonhos estão muito fora de alcance”, disse ela. “Sei que, com Deus, tudo é possível e sou grata pelas pessoas em minha vida que me ajudaram a me tornar um testemunho vivo disso.”
‘Nunca pensei que me afiliaria’
Sun é filha de Xun Sun, diretor de atividades da orquestra da Southern Utah University, e de Ling Sun, professora adjunta na mesma universidade. Sarah começou a tocar piano aos 4 anos e passou a maior parte de sua vida desenvolvendo seus talentos
musicais.
Criada em Cedar City, Utah, Sarah sempre esteve cercada de membros da Igreja. Mas a religião em que ela cresceu “era um pouco antagônica à Igreja”.
“Eu ia para o grupo de jovens e as pessoas prepararavam esses seminários sobre o que seus amigos mórmons podem dizer para tentar convertê-lo. Aqui estão os versículos da Bíblia que você pode usar para se proteger”, disse ela. “Nunca pensei que me filiaria [à Igreja].”
À medida que Sarah foi ficando mais velha, eventos como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo a fizeram pensar mais profundamente sobre suas crenças e ela começou a explorar diferentes religiões. Por fim, ela começou a se reunir com os missionários santos dos últimos dias.
‘Deus estava ciente de mim’
O ponto de virada na conversão de Sarah ocorreu quando ela se preparava para se apresentar no Carnegie Hall, uma sala de concertos na cidade de Nova York.
A reserva da sala onde iria ensaiar foi cancelada no último minuto e ela precisava encontrar outro lugar para se preparar para sua apresentação. Ela fez uma oração em uma estação de metrô e, quando disse “Amém” e olhou para cima, encontrou duas missionárias por perto.
Sun explicou sua situação e as missionárias deram a ela instruções sobre como chegar a uma capela onde ela poderia praticar piano. Ao sair do metrô, ela viu o Templo de Manhattan Nova York com a Juilliard School do outro lado da rua.
“Sendo esta garota da cidade pequena de Cedar City, Utah, vendo os dois prédios mais pessoais do mundo do outro lado da rua, na maior cidade do mundo, me fez sentir como se Deus estivesse ciente de mim, “ ela disse. “Quase parecia que Ele havia planejado a cidade ao meu redor para aquele momento.”
Ao entrar na capela onde também fica o templo de Manhattan, ela sentiu uma enorme sensação de paz. Ela sentiu que pertencia àquele lugar.
“Cheguei em casa, liguei para meu bispo e disse: ‘Estou pronta para ser batizada’”, disse ela.
Sun foi o primeiro membro de sua família a se filiar à Igreja. “Foi uma oportunidade para ser pioneira”, disse ela.
Missão na Califórnia
Depois de se filiar à Igreja em 2018, as experiências de Sun em compartilhar sua fé em Cornell a prepararam para servir uma missão, e ela foi chamada em 2020 para a Missão Califórnia Riverside. Com o início da pandemia, ela queria compartilhar o evangelho com outras pessoas. Ela também foi fundamental na decisão de seus pais de serem batizados.
“Eu sabia que representar Cristo era algo que deveria fazer”, disse ela. “Embora Cornell e minha educação fossem importantes para mim, sabia o que era mais importante e estava disposta a fazer uma pausa nos meus estudos por algum tempo.”
Um dos destaques da missão de Sun veio no final, quando ela foi convidada para ser a principal oradora em um devocional, no qual compareceram centenas de pessoas. Ela contou sua história de conversão e intercalou com vários números musicais que foram significativos para ela em cada fase de sua história.
Sun saiu dessa experiência e de sua missão com o desejo de continuar compartilhando sua fé e talentos para abençoar outras pessoas.
“Essa experiência específica é o que me ajudou a seguir em frente querendo ser a Miss Utah, porque eu sabia que poderia canalizar este microfone e esta plataforma que tenho, e iluminar algo maior do que eu mesma”, disse ela. “Eu não estaria onde estou sem minha missão.”
Continuando sua educação, ajudando presos
Sun transferiu da Universidade de Cornell para a Universidade Brigham Young, onde estuda Música com especialização em Ciências Políticas. Ela é membro do grupo da BYU chamado Young Embassadors (Jovens Embaixadores) e espera estudar na Harvard Law School (Escola de Direito de Harvard) nos próximos anos.
Sua iniciativa de serviço comunitário é “Reduzir a reincidência por meio da educação artística”, um esforço para tornar a educação artística disponível para os presidiários da Prisão Estadual de Utah. Ela se interessou por esta iniciativa por meio de um amigo em Cornell, cujo pai entrava e saía da prisão, e que teve um forte impacto em sua família.
“Quero trazer música para a prisão, seja por meio de aulas, workshops ou apresentações, para lembrar as pessoas de nossa humanidade compartilhada”, disse ela. “Isso é algo que sempre foi importante para mim.”
Filha de Deus
Ao refletir sobre sua jornada, Sun é grata por seu conhecimento do evangelho e por ser uma “filha de Deus”.
“Sei o quanto isto tem me abençoado e, portanto, quero compartilhar com qualquer pessoa que esteja procurando por essa mesma luz”, disse ela. “Sinto a responsabilidade de representá-Lo em todos os momentos, em todas as coisas e em todos os lugares.”
Ao olhar para o futuro, Sun está animada para servir em qualquer função e quer se concentrar em ajudar “a pessoa certa”.
“Penso que em qualquer sala que eu entro, tem alguém esperando por mim”, disse ela. “Realmente acho que o impacto da Miss Utah não é por ela estar usando uma coroa e uma faixa, mas por ela poder ver as pessoas de uma forma profunda e isso pode mudar a trajetória de suas vidas.”