Na época em que o Presidente David O. McKay anunciou os planos para a construção do Templo de Washington D.C. em 1968, os membros locais da Igreja normalmente eram convidados a doar um terço do custo dos novos edifícios da Igreja em suas regiões. Com um custo projetado de US$ 15 milhões, os membros do novo distrito do templo — que incluía todos os estados americanos a leste do rio Mississippi, partes do leste do Canadá e grande parte da América do Sul — foram convidados a contribuírem com uma quantia de US$ 5 milhões para ajudar a pagar pela construção do edifício.
Um dos 238 mil membros que viviam nessa extensa área geográfica era um estudante de pós-graduação da Universidade Yale, de 29 anos de idade, chamado Jeff Holland. Aqueles “foram anos escassos e poderosos”, recordou ele. Ele e sua esposa, Patricia, tinham dois filhos pequenos. Ela serviu como presidente da Primária e, posteriormente, da Sociedade de Socorro, enquanto ele servia em uma presidência de estaca e dava aulas do Instituto em dois locais. Ele também estava tentando completar quatro anos de estudo para um segundo mestrado e um doutorado em apenas três anos. “Para nós, essa tarefa foi como a travessia do Mar Vermelho”, disse Élder Holland, hoje membro do Quórum dos Doze Apóstolos, em um artigo da revista Ensign nos anos 80.

Os Hollands receberam a estimativa de sua contribuição para a construção do templo, a qual totalizava “seis ou sete meses de [nossas] despesas”, relatou ele recentemente ao Church News. Foi um sacrifício que mudou seus corações e se tornou um momento decisivo em suas vidas.
Devido às suas prioridades espirituais, ele recusou ofertas atraentes de Yale e outras universidades, as quais o teriam lançado em uma carreira promissora nos círculos acadêmicos nacionais. Em vez disso, ele se candidatou ao cargo de diretor de um Instituto em Salt Lake City, iniciando assim uma carreira no Sistema Educacional da Igreja.
Élder Holland foi o primeiro dos atuais apóstolos que, durante os últimos 50 anos, tiveram conexões pessoais com o Templo de Washington D.C., que será rededicado no domingo, dia 14 de agosto.
Duas décadas antes do templo ser construído, Dr. Russell M. Nelson chegou a Washington, D.C., quando a Guerra da Coreia teve início, para cumprir um serviço de dois anos no Centro Médico do Exército Walter Reed. Na época, J. Willard Marriott, presidente da Estaca Washington e proprietário de restaurantes, ficou impressionado com o jovem tenente e o chamou para servir no bispado da Ala Washington.
“Lá estava eu, servindo como conselheiro no bispado aos 27 anos de idade, verdadeiramente um ninguém, e ele se esforçou para fazer amizade comigo e me ensinar”, disse Presidente Nelson. Mais tarde, em uma carta a Bill, filho do presidente Marriott, Presidente Nelson expressou a seguinte conclusão: “[Seu pai] foi quem nos deu a oportunidade, assim como o incentivo e o exemplo, de buscarmos primeiro o reino de Deus, com a certeza de que todas as outras coisas seriam devidamente cuidadas.”
O então tenente Nelson não poderia ter imaginado que assistiria à dedicação do Templo de Washington duas décadas mais tarde, em 1974, como médico pessoal de Élder Hugh B. Brown, do Quórum dos Doze Apóstolos.
Élder Brown que, como conselheiro na Primeira Presidência com o Presidente McKay desde 1961, se reuniu em conselho com o Profeta e o Quórum dos Doze por mais de uma década, para discutirem a respeito da construção do primeiro templo norte-americano moderno, a leste do rio Mississippi.
Porém, quando chegou a hora da dedicação, para a qual Presidente Spencer W. Kimball havia convidado todas as autoridades gerais e suas respectivas esposas, o Profeta achou que a viagem seria muito arriscada para o enfermo Apóstolo. No entanto, quando Élder Brown disse que faria a viagem com Dr. Nelson, Presidente Kimball concordou. Este era o mesmo médico que havia salvado a vida de Presidente Kimball com uma cirurgia de peito aberto, apenas dois anos antes.
Na manhã da primeira sessão dedicatória, Dr. Nelson visitou o quarto de hotel de Élder Brown para ajudá-lo a se preparar. Embora Dr. Nelson tivesse faltado às duas primeiras das dez sessões para cuidar de Élder Gordon Hinckley, que estava febril, ele voltou ao edifício sagrado a tempo para a terceira sessão, quando Élder Brown discursou. A convivência com Élder Brown durante a semana da dedicação do Templo de Washington D.C. foi uma das experiências espirituais mais importantes de sua vida, disse Presidente Nelson mais tarde em uma entrevista.
Outro futuro Apóstolo que foi atraído pelo Templo de Washington naquela época foi o empresário de Salt Lake, M. Russell Ballard. Harold Beecher, tio do Presidente Ballard, estava entre os quatro arquitetos selecionados por Presidente Brown para projetarem o templo. Em uma entrevista em 2021, Presidente Ballard, agora Presidente em Exercício do Quórum dos Doze Apóstolos, chamou seu tio de “um arquiteto muito talentoso” que, com frequência, compartilhava seus sentimentos sobre cada um de seus projetos com seu jovem sobrinho. Mas não havia nenhum projeto mais estimado pelo tio Hal do que o do Templo de Washington, o que deu início à conexão do próprio Presidente Ballard com o edifício sagrado.

Além de Presidente Nelson, o único outro Apóstolo vivo que participou da primeira dedicação do templo foi Élder D. Todd Christofferson. Como um jovem formado em Direito, ele chegou a Washington em 1972, para trabalhar como assistente do juiz federal John J. Sirica. Quando ele havia sido contratado no outono anterior, escândalo de Watergate ainda não havia ocorrido. “Nenhum de nós, obviamente, esperava que esse seria o assunto do meu tempo com ele”, recordou Élder Christofferson. Sirica se tornou famoso por presidir os julgamentos resultantes do caso e que, por fim, levaram à renúncia do então presidente Richard M. Nixon, em 1974.
O jovem assistente jurídico, que estava sendo arrastado pela correnteza da história política dos Estados Unidos, servia como líder da obra missionária da ala em um subúrbio de Washington, onde seu foco era maximizar as poderosas oportunidades de proselitismo, oferecidas pelo período de visitação pública do Templo de Washington. Ele hospedou missionários de tempo integral em sua casa durante o período de visitação pública. Esse serviço ao Senhor foi o alicerce de Élder Christofferson, ao mesmo tempo que a nação estava sendo dividida pela crise constitucional que o caso Watergate apresentava.

Dois anos após o templo ser dedicado, Élder Christofferson foi chamado para servir como bispo, quando o templo passou a ser uma influência estabilizadora ainda mais poderosa e pessoal para ele. “Para mim, estar no templo com frequência era muito importante”, relatou ele em uma entrevista no início deste ano. “Eu precisava da renovação, energia e paz encontradas no templo, quando realmente sentia o peso do mundo sobre meus ombros como bispo. Portanto, o Templo de Washington D.C. foi, entre outras coisas, meu lugar de refúgio sagrado.”
O mesmo pode ser dito a respeito de Dr. Dale G. Renlund, que mudou sua família para Baltimore, Maryland, em 1980, para uma residência médica na prestigiosa Faculdade de Medicina Johns Hopkins. Três anos após o início desta exigente carreira, enquanto sua esposa, Ruth, estava sendo submetida a tratamentos contra um câncer, Élder Renlund, agora membro do Quórum dos Doze Apóstolos, foi chamado para ser o bispo da Ala Baltimore, na periferia da cidade. Ele também encontrou consolo pessoal e ânimo no Templo de Washington, especialmente durante seus três anos como um jovem bispo.
Mais ou menos na mesma época, em 1985, Gerrit W. Gong, de 32 anos de idade, se mudou para Washington para servir como assistente especial do subsecretário do Estado. Exceto por dois anos em Pequim, como assistente do embaixador dos Estados Unidos na China, Élder Gong, agora membro do Quórum dos Doze Apóstolos, e sua família permaneceram na capital até 2002, à medida que ele assumia uma série de cargos governamentais e privados. O Templo de Washington D.C. foi o templo da família Gong, mas nunca tanto quanto quando ele serviu como bispo da Ala McLean (Virgínia), de 1993 a 1998.
Em 1997, o templo permanecia aberto 24 horas por dia, desde as manhãs de quinta-feira até as noites de sábado. A única maneira de continuar o trabalho durante tantas horas por dia era chamar membros da presidência da estaca e dos bispados das alas para servirem como oficiantes restritos, o que significava que eles estavam de plantão para dirigir as sessões, conforme necessário. Apesar de seu chamado que exigia muito de seu tempo, sua carreira e vida pessoal, o bispo Gong serviu fielmente no templo como oficiante, às vezes durante as primeiras horas da manhã.

Élder Dallin H. Oaks, atualmente primeiro conselheiro na Primeira Presidência, foi convidado a dedicar a nova estátua do Christus no Centro de Visitantes do templo em 1988.
Não por acaso, como apóstolos relativamente novos, Élder Nelson e Élder Oaks foram encarregados de abrir as nações do mundo para a obra missionária, e ambos perceberam que o Templo de Washington D.C. e o Centro de Visitantes poderiam ser recursos vitais para esse trabalho.
Na verdade, como Spencer J. Condie, um dos biógrafos do Presidente Nelson, observou: “Poucas vezes, desde a restauração da Igreja em 1830, as portas de tantas nações foram abertas para a pregação do evangelho em tão pouco tempo, como foi o caso do período de 1985 a 1991 (durante o qual o Muro de Berlim caiu)”. Foi uma época em que Élder Nelson fez mais de 30 viagens à Europa para abrir essas portas, mas primeiramente, ele desenvolvia um relacionamento com os embaixadores de cada país em Washington antes de se encontrar com seus líderes nacionais na Europa Oriental.
Todos os embaixadores visitaram e ficaram impressionados com o belo edifício do templo ao longo da Capital Beltway [Anel viário da Capital], a rodovia que circunda Washington, e aceitaram convites para almoços de confraternização no Centro de Visitantes. Posteriormente, surgiu a inspiração de incluir a participação dos embaixadores no Festival das Luzes anual. Então, a cada ano, um deles era convidado a coapresentar o festival e acender as luzes na primeira noite do evento. Desta forma, os líderes seniores da Igreja puderam se conectar com vários representantes do mundo, enquanto desfrutavam das benevolentes luzes de Natal e da influência inspiradora do templo.
O primeiro Apóstolo a fazer isso foi Élder Nelson, em 1989. Dois anos mais tarde, Élder Ballard apresentou o festival com o embaixador da Espanha. No ano seguinte, Élder Oaks acendeu as belas luzes com o embaixador de Camarões. Élder Oaks também acompanhou o embaixador da Jordânia, um muçulmano, em 2000; Élder Neil L. Andersen, que servia como membro da Presidência dos Setenta na época, apresentou o evento com o embaixador da Índia (2008); Élder Nelson apresentou o evento mais uma vez com o embaixador da Ucrânia (2012); Élder Christofferson acompanhou o embaixador da Suíça (2013); Élder Gary E. Stevenson fez a apresentação com o embaixador do Japão (2016); Élder David A. Bednar com o embaixador da República da África do Sul (2017); Élder Holland com o embaixador do Paraguai (2018); e, antes do surto da pandemia de COVID-19, Élder Ronald A. Rasband acompanhou o embaixador muçulmano de Omã (2019).

Quando chegou a hora do período de visitação pública do Templo de Washington D.C. este ano, seis Apóstolos participaram daquilo que provou ser uma poderosa oportunidade missionária e de relações públicas para a Igreja, incluindo um dia especial com visitas privadas para embaixadores.
Éder Bednar e Élder Christofferson foram os primeiros, os quais conduziram uma visita exclusiva para um correspondente do programa “Sunday Morning News” da rede de televisão CBS, que foi ao ar no domingo de Páscoa. No dia seguinte, Élder Bednar e Élder Gong realizaram coletivas de imprensa e entrevistas, e depois conduziram visitas privadas para dignitários durante toda a semana. Durante uma dessas entrevistas, Élder Bednar mencionou que o Templo de Washington também havia sido “seu” templo quando ele era jovem e cursava pós-graduação na Universidade Purdue, em Indiana.
Élder Quentin L. Cook, membro do Quórum dos Doze e ex-advogado, participou durante a semana da visitação de convidados especiais, conduzindo tours para juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos, e outros juízes federais e seus funcionários. No início de maio, foi lançado um tour virtual do templo, com a participação de Élder Stevenson e Élder Renlund.
O último evento relacionado à visitação pública com um Apóstolo foi histórico. Élder Bednar foi convidado a discursar no evento National Press Club’s Headliners Luncheon, o qual não apresentava um líder santo dos últimos dias desde Presidente Gordon B. Hinckley, em 2000.
Apesar de reconhecer a beleza majestosa do templo, que pode ser visto acima das árvores sobre uma colina visualmente imponente, o Apóstolo explicou: “Os templos são muito mais do que belos edifícios. Os compromissos que assumimos em nossa adoração no templo nos ajudam a ver além de nossos próprios interesses, egocentrismo e egoísmo. Nosso coração muda e se volta para nosso próximo, à medida que aprendemos sobre o plano de Deus para nosso destino e felicidade eternos. Nosso amor por Deus cresce, à medida que aprendemos sobre o papel redentor de Seu Filho, Jesus Cristo, e nosso desejo de amar e servir nossos irmãos e irmãs aumenta.”
— Dale Van Atta, professor de longa data da Escola Dominical para os jovens na Ala Ashburn (Virgínia), é autor de um livro recém-publicado, The Washington D.C. Temple: Divine by Design [O Templo de Washington D.C.: Divino por Desígnio]
