Com o crescimento da pandemia de COVID-19 por todo o mundo, os líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias voltaram a atenção para a saúde e a segurança dos 67.000 missionários de tempo integral e daqueles a quem eles ensinam e servem.
A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos — em estreita coordenação com as presidências de área, líderes locais, o departamento missionário e um exército de voluntários recebendo informações diretamente deles — se aconselharam e oraram para encontrar soluções.
“Quando decidimos retirar os missionários de certos países, ou enviá-los para outros pela manhã, tivemos que mudar os planos à tarde”, disse o Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos e presidente do Conselho Executivo Missionário da Igreja. “Quando avaliamos as restrições governamentais, ou de outros tipos, impostas com relação às viagens em uma reunião, a situação já havia mudado quando saímos dela.”
Com as informações e as circunstâncias em constante fluxo, os líderes da Igreja e “principalmente a equipe do departamento missionário e nossos preciosos voluntários” tiveram que se adaptar rapidamente, disse ele.
A perspectiva de enviar milhares de missionários de volta aos seus países de origem causou muita tristeza, explicou o Élder Uchtdorf. Todos os envolvidos aprenderam rapidamente que não bastava pensar apenas com a cabeça, mas precisavam pensar também com o coração, e o Senhor expandiu a visão das grandes oportunidades e possibilidades para o trabalho missionário avançar sob estas circunstâncias estressantes.
“Temos que aceitar que há uma lição a ser aprendida com tudo isto”, disse o Élder Uchtdorf.
Saúde e Segurança
Considerando os crescentes riscos à saúde e os países prestes a fechar suas fronteiras, os líderes da Igreja começaram a enviar os missionários de volta às suas nações de origem, onde quer que fosse necessário; cerca de 30.000 missionários estavam realizando essas viagens em um dado momento. Alguns já tinham viajado antes deles e outros mais os seguiriam.
Foi “quase de partir o coração”, disse o Élder Uchtdorf, “porque vimos que estes missionários queriam ficar e sentimos que são necessários lá”.
Durante meses a Igreja vinha acompanhando a progressão da COVID-19. Os líderes perceberam imediatamente que a doença teria “um efeito mundial no trabalho missionário como o conhecemos”, disse o Élder Uchtdorf.
A Igreja tem 67.000 missionários servindo em 399 missões e 10 Centros de Treinamento Missionário no mundo todo. Ainda há missionários servindo, e que continuarão a servir, fora de seus países de origem em alguns locais do mundo — incluindo os Estados Unidos e o Canadá. Isto está ocorrendo em países e missões onde esta é a maneira melhor e mais segura de servir, ou onde as restrições de viagem não permitem que eles voltem. Mas a maioria dos missionários que tiveram que retornar ao país de origem já voltaram. Eles estão continuando o serviço em seu país, foram desobrigados ou estão aguardando redesignação.
O Élder Uchtdorf disse que os líderes da Igreja têm analisado as práticas missionárias — onde o método tradicional de “encontrar” investigadores tem sido limitado por comunidades fechadas, edifícios de apartamentos inacessíveis e mudança de práticas de comunicação social — por muitos anos.
“A COVID-19 acelerou nosso pensamento sobre isto tremendamente e abriu nossos olhos para novas maneiras”, incluindo o uso da tecnologia, disse o Élder Uchtdorf. “O Espírito pode trabalhar maravilhosamente conforme usamos novas e desconhecidas formas de nos comunicarmos uns com os outros.”
Seguir em frente
O Élder Uchtdorf disse que todos os missionários, independentemente de suas circunstâncias, “têm a maravilhosa oportunidade de seguir em frente encontrando, ensinando, batizando e fazendo discípulos”, com o auxílio da tecnologia e das mídias sociais. “O trabalho continua, independentemente de haver uma epidemia ou tudo estar indo bem.”
O evangelho “é uma mensagem de paz e esperança; é uma mensagem de cura e alegria. Usar a tecnologia para compartilhar esta mensagem com a ajuda do Espírito é a oportunidade de nossa época.” A transição do compartilhamento do evangelho pela tecnologia, para o contato pessoal frente a frente, é um passo importante nesse processo e será muito mais fácil quando a pandemia estiver sob controle. Mas o trabalho missionário continuará avançando — apesar da pandemia. “É o cumprimento da grande incumbência dada a nós pelo Salvador, com base nos dois grandes mandamentos de mostrar nosso amor a Deus e a Seus filhos, ministrando a todos.”
As recomendações missionárias continuam chegando à sede da Igreja. Os chamados continuam sendo feitos e as designações também, disse o Élder Uchtdorf.
“Tivemos que aprender e encontrar uma maneira porque queríamos manter os missionários seguros e felizes, e suas famílias também”, disse ele. “Claro, nem sempre é fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo.”
Semelhante às experiências de Samuel Smith — irmão de Joseph Smith e primeiro missionário da Igreja que passou por muitas dificuldades — este é um momento de grande aprendizado para os missionários, suas famílias e àqueles que supervisionam o trabalho missionário, disse o Élder Uchtdorf. Samuel Smith “ficou frustrado quase desde o primeiro até o último dia” de sua missão. Apesar dos maravilhosos sucessos (ele deu um exemplar do Livro de Mórmon que levou ao batismo de Brigham Young e Heber C. Kimball), sua missão foi uma frustração constante. “Agora o reconhecemos como um dos missionários heróis.”
O Élder Uchtdorf mencionou que até o Presidente Gordon B. Hinckley — quando era um jovem missionário com dificuldades na Inglaterra — teve que aprender com seu pai a necessidade de “esquecer-se de si mesmo e trabalhar”.
“Isto era verdade na época dele e continua sendo agora”, disse o Élder Uchtdorf.
Desobrigações antecipadas
A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos oram e se preocupam profundamente com missionários de tempo integral da Igreja, disse o Élder Uchtdorf. As decisões que impactam este grupo são tomadas somente após os líderes seniores terem procurado e recebido inspiração e orientação.
Falando aos missionários cujas missões foram interrompidas, o Élder Uchtdorf enfatizou dois pontos-chave no serviço missionário — a decisão de servir uma missão e a aceitação do chamado missionário feito pelo profeta de Deus.
“Muitos de nossos missionários se prepararam desde a infância para servirem missão. Eles decidiram por livre e espontânea vontade e queriam ir. E então, aceitaram o chamado do profeta de Deus para servirem como discípulos de Jesus Cristo, como representantes do Salvador, para onde quer que o Senhor os designasse e por quanto tempo fosse.”
Houve outras vezes na história em que os missionários tiveram desobrigações inesperadas — devido a problemas de saúde, acidentes, guerra ou outras circunstâncias, acrescentou o Élder Uchtdorf. “Os pontos-chave são a decisão de ir e a decisão de aceitar.”
Tudo o que acontece depois disso é muitas vezes influenciado por circunstâncias que são alheias às decisões do missionário, acrescentou. “Vocês se prepararam, aceitaram o chamado e deram seu melhor. Isso é o que conta. É o que faz a diferença. É o que faz de vocês missionários.”
O Senhor, ele prometeu, aceita os sacrifícios e o serviço de cada missionário que tenha servido de todo o coração, poder e força, mesmo que tenha que ser desobrigado antes do previsto. “Sejam os melhores missionários que puderem ser agora, e façam o melhor com o tempo que têm de agora em diante”, disse ele. “E lembrem-se de que serão missionários pelo resto da vida.”
O Élder Uchtdorf disse que há muitas coisas que os pais dos missionários também podem aprender neste processo. “Às vezes temos que deixar nossos filhos ou filhas irem e encontrarem o próprio caminho … Deem-lhes coragem e confiem que são filhos e filhas do Pai Celestial e farão as coisas certas.”
Ele continuou: “Em seus telefonemas, e-mails ou cartas, fortaleçam a fé que seus missionários têm. Procurem ajudá-los a se concentrarem nas coisas que eles podem influenciar e a não se distraírem ou se sentirem desencorajados por coisas que eles não podem mudar. Perguntem sobre suas experiências espirituais durante estes tempos desafiadores e ouçam. Compartilhem seu próprio testemunho de como sua vida é abençoada por causa do serviço que eles realizam como missionários.”
Todos os missionários precisam desse tipo de apoio, disse ele. “Ajudará muito o missionário a crescer na espiritualidade e a se tornar mais maduro, mas também ajudará as famílias a se sentirem parte desta obra maravilhosa e um assombro.”
Os presidentes de missão e suas respectivas esposas são sempre uma fonte maravilhosa de força e direção para os missionários, mas principalmente durante este momento especial, disse o Élder Uchtdorf. “É incrível como os líderes das missões são criativos fortalecendo e motivando os missionários, mesmo que eles não sejam capazes de vê-los pessoalmente com tanta frequência. É incrível.”
Tempos desafiadores
O Élder Uchtdorf disse que a resposta para os desafios futuros é o evangelho de Jesus Cristo. Por causa disso, o trabalho missionário para a Igreja tem um futuro brilhante.
Os membros da Igreja de Jesus Cristo — assim como toda a humanidade — continuarão a enfrentar tempos desafiadores, disse o Élder Uchtdorf. Eles serão diferentes para cada pessoa, em cada local e em cada circunstância.
Ainda assim, como santos dos últimos dias, “estamos vivendo em uma época na qual precisamos aprender” e encontrar novas abordagens para compartilhar e proclamar o evangelho de maneiras mais criativas e produtivas, acrescentou.
Os membros estão se conectando “agora mesmo” por meio da tecnologia. Os missionários também. “Temos que usar a criatividade, o coração, a mente, as experiências e o enorme potencial de nos reunirmos em conselho.”
A Igreja e seus membros ainda compartilharão as verdades de Deus com Seus filhos, enfatizou. Assim como o Apóstolo Paulo viajou de barco, e os missionários séculos mais tarde viajaram de avião, os missionários do amanhã poderão se conectar com outros por meio de muitas maneiras diferentes e frequentemente novas.
“Continuamos aprendendo a melhorar o trabalho missionário de agora e para o futuro”, disse o Élder Uchtdorf. “O Senhor prometeu ‘apressar Sua obra’ para a bênção de todos os filhos de Deus. Sinto que estamos bem no meio deste processo enquanto vivemos este momento desafiador. Nossos preciosos missionários são os pioneiros de nossos dias e estão abrindo o caminho para o compartilhamento da mensagem do evangelho de novas maneiras, adequadas às nossas circunstâncias, para que a Igreja de Jesus Cristo continue a seguir adiante até encher toda a terra.”