Nota do editor: Esta é a sexta parte de uma série de conselhos de membros do Quórum dos Doze Apóstolos durante o surto de COVID-19. Leia os conselhos do Presidente M. Russell Ballard, Élder Jeffrey R. Holland, Élder Dieter F. Uchtdorf, Élder David A. Bednar e Élder Quentin L. Cook.
A pandemia de COVID-19 criou “uma ótima temporada de oportunidades” para os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias “contemplarem o sentimento de pertencer”, disse o Élder D. Todd Christofferson.
Agora é um momento que requer “uma consciência constante do bem-estar daqueles ao seu redor”, disse o membro do Quórum dos Doze Apóstolos.
Isto inclui especialmente aqueles que são solteiros ou que não estão conectados com sua família na forma tradicional para sustê-los neste período de doenças e mortes, economias estagnadas e rotinas diárias alteradas.
Em uma entrevista concedida ao Church News por videoconferência, semanas depois que a Primeira Presidência suspendeu as reuniões, fechou templos e enviou milhares de missionários de volta a seus países de origem, em resposta à pandemia de COVID-19, Élder Christofferson refletiu sobre aqueles que lidam com os desafios atuais.
“Há muito que podemos fazer uns pelos outros”, disse ele.
Conforme a raça humana lida com o distanciamento social, as restrições de viagem e a incerteza do acesso às necessidades da vida e à segurança financeira, indivíduos e famílias no mundo todo compartilham preocupações semelhantes com a segurança e o bem-estar, disse. “Todos nos perguntamos: ‘Terei o que preciso? … Terei acesso a cuidados médicos, se precisar?”
E os adultos solteiros enfrentam ainda mais desafios, disse.
No contexto da Igreja, eles podem ter menos acesso às bênçãos do sacerdócio e às ordenanças, particularmente o sacramento. E eles têm “um desafio maior ao lidar com o isolamento”, acrescentou.
“Diante de tudo isso, temos que ser mais compreensivos ao isolamento e aos outros desafios que os adultos solteiros enfrentam, mais do que a maioria de nós — principalmente as mães ou os pais que criam filhos sozinhos, com tantas responsabilidades. Cabe a nós dar um pouco mais de atenção, criando um senso de inclusão e sendo atenciosos sobre a ajuda de que podem precisar.”
Senso de pertencimento
A organização da Igreja do Senhor providenciou a Sociedade de Socorro e os quóruns do sacerdócio para cuidarem uns dos outros — nos momentos bons e nos ruins, explicou o Élder Christofferson.
“Considere o que significa ter o sentimento de pertencer, como ele é. Há muito que podemos fazer uns pelos outros se tivermos um senso de pertencimento, de fraternidade e de irmandade.”
Momentos desafiadores como estes criam oportunidades específicas, quando a Sociedade de Socorro e os quóruns do sacerdócio “podem se voltar aos seus membros e prover aquilo que estão especificamente organizados a fazer”.
Apesar do distanciamento social, os quóruns e a Sociedade de Socorro devem procurar ter “interações criativas” para ajudar seus membros — incluindo os solteiros — a terem esse senso de pertencimento.
A revelação pessoal pode guiar tais interações, acrescentou.
Citando o discurso feito pelo Presidente Russell M. Nelson na manhã de domingo da última Conferência Geral, o Élder Christofferson disse que os esforços precisam ser “cada vez mais intencionais”.
“O Presidente Nelson disse: ‘Reitero meu apelo a vocês para que façam tudo o que estiver a seu alcance para ampliar sua capacidade espiritual de receber revelação pessoal’. Isto é poderoso.”
Quando o Senhor descreve a lei da consagração, Ele fala sobre “Todo homem procurando os interesses de seu próximo” (Doutrina e Convênios 82:19), disse o Élder Christofferson. “Esta é a filosofia subjacente ou a sensação de que deve haver em um quórum, uma Sociedade de Socorro e uma família.”
A “consciência constante do bem-estar do próximo” representa “ir à Sião ou estabelecê-la”.
Isto não segue as tendências culturais do mundo de hoje, onde há uma tendência natural de agir com egoísmo e questionar: “E eu? E minhas necessidades? Como serei feliz?”, disse o Élder Christofferson.
Ser altruísta é o conceito por trás da ministração, “que é mais elevado e mais santo do que simplesmente cumprir uma tarefa ou riscar uma visita feita de uma lista”.
Ele pediu aos santos dos últimos dias que “nos voltemos um pouco mais uns aos outros e ao bem-estar comum”.
Embora os líderes possam oferecer algumas oportunidades para isso, também tem que “ser algo genuíno, feito sem que alguém precise nos dar uma designação”, acrescentou.
“É uma forma natural de viver e pensar. É uma questão de aumentar a consciência de uns para com os outros.”
Os desafios da solidão
O Élder Christofferson disse que ficarmos sozinhos de modo forçado pode levar à solidão e talvez gere consequências negativas para a saúde física e mental.
O apóstolo oferece o seguinte conselho para os adultos solteiros que se perguntam como lidar com os desafios da solidão:
Servir: Gestos altruístas podem diminuir o isolamento, disse. Busquem oportunidades na comunidade, algumas das quais podem ser encontradas no site patrocinado pela Igreja JustServe.org. “Encontrem uma maneira de contribuir. Procurem uma chance de ajudar e de ser gentil.”
Há coisas que podem ser feitas online ou há maneiras de usar máscaras, luvas e outros equipamentos de proteção e oferecer um serviço comunitário, explicou. Muitos na comunidade de Utah, por exemplo, estão participando do Project Protect (Projeto Proteger) e costurando máscaras para prestadores de cuidados médicos locais que estão na linha de frente.
Trabalhar: “Se têm a oportunidade de trabalhar em casa, façam isso.” Se o trabalho não for uma opção agora, “planejem maneiras de promover sua carreira”. Talvez fazendo cursos online.
“Uma vez que os estabelecimentos reabrirem, vocês serão gratos por terem tido tempo, enquanto o tinham, para analisar as opções de carreira e seu crescimento. Só porque as coisas estão suspensas no momento, não significa que não podemos nos preparar para o que poderá acontecer no futuro.”
Interagir. Liguem para alguém, disse. Encontrem maneiras de “interagirem como seres humanos, como irmãos e irmãs”.
“Simplesmente deem um telefonema e conversem. Não precisam de uma mensagem ou pedido específico, apenas conversem”, disse.
Agora é um momento que requer “uma consciência constante no bem-estar daqueles ao seu redor”.
Cumpram a tarefa de servir como irmão ou irmã ministradora. Organizem um grupo de estudo online ou encontrem um do qual possam participar. Sejam criativos. “Encontrem coisas edificantes e divertidas.”
Busquem oportunidades para realizar o trabalho missionário e de história da família: Nas circunstâncias atuais, alguns podem estar um pouco mais abertos a pensar sobre religião do que no passado, disse. Compartilhem o evangelho com essas pessoas. Ajudem os missionários de tempo integral a encontrarem aqueles que possam ensinar. Aproveitem o tempo extra para aprender sobre história da família e ensinar outras pessoas a fazê-la.
Leiam: “Acho que todos têm uma lista de livros que querem ler e ainda não conseguiram”, disse, observando que gosta de biografias.
Procurem coisas enobrecedoras e que alimentem a alma. “Um pouco de entretenimento para animar as coisas também é muito bom.”
Façam exercícios: “Isto é algo que recomendaria a qualquer um, mas especialmente a alguém que está isolado. Caminhe, do lado de dentro ou de fora.”
Desenvolver a espiritualidade: Este é um momento chave para o desenvolvimento espiritual pessoal, para “se banquetear nas palavras de Cristo”, disse o Élder Christofferson.
“Temos um pouco mais de silêncio”, disse. “Este é o momento de aprender a ‘ouvir o Senhor’.”
O profeta pediu aos santos dos últimos dias que desenvolvessem maior capacidade de reconhecer e receber revelações pessoais.
“É preciso disciplina — e intenção. Assumam a responsabilidade pessoal por isso. Como Brigham Young disse, podemos ser ‘como barro na mão do oleiro’.”
Perseverar: Para aqueles esperando para receber o sacramento, ir ao templo ou se reunir frequentemente com outros, o Élder Christofferson prometeu que as situações atuais mudarão. “Não ficaremos sem essas coisas para sempre”, disse.
‘Nenhum de nós está esquecido’
Durante a epidemia global de gripe de 1918, George Goates era um fazendeiro que cultivava beterrabas na cidade de Lehi, em Utah, disse o Élder Christofferson. Quando George começou uma colheita lenta e difícil, a gripe ceifou a vida de quatro membros de sua família em seis dias. No final do terrível interlúdio da construção de caixões, ele voltou para o campo de beterrabas — passando pelos campos de seu vizinho que já haviam sido colhidas.
No caminho para seu campo, ele viu vários vagões carregados de beterraba sendo transportadas para a fábrica, conduzidos por agricultores circunvizinhos. Foi só quando George chegou aos seus campos, vendo-os então colhidos, que ele soube que as beterrabas eram dele.
Enquanto chorava, “ele olhou para o céu e disse: ‘Obrigado, Pai, pelos élderes de nossa ala’.”
Todos os membros da Igreja do Senhor devem sentir que há muitas pessoas apoiando e conscientes dele ou dela, mesmo em assuntos imprevistos, disse o Élder Christofferson.
Às vezes, os santos dos últimos dias solteiros sentem que “não têm ninguém com quem contar”.
Mas para o Senhor, “nenhum de nós está esquecido”, acrescentou.
“Ninguém pode dizer: ‘O Senhor não está cuidando de mim’. … Ninguém pode dizer isto.”
O Élder Christofferson se lembrou de um momento na vida em que um desafio contínuo durante um longo período fez com que se focasse no Senhor.
A pandemia atual — ou qualquer outra dificuldade — pode fazer com que “nos voltemos mais a Ele”, disse o apóstolo.
Em troca, o Senhor prometeu paz a Seus filhos. “Vocês não sabem como isto se dará, o que vai acontecer ou como farão isto, mas será cumprido. E podem ficar em paz.”
Alma, falando a seu filho Helamã, disse: “Porque sei que aqueles que confiarem em Deus serão auxiliados em suas tribulações e em suas dificuldades e em suas aflições; e serão elevados no último dia” (Alma 36:3).
O Élder Christofferson disse que estas promessas também se aplicam “ao aqui e agora”.
Esta também é a mensagem dele. “Deus irá apoiá-los se vocês se voltarem a Ele. Ninguém está excluído desta promessa.”
Isso sustentará os santos dos últimos dias nesta grande época de oportunidades, pois estão conscientes dos outros e fazem uma colheita de almas, incluindo a própria. Ministrar ao lado do Salvador — e à Sua maneira — “ajudará a trazer todos, incluindo os solitários, com segurança”.