A Universidade Brigham Young “deve edificar a fé em Jesus Cristo e em Sua Igreja de uma maneira poderosa”, disse Élder Quentin L. Cook antes de desafiar professores e funcionários da BYU — individualmente e como universidade — a “enfrentarem os ventos predominantes de incredulidade e divisão”.
“Vocês saberão melhor, em seus próprios campos e em suas próprias esferas, como aplicar este conselho e permanecer como um farol de crença e união em um mundo que muitas vezes desvaloriza ambos”, disse ele em uma mensagem pré-gravada transmitida durante a conferência da universidade anual da BYU, no dia 24 de agosto. “A BYU precisa elevar a visão de todos.”
Élder Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, tirou o título de seu discurso de Doutrina e Convênios 64:33: “Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o alicerce de uma grande obra.”
Enfatizando que os esforços na BYU devem ser impulsionados por “um foco como um raio laser em nossa responsabilidade de ajudar a edificar a fé”, Élder Cook destacou três das muitas estratégias do adversário para destruir a fé.
“Primeiro, o adversário constantemente lança obstáculos à fé”, disse ele. “Em segundo lugar, ele cria visões alternativas e sedutoras, com base na sabedoria do mundo e que serão vistas favoravelmente por muitos que são bem educados. Em terceiro lugar, ele tenta confundir os fiéis e adeptos quanto ao que devem fazer e ao que devem dizer.”
Ao longo da história, sempre houve desafios à fé, disse Élder Cook.
“Algumas pessoas são desrespeitosas, altamente críticas ou depreciativas para com os líderes anteriores, sejam governamentais, da classe acadêmica ou líderes religiosos, incluindo os nossos”, disse ele.
Citando Matt Grow, diretor geral de História da Igreja, Élder Cook advertiu: “Tenham cuidado com fontes de informação que buscam difamar as pessoas. Em vez disso, procurem fontes de informação que tenham como base os registros deixados pelas próprias pessoas e que buscam ser justos com elas.”
Élder Cook disse aos educadores que eles podem edificar a fé sendo “particularmente sensíveis ao criarem unidade e sendo gratos pela diversidade.” Isto pode ser feito seguindo o conselho do Presidente Russell M. Nelson, que nos pediu “para construir[mos] pontes de cooperação em vez de muros de segregação”, disse ele.
Sempre foi difícil para as instituições e seus líderes saberem lidar com as críticas, continuou.
Élder Cook, que serviu missão na Inglaterra de 1960 a 1962, usou a literatura britânica para ilustrar a caracterização, tanto de críticos como de defensores da fé. Na cidade fictícia da catedral de Barchester, criada pelo autor britânico Anthony Trollope e que aparece em seis romances, líderes religiosos locais respondem de forma diferente às acusações de um crítico da igreja e de um jornal. Um advogado renomado é contratado para defender vigorosamente a Igreja, focando em tecnicalidades sem julgar pelo mérito. Um segundo “homem com uma mente generosa e justa” — descrito como tendo “persistentes ataques de cristianismo” — examina o caso como um verdadeiro cristão, com a intenção de ser “moral e certo com o Senhor”.
Élder Cook disse que uma das razões pelas quais ele gosta do segundo personagem é porque a abordagem cristã ajuda a explicar por que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias lida com a crítica da maneira como faz. “Estamos certamente entre os menos agressivos ao nos defendermos de críticas obviamente falsas e/ou injustas”, disse ele.
Por exemplo, em vez de organizar um protesto ou boicotar o Musical Livro de Mórmon por seu retrato injusto da fé e dos missionários santos dos últimos dias, a Igreja comprou anúncios com o cartaz da produção, que simplesmente dizia: “Você viu a peça… Agora leia o livro.”
“Talvez ‘persistentes ataques de cristianismo’, um desejo sincero de serem verdadeiros cristãos e uma determinação para virarem a outra face, são as únicas respostas plausíveis para meus amigos que levantam esta questão”, disse ele.
No entanto, continuou o Élder Cook, haverá algumas ocasiões em que os santos dos últimos dias precisarão falar publicamente para protegerem a fé.
“Um objetivo principal para mim hoje é incentivá-los em seus esforços para abençoarem e guiarem a nova geração, corrigirem a falsidade e as questões fora de contexto, de forma amorosa e gentil”, disse ele.
O relato de Trollope ilustra que estes tipos de questões têm estado presentes por um longo período de tempo e contra todas as crenças, disse ele.
Élder Cook disse que aqueles que criticam a Igreja e seus líderes, muitas vezes baseiam suas críticas em palavras ou ações que estão fora de contexto. “Raramente a visão geral é considerada”, disse ele, observando que a Igreja tem feito muito nos últimos anos para promover a compreensão de temas potencialmente difíceis no contexto da visão geral, incluindo a publicação da história narrativa “Santos”, o projeto “Documentos de Joseph Smith” e os Textos sobre os Tópicos do Evangelho.
Élder Cook falou de algumas questões em que a história da Igreja é ignorada ou deturpada por críticos. “Entender os momentos em que fomos marginalizados e perseguidos deve nos dar coragem para ficarmos ao lado dos marginalizados hoje…”, disse ele. “Além disso, reconhecermos quando falhamos deve criar mais desejo para fazermos o nosso melhor hoje.”
Por exemplo, no início da década de 1830, quando os santos dos últimos dias se mudaram para o Condado de Jackson, Missouri, para estabelecerem Sião, a oposição surgiu de outros colonos, baseados em diversas questões — incluindo as empáticas opiniões dos santos em relação aos nativos americanos e a reprovação dos santos à escravidão.
Os santos foram violentamente expulsos do Condado de Jackson no final daquele ano, e novamente de Nauvoo, uma década depois.
“Brigham Young – o profeta de Deus cujo nome foi dado a esta universidade – liderou os santos durante um período tumultuado e difícil de mais de três décadas. Ele era um gênio prático e organizacional …. Mas mais do que isso, ele era um líder profundamente espiritual, que testificou corajosamente sobre a vida e missão de Jesus Cristo, que se preocupava profundamente com o bem-estar espiritual e físico dos santos dos últimos dias, e que enviou missionários para o mundo todo.
“Brigham Young também disse coisas sobre a raça que estão aquém dos nossos padrões atuais. Algumas de suas crenças e palavras refletiram a cultura de seu tempo. Durante esse período, Brigham também ensinou, no que diz respeito à raça: ‘De um sangue, Deus fez toda a carne’. ‘Não nos importamos com a cor’”.
Élder Cook disse que Brigham Young também expressou admiração pelos nativos americanos. “Ele disse que tinham entre eles ‘espíritos tão nobres quanto há sobre a terra.’”
O Élder Cook compartilhou então suas próprias experiências com questões de raça, incluindo uma poderosa lição de seu presidente de missão, Marion D. Hanks, que pediu a seus missionários para lerem e estudarem o Livro de Mórmon. Quando leram 2 Néfi 5:21, descrevendo o “escurecimento da pele” associado a serem expulsos da presença do Senhor aproximadamente 600 anos antes do nascimento de Cristo, o presidente Hanks foi categórico ao afirmar que a frase “era relacionada apenas àquelas pessoas durante aquele período de tempo.”
O presidente Hanks fez com que os missionários abrissem imediatamente 2 Néfi 26:33 — “e não repudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagãos; e todos são iguais perante Deus, tanto judeus como gentios.”
“Esta era nossa doutrina na época, e esta é nossa doutrina agora”, disse Élder Cook. “O presidente Hanks deixou claro que se alguém tivesse sentimentos de superioridade racial, precisava se arrepender.”
Tendo servido na liderança local e depois geral da Igreja desde 1975, Élder Cook disse que “nunca ouviu qualquer comentário racialmente depreciativo de um único líder da Igreja. O que ouvi foi amor, bondade e respeito pelos povos de todas as raças e de todas as culturas.”
Em contraste com o movimento pelos direitos civis da década de 1960, quando os líderes foram motivados por sua devoção ao cristianismo, vários movimentos hoje se opõem profundamente à religião e às pessoas de fé, disse Élder Cook. “Isto não diminui as razões religiosas e seculares para o tratamento igualitário de todos os filhos de Deus que ressoa comigo até as profundezas de minha alma. No entanto, estou preocupado quando grande parte da discussão é um ataque à fé e à crença, muitas vezes modificando e distorcendo nossa história. …
“Todos apoiamos esforços pacíficos para superar a injustiça racial e social. Isto precisa ser feito. Minha preocupação é que alguns também estão tentando subverter a Constituição e a Declaração dos Direitos Humanos dos EUA, que têm abençoado este país e protegido pessoas de todas as crenças. Precisamos proteger a liberdade religiosa.”
Élder Cook desafiou então o corpo docente e os funcionários da BYU a “edificarem e abençoarem” os alunos que frequentam a Universidade Brigham Young. Parafraseando e adaptando uma citação de Winston Churchill, Élder Cook pediu aos educadores que “acendam faróis espirituais que queimam intensamente na vida dos alunos, e soem um trompete doutrinário que ecoará no coração e na mente deles ao longo de sua vida.
Se fizerem isto para todos os jovens que frequentam esta grande universidade, haverá uma forte base de fé, serviço e justiça que abençoará a Igreja e o mundo.”