BOLONHA, Itália — Na manhã de segunda-feira, 13 de setembro, Élder Ronald A. Rasband percorreu a Via dell’Indipendenza, em Bolonha, Itália, passando pela famosa obra de arte de 450 anos, a Fonte de Netuno, em direção a um palácio medieval.
Lá, declarou para o Fórum Inter-religioso do G20 que os cinco billhões de pessoas religiosas no mundo precisam se unir contra a perseguição religiosa e a favor da liberdade de religião.
Este é o quarto ano consecutivo que um apóstolo fala no Fórum Inter-religioso do G20, que reúne uma combinação extraordinária de líderes religiosos, autoridades governamentais e redes humanitárias, preparadas para responder a problemas globais e fomentar compreensão.
Os membros do G20, ou Grupo dos 20, representam a União Europeia e 19 das nações mais desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo.
“Minha designação para estar hoje aqui foi dada pela Primeira Presidência da Igreja”, disse Élder Rasband. “Isso demonstra que a liberdade religiosa é levada muito a sério pelos líderes da Igreja.”
Élder Rasband aproveitou seu tempo no fórum para estabelecer novas relações para a Igreja ou fortalecer as já existentes com líderes do Sudão, Azerbaijão, Etiópia, a Igreja Ortodoxa Grega, Religiões para a Paz Internacional, e o Centro Internacional de Diálogo Intercultural e Inter-religioso. Nas reuniões, ele foi acompanhado pelo Élder Jack N. Gerard, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Comunicação da Igreja, e pela irmã Sharon Eubank, presidente dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias [site em inglês] e primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro.
Presidente Russell M. Nelson, ou iniciou ou fortaleceu, muitas dessas relações ao se reunir com líderes que visitam Salt Lake City, disse Élder Rasband. Outras relações iniciaram ou foram nutridas quando líderes da Igreja visitaram outros países.
“Nosso papel aqui foi aprofundá-las e elas continuarão a crescer por muitos anos daqui para frente”, ele disse, observando que o trabalho conjunto gera força.
“Acreditamos nisso ao ponto de que podemos agora ser mais que apenas uma voz, e os católicos podem ser mais que apenas uma voz, e os ortodoxos gregos podem ser mais que apenas uma voz, e que nós agora podemos ser um coro”, ele disse. “Ao invés de sermos solistas em diferentes partes do mundo, podemos ser um coro e deixar de lado nossas diferenças de princípios. Certamente temos nossas diferenças, mas há algumas coisas que estamos plenamente de acordo e é nisso que vamos nos concentrar junto com outros.”
Élder Rasband falou em uma sessão sobre liberdade religiosa para religiões minoritárias. Ele compartilhou a história da Igreja como uma minoria perseguida cujos membros foram “mortos, assaltados, desrespeitados e escorraçados por milhares de quilômetros.” Ele falou especificamente sobre a ordem de extermínio, expedida pelo governador de Missouri na década de 1830.
“Sim, senhoras e senhores, uma ordem de extermínio nos Estados Unidos da America”, ele disse, extraindo suspiros audíveis dos participantes internacionais no Palazzo Re Enzo, um edifício de 775 anos, construído com tijolos vermelhos, onde as sessões foram realizadas em grandes corredores, cheios de eco.
“Antes como uma minoria muito perseguida, hoje estendemos a mão em parceria e conexão com outras pessoas ao redor do mundo”, ele continuou. “Assim como a modesta semente de mostarda descrita por Jesus Cristo no Novo Testamento, hoje somos uma árvore com ramos que se estendem como refúgio e ajuda para muitas pessoas.”
Élder Rasband e Élder Gerard participaram do Fórum Inter-religioso do G20 pela primeira vez.
“Acho que é um fórum impressionante porque, com o tempo, estabeleceu credibilidade e estatura”, disse Élder Gerard. “Esperamos que, parte deste grande trabalho com a comunidade inter-religiosa, se torne mais em um componente de discussão parlamentar — ou seja, legisladores, chefes de estado e líderes importantes ao redor do mundo — que percebem que o papel da fé em ajudar, não (será) só nos ajuda a proteger a liberdade de religião, mas também nos dá uma oportunidade de entender quem somos.”
A irmã Eubank participou do fórum pela sétima vez. Ela falou na sessão dedicada às crianças e à fome, em tom alarmante, sobre uma crescente crise de fome mundial.
Em entrevista, ela disse que, embora o fórum tenha crescido quase que anualmente, um outro avanço é de igual importância.
“Nos últimos três anos, o fórum se tornou muito mais acionável”, disse ela. “Eles recomendam ações nas reuniões políticas do G20 e creio que buscamos oportunidades para colaborar.”
Élder Rasband disse que a participação frequente da irmã Eubank, as relações que ela tem estabelecido, assim como a reputação do braço humanitário da Igreja, beneficiaram a delegação da Igreja no fórum inter-religioso.
“Entrávamos em uma reunião e as pessoas se juntavam ao redor da irmã Eubank porque elas a conhecem”, ele disse, “e eles conheciam o bom trabalho que os Serviços de Caridade da Igreja faz, não apenas o fato da irmã Eubank estar lá, mas as ações que têm realizado ao redor do mundo.”
A delegação da Igreja falou sobre os itens de ação em todas as reuniões.
Por exemplo, o grupo deu continuidade a uma reunião que Presidente Nelson realizou este ano, em Salt Lake City, com Nas-Eddin Mofarah, ministro de assuntos religiosos do Sudão. Os dois concordaram em se empenhar em vários projetos através dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, incluindo centros de diálise renal, cuidados neonatais e treinamento de autossuficiência.
“Conhecemos A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e seu grande espírito”, Mofarah disse a Élder Rasband quando se reuniram no dia 12 de setembro, o primeiro dia do fórum inter-religioso.
“Falamos sobre as questões práticas desses projetos no Sudão”, disse o ministro após a reunião, a qual descreveu como proveitosa “pois dá seguimento à cooperação entre a Igreja e nós no Sudão.”
“Sinto-me animado e humilde ao saber que Presidente Nelson está dando seguimento a esses projetos”, adicionou.
O Papa Francisco, o presidente da Eslovênia, o primeiro-ministro do Sri Lanka e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, líder da Igreja Ortodoxa Grega, falaram ou enviaram mensagens para o fórum inter-religioso.
“Uma das forças do cenário inter-religioso do G20 é que ele serve como um lembrete das muitas áreas da vida onde a religião continua a ter um papel fundamental”, disse Cole Durham, professor de Direito da Universidade Brigham Young e presidente da Associação do Fórum Inter-religioso do G20. “Atualmente, em um mundo mais secular (…) há uma tendência de se esquecer, ou esquecer de dar valor, ao incrível papel que a religião tem, geralmente um papel silencioso, invisível e desconhecido, mas vital em promover todos os tipos de bens sociais.”
Após o fórum, Élder Rasband disse que estava grato pela designação recebida da Primeira Presidência, a qual chamou de “prêmio”.
“Sou otimista por natureza”, disse Élder Rasband, “Mas estou muito mais otimista após a visita ao Fórum Inter-relgioso do G20.”