Similaridades e pontos em comum que estão presentes e são encontrados em várias religiões devem ser reconhecidos, celebrados e apreciados, disse o rabino Dr. Meir Y. Soloveichik.
Dr. Soloveichik é o rabino sênior da Congregação Shearith Israel, a mais antiga congregação judaica na América, que foi criada em 1654. Ele é o diretor do Zahava and Moshael Straus Center for Torah and Western Thought [Centro Zahava e Moshael Straus para Estudo Ocidental do Torah – em inglês] na Universidade Yeshiva, bem como o anfitrião do podcast “Jerusalem 365” [em inglês].
Um aspecto-chave que o rabino Soloveichik enfatiza é a importância de se entender o contexto do Velho Testamento. “A maravilha de se estudar a Bíblia hebraica é que você está lendo a história de um povo e essa história continua hoje”, disse ele em uma entrevista recente no podcast do Church News [em inglês].
O rabino Soloveichik explicou que tais escrituras antigas fazem previsões sobre o futuro, coisas que já ocorreram nos dias atuais, e outras que ainda estão por acontecer. Sua relevância torna imperativa a aplicação dos ensinamentos das escrituras hoje.
Por exemplo, o rabino Soloveichik disse que a primeira ideia apresentada no Velho Testamento é que há um Deus que criou o universo. Os seres humanos foram então criados à imagem de Deus, o que significa que somos livres, mas instruídos a “reconhecermos nossas obrigações para com os outros.”
Tais ensinamentos da Bíblia hebraica são desafiados diariamente, disse o rabino Soloveichik, mas esta primeira lição “é aquela que realmente deve guiar cada momento em que vivemos.”
Com base nesta ideia de entender as “obrigações” que os indivíduos têm uns com os outros, o rabino Soloveichik explicou que aqueles de fé, sejam da mesma religião ou não, devem confiar uns nos outros.
“Enquanto grande parte da cultura se tornou hostil ... àquilo que a fé tradicional das pessoas preza, diferentes comunidades religiosas se encontraram”, disse. Para ele, isto significa identificar, tanto as diferenças quanto as semelhanças entre os diversos grupos religiosos, permitindo esta sensação de unificação.
O fator subjacente é a verdade. O rabino Soloveichik disse que este é um elemento fundamental, juntamente com a conexão com as escrituras pois, com mudanças preocupantes ocorrendo na sociedade atual, este sentimento de fraternidade é aquele que ele sente que pode ser celebrado.
O rabino Soloveichik disse que, embora muitos possam estar preocupados com a liberdade religiosa nos dias de hoje, se entende que a liberdade religiosa na América está inserida em áreas fora dos edifícios de igrejas. É uma força motriz que serve de guia em todos os aspectos da vida.
“É nossa fé que nos leva a ajudar aqueles além de nós mesmos e santificar a sociedade além de nós mesmos”, disse o rabino. “E agora, quando vemos ameaças à liberdade religiosa, o que está essencialmente sendo ameaçado é a própria natureza da identidade religiosa e da própria fé.”
Ele sente que a “liberdade de adoração” não é o mesmo que um “exercício religioso livre”, porque a “liberdade de adoração” está restringindo a religião a estar dentro das casas, sinagogas etc., removendo a fé do público. “Isto é realmente o que está em jogo em nossos debates sobre liberdade religiosa hoje na América.”
Religião, para o rabino Soloveichik, não é algo que deve ser praticado apenas dentro de casa, pois isso seria pedir a um indivíduo que deixasse uma parte de si mesmo cada vez que fosse sair, e que este não é apenas um caso para a fé individual, mas também para sustentar a América.
O rabino Soloveichik fez referência ao livro de Alexis de Tocqueville, “Democracia na América”, que ensina que, quando algo precisa acontecer no país, são as associações que realizam as tarefas. “E como ele descreveu, as coisas mais importantes que acontecem na América, aconteceram a uma comunidade de fé”, disse o rabino. “Porque elas são movidas por valores bíblicos para fazerem as coisas acontecer na América.”
A fim de fazer isso, a vida de convênios individuais e comunitários é vital. O rabino Soloveichik disse que é necessário notar que cada pessoa tem algo a oferecer, mas ao mesmo tempo, isto se expressa através da vida continental, que é um objetivo maior fora de si mesmo.
Ele acrescentou que, embora reconheça que o ‘coração’ de todos os convênios é Deus, a resposta para restaurar a vitalidade americana está no conceito de convênios da Bíblia hebraica e em redescobri-los.
“Então, entender que a fé é algo que trazemos conosco para o mundo, é importante tanto para a compreensão objetiva de como a fé é, e por que a liberdade religiosa é importante”, disse o rabino.
“Mas também é essencial para o bem-estar da América, porque é uma compreensão de como a religião pode realmente impactar vidas. Isto sempre marcou a singularidade da própria América no ocidente”, comentou ele.