Pela primeira vez em sua história, duas mulheres se juntaram ao Comitê Consultivo Militar de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A tenente-coronel do Exército, Sonie Munson, chefe de operações de mídia do Comando Norte dos E.U.A., e a irmã Andrea Wagenbach, que trabalha para o Departamento de Defesa dos E.U.A., se juntaram ao comitê de 11 membros que aconselha os líderes da Igreja em assuntos militares.
Estas duas ilustres mulheres acrescentam uma perspectiva maior ao Comitê Consultivo Militar da Igreja, disse Todd Linton, diretor da Divisão de Relações Militares e Serviços de Capelão.
“Para mim, ter uma formação mais diversificada e variada torna o Comitê Consultivo Militar mais forte e mais capaz de servir”, disse Linton. “Quando você olha para a população do mundo e para a Igreja, metade são mulheres. É ótimo que tenhamos suas recomendações e perspectivas quando tentamos servir e ministrar a outros nas Forças Armadas.”
O espírito que estas duas mulheres trazem para o comitê também é inspirador, disse Linton.
“Elas são pioneiras em seus respectivos campos [de atuação], bem como no serviço ao seu país, suas comunidades e ao seu Deus”, disse ele.
A notícia de seus chamados ao comitê vem meses depois de Jenna Carson, uma missionária retornada e ex-aluna da Harvard Divinity School [Faculdade de Estudos Religiosos de Harvard], se tornar a primeira capelã militar feminina endossada pela Igreja.
A notícia de seus chamados ao comitê vem meses depois de Jenna Carson, uma missionária retornada e ex-aluna da Harvard Divinity School [Faculdade de Estudos Religiosos de Harvard], se tornar a primeira capelã militar feminina endossada pela Igreja.
De acordo com Linton, o Comitê Consultivo Militar da Igreja foi estabelecido pela Primeira Presidência durante a Segunda Guerra Mundial, a fim de ajudar a apoiar e ministrar aos membros militares, capelães e suas famílias.
Ambas as mulheres viajaram para Utah para participarem do Seminário Anual de Treinamento de Capelães da Igreja, que ocorre no fim de semana da conferência geral, e deram entrevistas para o Church News para contarem sobre sua fé e experiências de vida.
Tenente-Coronel Sonie Munson
A mãe de Munson faleceu de câncer de pulmão quando ela tinha apenas 4 anos. Seu pai se casou novamente e ela disse que sua madrasta era uma alcoólatra abusiva.
Eventualmente, seu pai e a mulher se divorciaram. Ele percebeu que algo estava faltando em suas vidas e começou a levar as crianças para diferentes igrejas. Certo dia, as missionárias santos dos últimos dias bateram à porta de sua casa em Kearney, Nebraska.
As missionárias conseguiram responder a muitas “perguntas difíceis” e a família foi batizada.
Com o tempo, sua família se tornou menos ativa, mas Munson disse que sua fé cresceu porque ela recebeu um chamado, teve líderes fiéis das Moças e professores do Seminário que a apoiaram e a ajudaram a entender o evangelho de Jesus Cristo.
“Eles me salvaram, especialmente com todas as coisas pelas quais passamos quando crianças”, disse ela.
Munson queria ir para a faculdade, mas o dinheiro era escasso, então ela se juntou à Reserva do Exército e se matriculou na Universidade Brigham Young. Lá, ela se inscreveu no Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva, e descobriu que apreciava a cultura do Exército e as pessoas com quem se relacionava.
“Embora eu tenha entrado inicialmente para ajudar na minha situação financeira, não foi por isso que fiquei”, disse ela.
Enquanto estava na BYU, Munson orou para saber se deveria servir missão e se sentiu inspirada a servir ao Senhor por meio das Forças Armadas. O estímulo a motivou a entrar na ativa.
Na primeira metade de sua carreira, ela foi oficial de engenharia e serviu em quatro missões de combate — 43 meses no exterior — com três missões no Iraque e uma no Kuwait. Ela também serviu como líder de pelotão, oficial executiva e comandante de companhia. O que mais a assustava como líder era o pensamento de não trazer um dos seus liderados de volta para casa.
“Antes de cada missão, eu orava e sempre recebia a mesma resposta: ‘Se for fiel aos seus convênios, você trará todos para casa’”, disse ela. “E eu fiz. Quatro missões, nem uma única pessoa se foi.”
Durante sua segunda missão, como diretora executiva, ela foi responsável pela manutenção e abastecimento. Ela sentiu uma nítida impressão de que deveria instalar uma placa específica de blindagem nos caminhões. Demorou um pouco, mas com persistência, ela fez acontecer.
Mais tarde, enquanto o comboio viajava, uma bomba à beira da estrada explodiu no local exato do veículo onde a proteção extra havia sido colocada. Todos sobreviveram.
Munson passou a segunda metade de sua carreira trabalhando em assuntos públicos.
Ela conheceu seu marido no Exército. Ele não era membro da Igreja na época, e disse que havia algo diferente nela.
“Provavelmente é minha fé,” ela disse com um sorriso. “Acabamos nos casando cinco anos depois que ele saiu do Exército, e ele tem me acompanhado por toda a minha carreira. É maravilhoso ter alguém que está disposto a apoiar minha carreira.”
Munson e seu marido se mudaram recentemente para Colorado Springs, Colorado. Seu marido fica em casa, de olho no filho do casal, Bastian, que tem autismo. Ela é grata pela forma como o Exército cuidou de sua família.
Munson recebeu um diploma de bacharel e dois mestrados. Ela já morou em diversos lugares do mundo, incluindo Havaí, Alemanha e Japão. E espera servir no comitê e ajudar a orientar capelães, pois conhece os desafios únicos que as mulheres que servem nas Forças Armadas enfrentam, como por exemplo, às vezes não tomarem o sacramento ou sentirem a comunhão de outras irmãs santos dos últimos dias.
O que significou para ela ser chamada para servir no comitê?
“Isto explica minha missão”, disse ela com lágrimas nos olhos. “Passei por muita coisa, mas se posso ajudar outra pessoa, e posso ajudar nossos militares, famílias militares ou civis a terem o apoio religioso abrangente de que precisam, é para isso que estou aqui.”
Munson traz uma riqueza de experiências para o comitê, disse Linton.
“Sonie é militar ativa, e não apenas é uma líder militar, mas também mãe, uma serva ativa do Senhor na Igreja”, disse ele. “Sua perspectiva de tentar conciliar a família, sua carreira e seu serviço na Igreja é algo que acredito que toda mulher tem que lidar. Ela é alguém que trouxe uma tremenda energia, entusiasmo e experiência.”
Andrea Wagenbach
Wagenbach, uma santo dos últimos dias de longa data, cresceu na Costa Leste dos E.U.A.
Enquanto suas quatro irmãs frequentaram a universidade em Utah, ela estudou na Universidade da Virgínia.
“Eu abri meu próprio caminho”, disse ela. “Tenho uma família maravilhosa, mas sempre segui um caminho diferente e fiquei na Costa Leste em [Washington] D.C.”
Depois de servir missão de tempo integral na Rússia, Wagenbach tomou uma decisão crucial que influenciaria sua carreira. Ela não tinha certeza se queria voltar para a Virgínia, porque havia poucos santos dos últimos dias ativos. Como havia perdido o prazo para receber ajuda financeira, não tinha certeza de como pagaria suas mensalidades, uma vez que seus pais também estavam temporariamente desempregados.
Wagenbach orou e pediu ao Senhor: “Se houver uma razão para eu ficar aqui, por favor, me ajude a encontrar o dinheiro ou vou embora.”
Seus pais pagaram o dízimo e, no dia seguinte, pelo correio, a Universidade da Virgínia ofereceu à missionária retornada dinheiro suficiente para cobrir suas mensalidades.
“Tomei isso como minha resposta para permanecer na Costa Leste”, disse ela. “Houve momentos no meu caminho que me mantiveram naquela região, e sou grata por isso porque senti que estava no caminho certo.”
Wagenbach recebeu um diploma de pós-graduação na Universidade de Georgetown e conseguiu emprego no Departamento de Defesa. Ela estava em Washington D.C. em 11 de setembro de 2001.
“Alguns amigos e alguém no meu conselho foram mortos mas, ao mesmo tempo, acho que você realmente vê pessoas incríveis dentro das Forças Armadas”, disse ela. “Esta é uma das coisas que eu acho que sou abençoada por presenciar. ... coisas como essas e poder servir ao seu lado, e ver o quanto elas trabalham para proteger nosso país. Estou feliz por ter sido capaz de testemunhar isto.”
Outra outro momento difícil surgiu quando Wagenbach perdeu sei emprego porque um contrato havia sido encerrado. Outras coisas estavam dando errado em sua vida e ela começou a questionar seu caminho.
Ela foi ao templo e o presidente do templo prometeu bênçãos a todos que servissem na casa do Senhor naquele dia.
No dia seguinte, ela recebeu 12 ofertas de emprego e acabou sendo entrevistada em um jogo de hóquei profissional naquela noite, que a levou a um novo emprego.
“Fui muito abençoada”, disse ela.
Wagenbach, 51 anos, não é casada. Quando ela estava na faculdade, ela orou pedindo orientação sobre namoro e recebeu uma forte resposta de que o Senhor tinha um caminho específico para ela e a aconselhou a “ser paciente”.
“Meu desafio, minha força e minha posição na vida tem sido ir a meu Pai Celestial e confiar Nele”, disse ela. “Passamos por desafios e isso dói, temos fé e somos abençoados. ... O Senhor tem estado comigo. O que espero é que eu possa oferecer a compaixão, a sabedoria e o que eu tenho vivido como uma pessoa solteira na Igreja. Posso compartilhar o que aprendi.”
Como diretora de assuntos públicos e comunicação da Igreja para o norte da Virgínia, Wagenbach começou a trabalhar com o Comitê Consultivo Militar da Igreja no início do ano, em preparação para a casa aberta do Templo de Washington D.C.. Alguns meses depois, eles a chamaram para fazer parte do comitê, o que a surpreendeu e a encantou ao mesmo tempo.
“Trabalhei para o Departamento de Defesa durante minha vida inteira e tenho profundo respeito pelos homens e mulheres nas Forças Armadas”, disse ela.
A experiência e perícia de Wagenbach serão uma bênção para o comitê, disse Linton.
“Andrea Wagenbach é uma daquelas fiéis santos dos últimos dias que traz sua própria perspectiva, tendo trabalhado no Departamento de Defesa, e fazendo todas as coisas que ela fez no Conselho de Coordenação, como diretora de comunicação para a área sul de Washington D.C.”, ele disse. “Ela é alguém que, não apenas tem o alcance, mas tem a conexão para fazer ótimas recomendações e depois reunir as pessoas certas para resolverem os problemas.”