Canoas cortavam as ruas inundadas de Orlando, Flórida, nos dias após o furacão Ian atingir o estado em 28 de setembro.
Toda a chuva fez com que os moradores de Vista Lake e de St. Johns River ficassem isolados, com ruas e casas inundadas com cerca de um metro de água, o que significa que algumas pessoas não conseguiram sair sozinhas.
Mas um clube comunitário do ServirAgora estava preparado para o desastre e remou para chegar até as pessoas, incluindo um homem paraplégico e sua esposa, uma mulher grávida, e outra mulher que precisava de tratamento de diálise.
Misty Liu, membro da Estaca Orlando Flórida, disse que o clube do ServirAgora foi formado em abril deste ano. Ela estava fazendo um projeto do ServirAgora na vizinhança e limpando o lixo, quando alguns dos vizinhos perceberam e quiseram ajudar. Logo eles criaram um grupo do bairro e encontraram um projeto de serviço para fazerem todos os meses, por meio do site e aplicativo ServirAgora.org.
Quando o furacão Ian se tornou iminente, Liu disse que o clube do ServirAgora elaborou uma lista de pessoas com necessidades especiais, que poderiam precisar de ajuda. Mas quando a enchente começou, o clube percebeu que mais pessoas precisavam de ajuda além de sua comunidade com 2.000 residências.
“Acabamos utilizando nossas conexões para coordenarmos quem poderia ajudar, e publicamos essas necessidades no ServirAgora para obtermos mais ajuda”, disse Liu.

Os vizinhos se mobilizaram com uma brigada de canoas, não só resgatando pessoas, mas também levando alimentos e mantimentos para outros vizinhos, enquanto o nível da água ainda estava alto. Liu estimou que os membros do clube cumpriram cerca de 750 horas de serviço em outubro.
Conforme a notícia crescia, outras pessoas fora do bairro inundado também chegaram para ajudar: grupos religiosos, famílias, um clube estudantil universitário, o dono de um restaurante e até mesmo um pai e seus dois filhos de Utah. Pessoas de todas as idades, culturas e origens trabalharam lado a lado.
“A moral estava muito alta e mais pessoas queriam ajudar porque pensavam: ‘Estas pessoas vieram até aqui só para nos ajudar, precisamos ajudar uns aos outros’”, disse Liu.
Uma mulher assou cupcakes e os entregou às pessoas, o que se tornou uma ponte para encontrar pessoas que pudessem precisar de mais ajuda.
Outro membro do clube havia se mudado de Kentucky para a Flórida, onde se lembrou de um homem que chegou ao seu bairro após uma enchente, estacionou seu trailer e defumou carne para eles por três dias.
“Ele sempre disse que, se isso acontecesse comigo, eu pagaria adiantado”, disse Liu. “Ele se instalou no parque e pediu aos vizinhos que trouxessem um acompanhamento.” Eles então entregaram comida para pessoas que não podiam sair de casa.

À medida que as águas baixavam, os peixes permaneciam nas ruas. As crianças resgataram os peixes para colocá-los de volta no lago. Eles também varreram os escombros das ruas e ajudaram da forma como puderam.
“Conhecemos pessoas que nunca havíamos visto antes, e muitas das pessoas afetadas disseram: ‘Nunca conheci meus vizinhos tão bem, nunca conversei com eles.’ Agora as pessoas querem se reunir, agir, ajudar e servir umas às outras. Tem sido uma coisa linda de se ver”, disse Liu.
Em novembro, o clube realizou um jantar de premiação para reconhecer todo o trabalho árduo dos esforços de socorro e resgate.
“Tínhamos tantas culturas e níveis econômicos representados, e eles eram todos um: eles estavam todos juntos. É exatamente por isso que o ServirAgora foi criado, e é o que aconteceu naquela sala”, disse Liu. “O serviço realmente funciona para construir unidade, de uma forma como nenhuma outra.”





