Chris Karpowitz não se surpreende com o fato de que os adolescentes descrevam o uso das mídias sociais de maneira diferente, de como os pais descrevem o uso das mídias sociais pelos filhos. Às vezes as diferenças são pequenas, outras vezes substanciais.
Por exemplo, a American Family Survey 2023 [Pesquisa sobre Famílias Americanas de 2023] um estudo anual e nacional conduzido pelo YouGov para o Deseret News e o Instituto Wheatley [ambos em inglês] da Universidade Brigham Young, descobriu que 66% dos pais dizem que seus filhos usam o Instagram.
Mas o recente relatório do Pew Research Center, “Teens, Social Media and Technology 2023“ [Adolescentes, mídias sociais e tecnologia de 2023 – em inglês], descobriu que 59% dos adolescentes dizem usar o Instagram.
“Qualquer pessoa que tenha sido pai ou mãe de adolescentes não ficará surpresa que, às vezes, as impressões dos pais sejam ligeiramente diferentes das impressões dos adolescentes sobre o mundo”, disse Karpowitz, que é professor de Ciências Políticas na BYU e um dos principais pesquisadores da American Family Survey de 2023.
Para algumas plataformas, as discrepâncias são grandes: 57% dos pais afirmam que seus filhos utilizam o Facebook, enquanto apenas 33% dos adolescentes afirmam que o utilizam; e 61% dos pais dizem que seus filhos usam o YouTube, enquanto 93% dos adolescentes dizem usá-lo.
Mas para outras plataformas, há pouca ou nenhuma diferença: 63% dos pais dizem que seus filhos usam o TikTok, e a mesma porcentagem de adolescentes diz usá-lo.
A American Family Survey de 2023 e os recentes dados divulgados pelo Pew Research Center não são perfeitamente comparáveis; o primeiro entrevistou 3.000 americanos e fez perguntas sobre crianças e jovens de 10 a 18 anos, enquanto o último entrevistou 1.453 adolescentes norte-americanos de 13 a 17 anos.
Mas os números ainda destacam algumas tendências interessantes. Por exemplo, Karpowitz disse que está impressionado com a forma como o Instagram, o TikTok e o YouTube emergem como as plataformas mais utilizadas em ambas as pesquisas.
“Tanto os pais como os adolescentes veem essas [plataformas] como lugares onde… os adolescentes provavelmente estarão”, disse ele.

Uso das redes sociais: o que os pais dizem, o que os filhos dizem
A American Family Survey 2023 descobriu que, o uso de redes sociais entre crianças e jovens de 10 a 18 anos, é quase universal: 96% dos pais dizem que seus filhos têm acesso a pelo menos uma plataforma de mídia social.
- 66% dos pais dizem que seus filhos usam o Instagram.
- 63% dizem TikTok.
- 61% dizem YouTube.
- 57% dizem Facebook.
- 51% dizem Snapchat.
- 31% dizem Twitter.
- 16% dizem Pinterest.
- 4% dizem BeReal.
- 3% afirmam não saberem quais plataformas de mídia social seus filhos usam.
Por outro lado, adolescentes norte-americanos, com idades entre 13 e 17 anos, pesquisados pelo Pew Research Center relatam taxas muito mais baixas de uso do Facebook e taxas muito mais altas de uso do BeReal.
- 59% dizem que usam o Instagram.
- 63% dizem que usam o TikTok.
- 93% dizem que usam o YouTube.
- 33% dizem que usam o Facebook.
- 60% dizem que usam o Snapchat.
- 20% afirmam usar o Twitter (agora conhecido como X).
- 13% dizem que usam BeReal.
O Pew Research Center não perguntou aos adolescentes sobre o uso do Pinterest.
Embora as comparações entre as pesquisas não sejam perfeitas, Karpowitz disse que é importante tentar entender o que os pais veem on-line versus o que os filhos veem on-line.
“Fica claro em nossas pesquisas que os pais têm muitas preocupações com as mídias sociais”, disse ele.

A American Family Survey de 2023 descobriu que 40% dos pais, com filhos entre 10 e 18 anos, se preocupam, pelo menos às vezes, com o que os seus filhos veem on-line. A mesma percentagem disse que se preocupa, pelo menos às vezes, com o que seus filhos publicam on-line.
Apesar disso, “eles certamente não estão usando ativamente, alguns dos controles parentais que existem hoje”, disse Karpowitz. De acordo com o questionário:
- 36% dos pais que se preocupam com o tempo gasto on-line dizem que impõem restrições de tempo aos filhos.
- 35% dos pais que se preocupam com golpes e segurança cibernética afirmam que as contas de mídia social de seus filhos são privadas.
- 28% dos pais que se preocupam com conteúdo impróprio on-line dizem que impõem restrições de conteúdo a seus filhos.
- 26% dos pais que estão preocupados com os predadores on-line dizem que impõem restrições de contato a seus filhos.
Karpowitz disse não ter certeza por que tão poucos pais usam restrições, apesar de suas preocupações. “Creio que essas são boas questões para o futuro.”
A pesquisa também descobriu que 69% dos pais desejam restrições governamentais às redes sociais.
“Eles gostariam que o governo estivesse envolvido de alguma forma na regulação das redes sociais, mas não têm certeza sobre como essa regulação deveria ser”, disse Karpowitz.
O Pew Research Center não perguntou aos adolescentes o que eles pensam sobre as restrições governamentais, mas Karpowitz especulou que eles teriam preferências “muito diferentes” das de seus pais. “Minha sensação é que os adolescentes de hoje reagiriam de forma muito negativa a... proibições generalizadas de mídias sociais e à intervenção governamental severa.”

A perspectiva dos santos dos últimos dias sobre o uso das mídias sociais
Quando se trata do uso das mídias sociais entre os santos dos últimos dias, não há muitos dados para examinar. Karpowitz disse que os santos dos últimos dias representavam pouco mais de 1% dos entrevistados da American Family Survey de 2023: cerca de 36 pessoas em 3.000.
Como tal, ele não pode falar se baseando em dados, sobre o uso das mídias sociais pelos santos dos últimos dias, mas, de forma anedótica, ele observou que os pais santos dos últimos dias têm muitas das mesmas preocupações que outros pais.
“Eles também estão tentando descobrir qual é a abordagem correta, porque a mídia social pode ser… usada como uma força positiva na sociedade, e também pode ser uma força muito negativa e preocupante na vida dos adolescentes”, disse Karpowitz, acrescentando que, “nós realmente vemos pais... lutando para descobrir o que fazer neste novo mundo on-line.”
Mas ele acha que as igrejas, incluindo A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, podem ajudar os pais e os jovens a determinarem valores que devem orientar a sua utilização das redes sociais. Isto inclui pensar sobre como é o uso inteligente das redes sociais e como equilibrar uma vida on-line com outros elementos de uma vida feliz e plena, disse ele.
“Penso que qualquer instituição que ajude a esclarecer valores e prioridades, tanto para os pais como para os jovens, pode desempenhar um papel produtivo e positivo”, disse Karpowitz.

Recursos para o uso inteligente da tecnologia
Os líderes da Igreja há muito aconselham os santos dos últimos dias a usarem a tecnologia, incluindo a internet e as redes sociais, com sabedoria.
Para apoiar isto, os recursos “Assumir o Controle da Tecnologia“ foram adicionados este ano ao aplicativo Biblioteca do Evangelho na seção “Jovens” [em inglês].
A ex-presidente geral das Moças, Bonnie H. Cordon, falou sobre os recursos em um episódio de julho de 2023 do podcast do Church News.
Os recursos incluem três princípios para assumir o controle da tecnologia como discípulo de Cristo: propósito, plano e pausa.
Propósito: “Posso usar a tecnologia com um propósito. Ela não me controla.”
“Eu, o Senhor, tenho uma grande obra para fazeres” (Doutrina e Convênios 112:6).
Plano: “Quando planejo com antecedência, me sinto melhor e faço escolhas melhores.”
“Esta vida é o tempo para os homens prepararem-se para o encontro com Deus” (Alma 34:32).
Pausa: “Não há problema em fazer uma pausa.”
“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Doutrina e Convênios 101:16).
![Um guia visual “Assumir a Responsabilidade da Tecnologia” [em inglês] está sendo entregue a jovens nas conferências Para o Vigor da Juventude em 2023. Ele fala sobre “Propósito”, “Plano” e “Pausa.”](https://pt.thechurchnews.com/resizer/v2/5JR242ZIZOPZRMHFPYBFGDI6IU.png?auth=838a50de7710b9da9ce7e320e140a79fe09bde639402a99c0a7a0a60eb3e93b9&focal=468%2C288&width=800&height=492)
As perguntas para se pensar incluem:
- “Por que estou usando tecnologia agora?”
- “Eu me sinto bem com o que estou fazendo?”
- “Qual é o meu plano para usar a tecnologia?”
- “O que estou sinalizando a Deus pela maneira que uso meu tempo?”
- “Estou evitando conteúdo que sei que não é certo ou malicioso?”
As sugestões práticas incluem :
- Usar filtros de conteúdo.
- Ser intencional sobre o uso da tecnologia.
- Definir limites diários de tempo de tela.
- Tenha áreas livres de dispositivos em casa e uma estação de carga para a família.
- Conectar-se apenas com familiares e amigos próximos.
- Desligar o aparelho e dar uma pausa.
Estas ferramentas andam de mãos dadas com o tópico “Seguir as regras para o uso da tecnologia”, na nova edição de “Pregar Meu Evangelho”. As regras já foram ensinadas aos missionários antes, mas agora estão incluídas com destaque no novo manual e em sua versão on-line.
Sherilyn C. Stinson, comissária dos Serviços Familiares da Igreja, falou sobre missionários e tecnologia, em um podcast do Church News em maio [em inglês].
“Eles precisam aprender a se desconectarem de seus dispositivos”, disse Stinson. “Esse é um dos maiores desafios, porque os dispositivos se tornam seu mecanismo de enfrentamento. E qualquer que seja o mecanismo de enfrentamento, se não for levado para o campo missionário, eles terão problemas.”
Mas os jovens que usam os novos recursos de tecnologia do aplicativo Biblioteca do Evangelho podem se colocar em um caminho melhor para o futuro.
Presidente Steven J. Lund, presidente geral dos Rapazes, disse: “Nossos jovens na Igreja podem escolher um caminho diferente. Eles podem perceber que controlam a tecnologia. Ela não os controla.”