Foi há pouco mais de 60 anos que Dinah Washington ganhou um Grammy por sua versão comovente de “What a Difference a Day Makes” [Que diferença um dia faz]. Uma parte da canção, em particular, oferece uma perspectiva poderosa para a história das nações, bem como para as vidas de uma família e dos fiéis seguidores de Jesus:
“Que diferença um dia faz
“24 pequenas horas
“Trouxe o sol e as flores
“Onde costumava haver chuva.”
[Tradução literal do Church News]
Descobri ser verdade que apenas 1.440 minutos podem fazer toda a diferença para promover mudanças, influenciar outras pessoas e até mesmo determinar o nosso destino divino.
Apenas um dia? Um dia de 365 parece insignificante. Um dia de 3.650 dias em uma década é apenas um pontinho na tela da história. No entanto, tais dias, assim como o dia de Natal, podem mudar tudo.
Em 6 de junho de 1944, mais de 156 mil forças americanas, britânicas e canadenses executaram um dos maiores ataques militares anfíbios da história. Cerca de 4.000 soldados perderam a vida nas praias da Normandia, com outros milhares de feridos naquele dia. Mas aqueles bravos soldados fizeram daquele único dia, o princípio do fim da guerra na Europa. Foi apenas um dia, mas foi um dia crucial para a causa da liberdade.
Assim como o Dia D, alguns dias são definidos por aqueles que estão dispostos a tomarem uma posição corajosa. No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks se destacou ao permanecer sentada e se recusando a ceder seu lugar em um ônibus do Alabama.
Rosa Parks era apenas uma pessoa, em um ônibus, em um dia normal em Montgomery, mas a sua ação proporcionou uma faísca crucial, que acendeu a chama do Movimento dos Direitos Civis.
Um dia fez a diferença em 20 de julho de 1969, quando o homem pisou na superfície da Lua, e em 19 de novembro de 1863, em Gettysburg, Pensilvânia, e em muitos, muitos outros dias singulares no curso da história da humanidade. Os dias de selamento no templo, os dias de batismo, os dias de bênçãos e de ternas misericórdias, os dias de respostas às orações e os dias de milagres poderosos são dias que fazem diferença em nossa vida.
Da mesma forma, não foi algo pequeno quando o jovem Joseph Smith orou em um bosque que chamamos de sagrado, em um dia simples e aparentemente insignificante de primavera em 1820, e seu registro daquela visão celestial afirma: “Vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!”
Que diferença aquele dia fez.
Esse dia mudou o mundo para sempre. Nessa visão, o jovem profeta não apenas aprendeu a verdadeira natureza do Pai Celestial e a divindade de Seu Filho, Jesus Cristo. Joseph aprendeu que o Pai Celestial o conhecia pelo nome e que Deus desejava que Joseph ouvisse Jesus. Joseph descobriu quem ele era e de quem era.
Houve um dia, sobre o qual lemos no Livro de Mórmon, em que os iníquos planejaram matar os justos, se o sinal que Samuel, o lamanita, predisse a respeito da vinda de Cristo, não aparecesse. Durante aquela noite sombria, Néfi, filho de Néfi, orou fervorosamente por seu povo. A voz do Senhor veio a ele dizendo: “Levanta a cabeça e tem bom ânimo; pois eis que é chegada a hora e esta noite será dado o sinal; e amanhã virei ao mundo para mostrar ao mundo que cumprirei tudo aquilo que fiz com que fosse dito pela boca de meus santos profetas” (3 Néfi 1:13-14).
Que diferença fez um dia.
Nosso Profeta, Presidente Russell M. Nelson, nos convidou a ver a diferença que um dia pode fazer, quando ele incentivou o mundo: “Pergunte ao seu Pai Celestial, em nome de Jesus Cristo, o que Ele sente por você … . Prometo que quando você começar a vislumbrar como seu Pai Celestial o vê, e o que Ele espera que você faça por Ele, sua vida nunca mais será a mesma!” Acrescentarei que o mundo nunca mais será o mesmo. Que diferença um dia assim pode fazer.
Crescendo em uma família de 11 filhos, a época do Natal sempre foi uma época de caos e comoção, agendas lotadas e inúmeras atividades. No entanto, sempre havia um dia e uma noite reservados para cantarmos canções em família, com ênfase em visitar as viúvas e os casais cansados e maravilhosos com idade avançada. Minhas sete irmãs eram as estrelas da apresentação. Na verdade, meu irmão mais velho e eu raramente éramos convidados a cantar. Muitas vezes íamos um pouco a contragosto, ou muito a contragosto, desejando estar em um jogo de basquete. Mas tínhamos a importante tarefa de levar até a porta das casas, o famoso pé de moleque feito por minha mãe. E, sim, no banco de trás da nossa grande camionete da Ford, muitas vezes fiz testes de controle de qualidade ao longo do caminho.
Nossa última parada era sempre a casa de Doris Dippo, uma viúva que meu pai conhecia há muitos anos. Sua casa parecia escura quando parávamos na garagem, o que nos fazia questionar se ela estaria em casa ou se tinha ido dormir. A espera na varanda da frente parecia interminável no frio de dezembro. Finalmente, ouvíamos seus passos arrastados e o giro lento das fechaduras, seguido pela abertura gradual da porta. Éramos rapidamente levados para dentro. Ela fazia meu pai acender as luzes de sua árvore e as meninas começavam a cantar. Parecia-me que Doris Dippo sempre tinha um pedido adicional de música para minhas irmãs. Aprendi cedo que a música final era a mesma. Todos os anos, “Star Bright” era seu último pedido.
Todos os anos, aquele dia fazia diferença para mim. Foi naquele dia, naquele espaço humilde, que aprendi sobre o valor infinito e a maravilhosa influência de uma viúva. Ganhei apreço pela divindade e pelo poder ministrador celestial de minhas irmãs. Fui transformado por uma canção espiritualmente instrutiva sobre o Salvador do mundo, que produz lágrimas, que induz ao testemunho e comove a alma. As palavras que minhas irmãs cantavam ainda ecoam em meu coração:
“Os céus com luz fluindo, uma história de amor contará
“E os anjos cantarão glória; quando Jesus vier à terra habitar.
“Oh, estrela brilhante, o mundo está ansioso para que você transforme a noite em dia.
“Oh, estrela brilhante, no céu brilhando, venha brilhar dentro de mim no dia de Natal.”
[Tradução literal do Church News]
Eu olhava para as luzes da árvore, enquanto minhas irmãs cantavam. Pude ver Maria e José cansados em uma Belém movimentada, sem lugar para eles na estalagem. Visualizei o humilde estábulo, escuro e sujo, ocupado por uma Maria ansiosa e um José preocupado. Poucos lugares na Terra poderiam ser mais humildes. Mas, oh, que diferença fez um dia quando os anjos cantavam a glória e Jesus vinha à Terra para habitar. Pude ver a diferença que faz um dia.
Conforme a música ia parando, a irmã Dippo enxugava os olhos, assim como nós, e saíamos noite adentro. A viagem para casa era sempre mais silenciosa e reflexiva do que a viagem caótica até lá. Fomos fazer a diferença, em vez disso, fomos ministrados por alguém que fazia a diferença, disfarçada de viúva. Que diferença faz um dia.
Paciência não é um dos meus superpoderes. Eu sou péssimo nisso, realmente. Esperar por esse dia que fará a diferença pode ser doloroso e exaustivo. Esperar um dia, uma semana ou passar por um período muito lento da vida é muitas vezes o teste para discípulos determinados. Quer estejamos esperando por alívio ou pelo surgimento de novas oportunidades, por clareza em nosso caminho ou por respostas a perguntas confusas, pela cura em um relacionamento ou pela esperança de coisas boas que estão por vir, devemos reconhecer que nosso Pai Celestial e Salvador Jesus Cristo estão trabalhando em nossa espera, nos preparando para o amanhecer do dia que fará toda a diferença em nossa vida.
O homem no tanque de Betesda, o leproso, a mulher junto ao poço, Daniel, Moisés, Sara, Samuel o lamanita, Saria, Mary Fielding, Joseph e inúmeros outros santos esperaram ao longo dos séculos. E então chegou o dia. Aguardo com expectativa a oportunidade de lhes perguntar que diferença um dia faz, o dia em que Jesus é o que surge entre a noite escura e o novo dia.
Assim como todos vocês, tive momentos em minha vida em que o Salvador me ensinou a diferença que faz um dia.
Após a crucificação do Salvador, o mundo literalmente ficou escuro. Para os discípulos e seguidores de Jesus, Sua morte e as trevas que se seguiram devem ter sido de partir o coração, de esmagar a alma e de confundir a mente. Na escuridão daquele sábado, os discípulos assustados, certamente estavam nas profundezas do desespero. Então, no túmulo vazio, realmente descobrimos o que há de melhor em momentos em “que um dia faz diferença”. O nascimento, a vida e o sacrifício expiatório do Salvador, combinados com Sua gloriosa Ressurreição naquela primeira manhã de Páscoa, fizeram toda a diferença, para todos nós.
A manhã de Natal sempre chega. A manhã de Cristo chegará. O dia amanhecerá, não importa quão escura seja a noite, e Cristo trará a manhã com raios de sol bem-vindos de paz e descanso. Você será capaz de declarar com santos e anjos: “Que diferença faz um dia.”