Menu

‘Servir mudou minha vida’: Serviço ao próximo para combater sentimentos depressivos e ansiedade

Por meio de programas como o ServirAgora, adolescentes que servem o próximo podem melhorar a própria autoestima e saúde mental

Nota do editor: Embora muitas pessoas que sentem ansiedade e depressão tenham encontrado força ao servir ao próximo, isto não substitui a ajuda profissional no tratamento da saúde mental. Para mais recursos, visite Saúde Mental ou converse com um profissional de saúde.

Quando Meg Stringam Bjorklund tinha 13 anos, ela havia acabado de mudar de escola e não tinha muitos amigos. Ela se escondia no banheiro da escola durante o lanche ou ligava para a mãe, chorando. Em casa, ela costumava ficar sozinha em seu quarto. 

“Eu queria deixar a escola”, disse Bjorklund. “Atingi um nível alto de depressão e ansiedade. Eu realmente me fechava em situações sociais.”

Então, sua mãe, Autumn Stringam, recebeu um chamado da Igreja para ser especialista do ServirAgora em Nampa, Idaho. O ServirAgora.org — um site e aplicativo no qual organizações comunitárias e grupos de caridade publicam suas necessidades de voluntariado — era relativamente novo na região e precisava de ajuda para se estabelecer.

Ao longo dos meses, Stringam levou Bjorklund consigo para grandes e pequenos projetos de serviço na região de Treasure Valley, em Idaho. 

“A última coisa que eu queria fazer era sair e servir na minha comunidade, com pessoas que eu nunca havia conhecido, e interagir em situações constrangedoras”, recordou Bjorklund. Porém, à medida que a jovem perseverou, servir se tornou mais fácil.

Bjorklund — agora com quase 20 anos de idade, recém-casada e membro da Estaca Nampa Idaho Oeste — disse que servir a tirou de seu estado de depressão e a ajudou a ver o amor do Pai Celestial por ela e por todos os Seus filhos de diversas novas formas.

Ela desenvolveu empatia ao servir em abrigos para moradores de rua, ou com pessoas que enfrentavam a pobreza. Ela se sentou e ouviu as pessoas falarem sobre seus próprios desafios. 

“Isto me fez perceber que não sou a única pessoa que tem dificuldades. E eu podia ajudar essas pessoas dando-lhes uma refeição quente e vendo um sorriso no rosto de cada uma delas”, disse Bjorklund. 

Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, com quase 14 anos, trabalha em um projeto de serviço do ServirAgora em Nampa, Idaho, em 2017.
Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, com quase 14 anos, trabalha em um projeto de serviço do ServirAgora em Nampa, Idaho, em 2017. | Autumn Stringam

Por um tempo, Bjorklund estava participando de projetos de serviço após a escola, quatro dias por semana, o que a mantinha ocupada demais para se preocupar consigo mesma.

Ela pintou paredes, manuseou ferramentas, cozinhou refeições, entregou sanduíches, transportou tijolos, entreteve crianças, serviu suco, coletou suprimentos e cantou músicas.

“Servir mudou minha vida”, explicou ela.

Pesquisa sobre serviço ao próximo e depressão

A experiência de Bjorklund é confirmada por pesquisas. A Dra. Laura Padilla-Walker, reitora da Faculdade de Ciências Familiares, Domésticas e Sociais da Universidade Brigham Young, disse que existe uma ligação entre a sintomatologia da depressão e o serviço ao próximo.

“O envolvimento em comportamentos pró-sociais durante a adolescência está associado a uma variedade de fatores de proteção, incluindo melhores relacionamentos com amigos e familiares, esperança, persistência, gratidão e autoestima”, disse Padilla-Walker. “Por sua vez, relacionamentos e autoestima estão então associados a níveis mais baixos de depressão.”

Ajudar outras pessoas fomenta um senso de propósito e autoestima nos jovens, o que os protege contra sentimentos de inutilidade e depressão. 

“Se pudermos ajudar os jovens a se engajarem no serviço ao próximo e estabelecerem um autoconceito, que inclua serem necessários e valiosos para outras pessoas, isso pode ser útil no combate aos sintomas depressivos”, disse ela.

HISTÓRIA RELACIONADA
Estou ansioso ou tenho ansiedade? Saiba a diferença e como encontrar esperança e ajuda

Susan Albers, Doutora em Psicologia, explicou em um artigo recente da Cleveland Clinic [em inglês] que, quando ajudamos outra pessoa, nosso cérebro segrega substâncias químicas que nos fazem sentir bem, como:

  • Serotonina (que regula o humor).
  • Dopamina (que proporciona um senso de prazer).
  • Oxitocina (que cria uma senso de ligação com outras pessoas).

O ato de doar pode estimular a via mesolímbica do cérebro, ou o centro de recompensa, liberando endorfinas. 

“Quando fazemos algo para outras pessoas, nos sentimos muito mais engajados e alegres”, disse Albers. “Isso é bom para nossa saúde e felicidade.” 

Os pesquisadores descobriram que doar a outras pessoas pode reduzir a pressão arterial [em inglês]. Outros estudos mostram que indivíduos que servem como voluntários tendem a ter uma vida mais longa [em inglês]. Oferecer presentes ou servir como voluntário pode reduzir os níveis de cortisol [em inglês]., o hormônio do estresse que pode fazer com que a pessoa se sinta sobrecarregada ou ansiosa. 

Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, aos 17 anos, usa uma camisa do ServirAgora em Nampa, Idaho, em janeiro de 2020.
Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, aos 17 anos, usa uma camisa do ServirAgora em Nampa, Idaho, em janeiro de 2020. | Autumn Stringam

Ajudar desconhecidos

Padilla-Walker disse que ajudar desconhecidos, em especial, protege os adolescentes. Isso talvez aconteça porque ajudar desconhecidos — em comparação com familiares ou amigos — representa um comportamento de custo relativamente alto, algo que vai além de servir. 

Jovens adolescentes de 11 a 14 anos que ajudaram desconhecidos tiveram um aumento de autoestima. Eles se sentiram melhores a respeito de quem eram. 

Quando adolescentes se engajam neste tipo de comportamento com frequência, eles têm menor probabilidade de se concentrarem em si mesmos e em seus próprios problemas, e maior probabilidade de verem o que há de bom no que têm e se sentirem esperançosos. 

Além disso, jovens que ajudam desconhecidos têm maior probabilidade de evitar envolvimento em comportamentos problemáticos [em inglês]. 

“Um estudo descobriu que o comportamento pró-social em relação a desconhecidos — mas não em relação a familiares ou amigos — estava associado a níveis mais baixos de agressão e delinquência dois anos mais tarde”, disse Padilla-Walker.

Pesquisas também mostram que servir ao próximo ajuda adolescentes a desenvolverem uma identidade moral, e se conectarem com outros amigos que têm valores e comportamentos positivos, o que pode proteger contra comportamentos problemáticos. 

Bjorklund disse que este foi exatamente o caso dela — em uma época em que precisava de amigos, ela ganhou um grupo de colegas de sua própria faixa etária que prestavam serviço.

“Eu os conheci prestando serviço ao próximo, e foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Fiz amizade com jovens que me influenciaram a fazer o bem”, disse ela. “Servir ao próximo me ajudou a encontrar amigos que ainda tenho agora, os quais eu não conhecia antes.”

Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, aos 15 anos, com amigos em Nampa, Idaho, em janeiro de 2018.
Meg Bjorklund, na época Meg Stringam, aos 15 anos, com amigos em Nampa, Idaho, em janeiro de 2018. | Autumn Stringam

Tornar-se como o Salvador

Bjorklund descobriu que servir ao próximo a abençoou com uma compreensão e um apreço maior pela forma como Jesus Cristo serviu aos necessitados durante Seu ministério na Terra. E ela começou a pensar nas necessidades dos outros antes das suas.

“Ao servir o próximo, comecei a compreender o grande amor que o Pai Celestial e Jesus Cristo tinham por mim”, disse ela. “Quando comecei a servir como Cristo, me tornei semelhante a Ele, servindo abnegadamente, sem esperar nada em troca. Quando finalmente compreendi o amor que o Pai Celestial tem me demonstrado, comecei a amar os outros como Ele me ama.” 

Stringam postou um vídeo no Facebook [em inglês] sobre a mudança que ela viu na filha. 

“Ela encontrou Jesus quando começou a agir como Ele”, disse Stringam. “Se vocês não sabem quem são, descubram a si mesmos compartilhando seu tempo e talentos. Se vocês não têm Jesus em sua vida, encontrem-No agindo como Ele e observem todos os outros sentimentos se resolverem.”

João 13:34-35 contém o chamado do Salvador: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei a vós, que também vós uns a outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”

O Rei Benjamin disse a seu povo: “Quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17).

E Doutrina e Convênios 58:26-28 ensina: “Em verdade eu digo: Os homens devem ocupar-se zelosamente numa boa causa e fazer muitas coisas de sua livre e espontânea vontade e realizar muita retidão.”

Cristo no tanque de Betesda, estendendo a mão em direção ao homem que estava esperando lá.
Cristo no tanque de Betesda, estendendo a mão em direção ao homem que estava esperando lá. | Autumn Stringam

Presidente M. Russell Ballard, na época membro do Quórum dos Doze Apóstolos, contou como servir o próximo emana do amor a Deus e a Cristo, em seu discurso na conferência geral de abril de 2011, “Encontrar alegria no serviço amoroso.”

“Quando este puro amor de Cristo — ou caridade — nos envolve, pensamos, sentimos e agimos mais como o Pai Celestial e Jesus pensariam, sentiriam e agiriam. Nosso desejo sincero e motivação são mais semelhantes aos do Salvador”, disse Presidente Ballard.

Élder Ronald A. Rasband, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou durante a conferência geral de abril de 2022 que Jesus Cristo é o exemplo perfeito de amor e serviço.

“Durante Seu ministério, Ele cuidou dos pobres, curou os doentes e os cegos. Alimentou os famintos, estendeu os braços para as criancinhas e perdoou aqueles que O prejudicaram — e até O crucificaram.

As escrituras dizem que Jesus ‘andou fazendo o bem’. Nós devemos fazer o mesmo”, disse Élder Rasband (“Curar o mundo”).

Ideias de como servir ao próximo

Albers disse que, quando se trata de trabalho voluntário, dar presentes e servir o próximo, não é sobre dinheiro. “Alguns dos melhores presentes não custam nada”, disse ela. “Na verdade, atos de serviço geralmente refletem maior consideração e carinho e podem ser mais significativos do que qualquer coisa que compramos.”

An article by Merrilee Browne Boyack in the United States and Canada section of February’s Liahona magazine gave suggestions for parents to incorporate service in the family: start at home and then expand to the community — with the Spirit as a guide.

Um artigo de Merrilee Browne Boyack, na seção dos Estados Unidos e Canadá da revista Liahona de fevereiro, apresentou sugestões para os pais implementarem o serviço ao próximo na família [em inglês]: comecem em casa e depois sirvam na comunidade — com o Espírito como guia.

Pontos úteis incluem:

  1. Planejem bem.
  2. Façam com que os projetos sejam tão práticos quanto for possível.
  3. Reforcem o processo.

Boyack escreveu: “As pessoas costumam perguntar: ‘O que devemos fazer? ‘ e ‘Por onde começamos?’ Eu sugiro que vocês comecem com o Pai Celestial. Testifico que o Espírito os guiará, como pais, para aquelas coisas que serão oportunidades maravilhosas de serviço para vocês e seus familiares. Orem. Ouçam. Sejam pacientes. Sejam corajosos. E vocês serão guiados.”

HISTÓRIA RELACIONADA
50 ideias para compartilhar luz em #SejaALuzDoMundo 2022

Bjorklund disse que os pais de adolescentes podem incentivá-los a baixarem o aplicativo do ServirAgora em seus telefones e definirem filtros de localização, interesses e talentos. Em seguida, eles podem encontrar projetos de serviço, localizados nas proximidades de onde moram, que incluam algo que os adolescentes sintam que podem fazer. Mas eles não devem ter medo de tentar algo novo ou desafiador.

“O primeiro projeto de serviço é o mais difícil — chegar lá, deixar a timidez de lado e descobrir o que você deve fazer pode ser estressante”, disse Bjorklund. “Se você conseguir superar o primeiro projeto de serviço, terá aquela sensação que é duradoura: a compreensão de que há algo maior do que você.”

Meg e Brenden Bjorklund, em frente ao Templo de Meridian Idaho, em outubro de 2021.
Meg e Brenden Bjorklund, em frente ao Templo de Meridian Idaho, em outubro de 2021. | Autumn Stringam

Padilla-Walker disse que pais e líderes da Igreja geralmente estão procurando maneiras de edificar os jovens e ajudar a protegê-los contra resultados negativos.

“Programas como o ServirAgora são uma ótima maneira de ajudar os jovens a se engajarem no serviço a desconhecidos e vizinhos na comunidade, e podem ter um impacto significativo nos resultados positivos para os jovens — incluindo autoestima, autoconfiança, gratidão e esperança — além de proteger contra comportamentos problemáticos, como agressão e baixa autoestima”, disse ela.

Ela recomendou que pais e líderes busquem oportunidades de alta qualidade nas quais os jovens possam ver os benefícios de seu comportamento sobre outras pessoas e estabelecer relacionamentos positivos com amigos e familiares enquanto servem. 

“Isso não só ajudará aqueles a quem eles servem, mas os adolescentes também se beneficiarão imensamente, ao deixarem de lado suas próprias preocupações e problemas, e servirem o próximo”, disse Padilla-Walker.

HISTÓRIA RELACIONADA
Lidar com ansiedade e depressão: Como trabalhar com a história da família pode ajudar
NEWSLETTER
Receba destaques do Church News entregues semanalmente na sua caixa de entrada grátis. Digite seu endereço de e-mail abaixo.