O guia de estudo do “Vem, e Segue-me”, desta próxima semana, abrange Atos 16 a 21, que inclui o sermão de Paulo sobre o “deus desconhecido” na Colina de Marte em Atenas, menções aos estóicos e epicureus e a fé de missionários como Áquila, Priscila e Apolo.
O Church News recentemente pesquisou seus arquivos para saber o que líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e acadêmicos disseram sobre estes capítulos.
Paulo e os atenienses
“A subjugação mais universal de nossos dias, como tem sido ao longo da história, são as crenças ideológicas ou políticas que não condizem com o evangelho de Jesus Cristo. A substituição das verdades do evangelho pelas filosofias dos homens pode afastar-nos da simplicidade da mensagem do Salvador. Quando o Apóstolo Paulo visitou Atenas, ele tentou ensinar sobre a Ressurreição de Jesus Cristo. A respeito desse trabalho, lemos em Atos: ‘Todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade’ (Atos 17:21). Quando a multidão se deu conta da natureza religiosa simples da mensagem de Paulo, que não era nova, eles a rejeitaram.
“Isso é característico de nossa própria época, na qual as verdades do evangelho são frequentemente rejeitadas, ou distorcidas, para torná-las intelectualmente mais atraentes ou compatíveis com as tendências culturais e filosofias intelectuais modernas. Se não tomarmos cuidado, podemos ser capturados por essas tendências e nos colocar sob cativeiro intelectual.”
— Élder Quentin L. Cook, conferência geral de outubro de 2013, “Lamentações de Jeremias: Cuidado com o cativeiro”
“Por que alguns membros, um tanto semelhantes aos antigos atenienses, se mostram tão ávidos de ouvirem alguma nova dúvida ou crítica? (ver Atos 17:21) Assim como certos membros fracos cruzam sorrateiramente a fronteira do estado para jogarem jogos de azar, uns poucos fazem questão de se comprazerem na especulação de suas dúvidas. Em lugar de alimentarem a fé, eles arriscam sua débil fé em outras “paragens”. À pergunta ‘Quereis vós também retirar-vos?’ (João 6:67) esses poucos responderiam: ‘Oh, não, queremos apenas um passe para o fim de semana em um cassino para críticos, ou um clube ...’ Tais membros facilmente distraídos não são discípulos, mas seguidores quando o tempo está bom.”
— Élder Neal A. Maxwell, conferência geral de outubro de 1988, “Respondei-me” [em inglês]
“Ainda hoje é difícil entrar em Atenas sem reverência pela habilidade e gosto inigualáveis de seus antigos construtores. Esta não foi a reação de Paulo, no entanto, uma vez que ele viu, não apenas edifícios admiráveis, mas também santuários pagãos cheios de imagens de deuses e deusas. Seu julgamento não foi instantâneo, pois Paulo disse: ‘passando eu e vendo os vossos santuários’ (Atos 17:23). A frase poderia ser traduzida de forma mais literal: ‘Percorri a cidade e observei seus santuários.’ … Nenhuma cidade superou Atenas em pura concentração de objetos divinos, e Paulo ficou deprimido com a visão. ...
“Paulo não julgou Atenas sem receber de volta suas zombarias. A insolência da multidão vem no idioma ateniense quando ele foi chamado de ‘este paroleiro’, mas a versão do Rei Jaime não foca nisso. O termo spermologos é literalmente ‘colhedor de sementes’, aplicado a vários pássaros necrófagos e se direcionando para o significado grego moderno de ‘fofoca’. Paulo estava pregando claramente sobre ‘Jesus e a ressurreição’ (Atos 17:18). No entanto, com a falta de interesse daqueles que sabiam demais, alguns simplesmente riram de Paulo como um mascate de ideias dispersas.
— Richard Lloyd Anderson, ex-professor de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de 1976 da revista Ensign, “Paul and the Athenian Intellectuals” [em inglês]
Os estóicos e epicureus

“Havia homens importantes na audiência de Paulo [na Colina de Marte], filósofos das escolas estóica e epicurista … um fato que Paulo levou em consideração quando, mais tarde, se dirigiu a seu público educado lá.
“Os epicureus receberam o nome de seu fundador, Epicuro, um ateniense de grande experiência que fundou uma escola e deixou seus escritos para dominá-la. Ele não negava a existência dos deuses tradicionais, mas os tornava irrelevantes para a vida, os retratando como distantes e despreocupados com o mundo. Para os epicureus... o homem era tão temporário quanto os objetos materiais. A morte traria a dissolução e o término da consciência. Para o epicureu, este era um conceito de esperança, porque os problemas e a dor se dissolveriam quando a morte obliterasse o indivíduo.... O dever do homem na vida era buscar o máximo prazer, definido, não como prazer sensual, mas em termos das maiores alegrias da vida. ...
“Os estóicos na audiência de Paulo tinham uma história paralela à dos epicureus. Seu fundador foi Zeno, e porque ele lecionou em Atenas no Pórtico Pintado ou Painted Stoa, seu movimento foi apelidado de ‘estóicos’. Isso atraiu pensadores criativos que acrescentaram aos conceitos do sistema. Na época de Paulo, era o movimento filosófico mais popular, com estadistas romanos como Cícero e Sêneca adeptos de seus conceitos básicos. O estoicismo rejeitou os deuses pagãos em favor da veneração da razão suprema, não personificada, mas vista como permeando o universo, uma forma de panteísmo. O dever do homem era colocar-se em harmonia com a razão e a natureza, renunciando aos desejos egoístas por uma vida virtuosa. No entanto, a visão estóica comum era que as almas eram menos que eternas, perecendo em destruições periódicas e ardentes, que dariam início a novos ciclos de criação. … Enquanto Paulo proclamava um Salvador pessoal e uma ressurreição física, os estóicos sentiam grandes diferenças em suas visões de Deus e do homem.”
— Richard Lloyd Anderson, ex-professor de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de 1976 da revista Ensign, “Paul and the Athenian Intellectuals” [em inglês]
Colina de Marte
“Estes céticos filósofos levaram Paulo a outra reunião: ‘tomando-o, o levaram ao Areópago’ (Atos 17:19). A versão do Rei Jaime adiciona uma falsa definição, ao narrar a abertura do discurso de Paulo ali: ‘Então Paulo estava no meio da colina de Marte’ (Atos 17:22). Mas os termos da versão do Rei Jaime acima... traduzem a mesma palavra grega, Areios Pagos, quer significando a colina de Ares (ou Marte romanizado), o antigo local de julgamento acima da ágora de Atenas e abaixo da Acrópole, ou significando o conselho que originalmente se sentava naquela colina. Se o conselho continuava a se reunir em seu local tradicional nos dias de Paulo, não importaria tanto se alguém traduzisse Areios Pagos como a colina ou o conselho, mas as evidências sugerem que os juízes do Areópago às vezes mudavam de local. ...

“Na época de Paulo, o Areópago era o conselho municipal com amplos poderes reguladores, composto por classes altas. Eles inevitavelmente se preocupariam com a mensagem que havia causado tumultos em outras cidades gregas. Este grupo, e os filósofos que produziram a audiência, se fundiriam como um público acostumado à lógica e atento aos sistemas de pensamento. A oportunidade de Paulo foi grande, e ele falou como se conhecesse, tanto suas convicções gerais, quanto como a mensagem do evangelho poderia afetá-los.”
— Richard Lloyd Anderson, ex-professor de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de 1976 da revista Ensign, “Paul and the Athenian Intellectuals” [em inglês]
O ‘deus desconhecido’

“O apóstolo [Paulo] passou a simbolizar sua mensagem, pelo altar que vira com a inscrição (literalmente) ‘ao deus desconhecido’ (ver Atos 17:23).... O ponto não é o deus, mas o desconhecido. Terminada toda a engenhosidade da mitologia antiga, os gregos ainda não tinham certeza de terem incluído todos os seres divinos possíveis. ...
“Atenas era um paradoxo: uma amostra do paganismo tradicional liderado por homens, cuja educação fomentou a descrença nos mitos humanos sobre seus deuses. Assim, o discurso de Paulo lembrou esta audiência do que eles geralmente sabiam: que santuários e estátuas humanas não poderiam capturar a majestade do verdadeiro criador; que todos se movem e pensam por meio de Seu poder e, de fato, os homens são Seus ‘descendentes’ (genos), literalmente da divina ‘geração’ ou ‘classe’ (veja Atos 17:28). ...
“É muito simplista procurar altares modernos para deuses desconhecidos, mas admissões impressionantes de que Deus é desconhecido não são difíceis de encontrar. … ‘Agnosticismo’ é a adaptação para o português das três palavras de Paulo... Como Paulo, aqueles com conhecimento válido de Deus e Seu plano geralmente podem dizer ao intelectual moderno: ‘Eu declaro a você o Criador que você admite não conhecer.’”
— Richard Lloyd Anderson, ex-professor de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de 1976 da revista Ensign, “Paul and the Athenian Intellectuals” [em inglês
Áquila, Priscila e Apolo
“Na mesma época em que Paulo iniciou seus trabalhos missionários, Cláudio, imperador de Roma, emitiu um edital expulsando todos os judeus e seus conversos daquela cidade. Entre os refugiados estavam Áquila e sua esposa Priscila, que fugiram para Corinto, onde Áquila ganhava a vida como fabricante de tendas. Áquila veio do Ponto, no Mar Negro. Priscila, cujo nome é em latim e significa ‘a pequena velha’, pode ter nascido em Roma.
“Como Paulo também era fabricante de tendas, ele foi morar e trabalhar com Áquila e Priscila quando chegou a Corinto. Enquanto Paulo exercia seu ofício durante a semana, as escrituras nos dizem que ‘a cada sábado disputava na sinagoga, e persuadia judeus e gregos’ (Atos 18:4). Não é difícil imaginar esse raciocínio se estendendo às suas atividades diárias com Priscila e Áquila. ...
“Embora Priscila e Áquila sejam mencionados por Paulo em algumas de suas epístolas posteriores, pouco se sabe sobre sua história subsequente. Encontramos em Priscila uma estudante meticulosa do evangelho de Jesus Cristo. Ela era uma professora destemida e estava disposta a enfrentar até mesmo o eloquente Apolo para compartilhar com ele as verdades que havia aprendido. Certamente ela fez sacrifícios para espalhar o evangelho. Ela fortaleceu o ramo em Corinto. Ela fortaleceu o ramo em Éfeso. Aqueles que viveram em pequenos ramos em dificuldades, à margem da Igreja, conhecem os custos e a coragem de tal fidelidade. A fama de Priscila vai além do registro bíblico, pois uma das mais antigas catacumbas de Roma foi nomeada em sua homenagem. Seu nome aparece em muitos monumentos de Roma e lemos em Tertuliano, ‘pela santa Prisca o evangelho é pregado’. Examinando cuidadosamente esta participação especial de Priscila, descobrimos uma das primeiras missionárias.”
— Ann N. Madsen, ex-professora de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de setembro de 1975 da revista Ensign, “Cameos: The Women of the New Testament” [em inglês]

Éfeso, Apolo e o templo de Diana
“Éfeso, nesse período, abrigava o grande templo de Diana, com seu decadente culto à fertilidade. Éfeso, com Antioquia da Síria e Alexandria do Egito, era uma das três grandes cidades do Mediterrâneo oriental. O templo de Éfeso de Diana (Ártemis) foi uma das Sete Maravilhas do Mundo. Era um dos maiores templos helênicos existentes, com pelo menos 45 x 91 m, e envolvia sacerdotisas e sacerdotes eunucos em seus serviços.
“Éfeso era de fato um caldeirão de superstições e religiões. Deve ter sido um lugar difícil para pregar o evangelho de Jesus Cristo. Mas essa é exatamente a tarefa que Priscila e Áquila empreenderam. Paulo permaneceu por pouco tempo, depois os deixou. Quando Paulo voltou, mais de um ano depois, encontrou um ramo bem organizado.
“Mas um pequeno vislumbre de sua atividade de proselitismo é registrado. Um jovem eloquente judeu, chamado Apolo, foi a Éfeso para pregar. Um recém-converso, ‘conhecendo somente o batismo de João’, ele começou a pregar ‘ousadamente na sinagoga; e ouvindo-o Priscila e Áquila, o levaram consigo, e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus’ (Atos 18:25–26). O sucesso de seu trabalho com o jovem que se tornaria um grande missionário é atestado nas escrituras quando, depois de chegar à Acaia (Grécia), ele ‘foi de muito proveito aos que pela graça criam, porque com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas escrituras que Jesus era o Cristo’ (Atos 18:27-28).”
— Ann N. Madsen, ex-professora de Escrituras Antigas na Universidade Brigham Young, no artigo de setembro de 1975 da revista Ensign, “Cameos: The Women of the New Testament” [em inglês]