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Scott Taylor: Arrependimento e lembrança — e não se lembrar

Presidente Nelson convida todos a “descobrirem a alegria do arrependimento diário”, acrescentando: “A fé pura nos mantém no caminho do convênio”.

Enquanto missionários retornados davam as boas-vindas a seus líderes de missão em uma reunião ao ar livre, um jovem observava cautelosamente, de uma distância curta e intencional, enquanto seus amigos cumprimentavam o casal.

Ao notar o missionário retornado hesitante e rodeando o grupo, o presidente da missão foi inspirado a ir até ele, sentindo e compreendendo suas apreensões.

O líder se separou daquele grupo discretamente para ter um momento privado. Chamando o jovem pelo nome, ele disse: “O Espírito me disse que você está hesitante em vir conversar conosco, porque pensa que, quando o visse, iria me lembrar de um certo tempo que passamos juntos.” O jovem concordou, mordendo o lábio.

“Lembro-me de que você me procurou para resolver alguns assuntos anteriores à sua missão. Lembro-me de nos reunirmos e de despendermos o tempo apropriado para ajudá-lo em seu processo de arrependimento, o direcionando- ao Salvador e à Sua Expiação.

“Mas não consigo me lembrar de nada a respeito das transgressões que você compartilhou, ou de detalhes de nossas reuniões. Não me lembrei delas depois que você resolveu tudo e continuou servindo como um missionário exemplar, e não me lembro delas agora.”

Os dois então se abraçaram, gratos pelas bênçãos do arrependimento do Senhor, Sua misericórdia e Seu perdão.

Nesta história, eu era o líder de missão que retornava; meu jovem amigo concedeu permissão para compartilhá-la.

O momento é representativo de experiências em designações de liderança em alas, estacas, missões e centros de treinamento missionário, onde ajudei a conectar indivíduos arrependidos com o Salvador e Sua Expiação.

Também representa como a Expiação de Jesus Cristo ajuda e abençoa os líderes que aconselham, em parte ao não se lembrarem.

Lembro-me de quando era um novo bispo e ouvi um indivíduo relatar, em lágrimas, seus erros, desejando se arrepender, retornar a Deus e ser perdoado. Lembro-me de ter pensado: “Como esquecerei isso?”

Mas eu me esqueci, quase completamente. Não consigo me lembrar de nada sobre o indivíduo, incluindo nome, idade, gênero, circunstâncias ou resolução. Nada além de “como esquecerei isso?” E acredito que me lembro dessa frase simplesmente para me lembrar de como e por que esqueci todo o resto.

Doutrina e Convênios 58:42 diz: “Aquele que se arrependeu de seus pecados é perdoado e eu, o Senhor, deles não mais me lembro.” Como um líder oferecendo conselhos, eu compartilhava isso regularmente como a garantia de que, não só o Senhor não se lembraria, mas eu também não.

A escritura muitas vezes suscita perguntas: “Mas por que me lembro dos erros que cometi? Se não consigo esquecê-los, isso significa que não estou perdoado?”

Lembramo-nos dos nossos pecados, não como um castigo, mas como uma proteção. Lembramo-nos deles para não criticarmos a nós mesmos ou nos rebaixarmos, como o adversário gostaria que fizéssemos e até mesmo nos ajudaria a fazer. Em vez disso, nos lembramos dos nossos erros ao nos esforçarmos para nos arrepender e não repeti-los. Lembrarmo-nos de nossos erros e compararmos como nos sentíamos naquela época, com como nos sentimos agora, é uma forma de saber que aprendemos, crescemos e nos arrependemos.

Depois de cometer erros, podemos ter sentimentos de culpa, vergonha e constrangimento, bem como fardos emocionais e espirituais que pesam em nossa mente e alma, e quase parecem pesos físicos sobre os nossos ombros. Não queremos nos sentir assim novamente.

Através do arrependimento, esses sentimentos, esses pesos e esses fardos são removidos. Ainda nos lembramos dos nossos erros e pecados, mas nos sentimos diferentes, mais livres e sem impedimentos. Podemos sentir o poder purificador do arrependimento, com “uma mudança na mente e no coração, que nos dá uma nova perspectiva sobre Deus, sobre nós mesmos e sobre o mundo” (“Arrependimento”, Tópicos do Evangelho).

Em uma mensagem da conferência geral de abril de 2022, Presidente Russell M. Nelson convidou os santos dos últimos dias a “descobrirem a alegria do arrependimento diário”, acrescentando: “O arrependimento é a chave para o progresso. A fé pura nos mantém no caminho do convênio.”

Pensar e focar constantemente nos erros dos quais nos arrependemos no passado é como tentarmos andar para trás, obcecados por algo atrás de nós. Ignorar [o problema] e continuar em frente, aumenta a possibilidade de tropeçarmos, pararmos ou nos desviarmos do caminho.

Em vez disso, devemos encarar e seguir em frente, talvez com um olhar ocasional para trás, e não ficarmos muito frustrados com o que está em nosso passado. Em vez disso, devemos ver o problema como resolvido, observar a distância do progresso alcançado desde então, e retomarmos a direção adequada, com nosso foco no destino desejado. Tudo com o incentivo e a ajuda do Senhor.

Lembro-me de como me sinto quando preciso me arrepender, e da mudança que sinto quando o faço. Lembro-me da importância de enfrentar e avançar no caminho do convênio. E me lembro de que, como líder que oferece conselhos, já me esqueci de muitas coisas.

Acima de tudo, eu, assim como você, me esforço para me lembrar do Senhor e de Sua promessa de não mais me lembrar dos meus pecados.

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