Nos últimos sete anos, a série de televisão “The Chosen”, um retrato artístico da vida de Jesus Cristo pelos olhos daqueles que O conheceram, atingiu muitos marcos de sucesso. Foi líder de bilheteria e alcançou centenas de milhões de espectadores em plataformas de streaming como Amazon Prime, Peacock e Netflix. Tornou-se um dos programas mais assistidos do mundo e um dos programas mais traduzidos da história.
“Está em todos os países, em todos os cantos, das prisões aos prédios governamentais”, disse Dallas Jenkins, criador, diretor e produtor executivo do programa.
Jenkins, um evangélico, falou para a comunidade do campus da Universidade Brigham Young durante um fórum na terça-feira, 29 de outubro. Em sua mensagem, Jenkins relatou a jornada do programa, que começou como um projeto financiado coletivamente, e sua própria jornada espiritual ao longo do caminho. Mas em vez de discutir o que poderia ser considerado o auge de sua carreira, Jenkins disse que queria falar sobre algo que ele gostaria que alguém lhe tivesse dito quando ele era um estudante universitário: fracasso.
“Quero contar a vocês minha história de como chegamos a este lugar hoje”, Jenkins disse aos ouvintes. “E é, na verdade, uma história enraizada no fracasso.”
Milhares de estudantes e professores lotaram o Marriott Center no campus de Provo, Utah, em uma manhã tempestuosa de outono, para assistirem devocional pessoalmente, com outros milhares assistindo on-line.
Ao agradecer à universidade pela oportunidade de falar, Jenkins observou que cerca de um terço do programa é gravado no set da Igreja representando Jerusalém, perto de Goshen, Utah. “Vocês sempre foram tão calorosos e acolhedores”, ele disse sobre os santos dos últimos dias e brincou: “Vocês vêm à minha casa há 40 anos, de dois em dois, então já está na hora de eu vir à sua casa.”
A necessidade de reconhecimento
Como um aspirante a cineasta, Jenkins começou sua carreira fazendo vários filmes independentes, o que significa que os projetos eram financiados e distribuídos por um estúdio ou empresa fora de Hollywood. Mas, internamente, ele ansiava pelo reconhecimento da indústria cinematográfica de Hollywood, disse ele. “Gostaria de dizer que também fui motivado pelo reino [de Deus]. Eu queria fazer um bom ‘trabalho do reino.’”
Ele frequentemente dizia a si mesmo que o sucesso lhe daria uma voz, ou uma plataforma, para ajudar a edificar o reino de Deus, disse Jenkins. “E eu acho que havia alguma verdade nisso, mas... o que realmente me deixou animado foi a possibilidade de ganhar prêmios, terminar entre os cinco primeiros nas bilheterias e ser legitimado por empresas de Hollywood.”
Depois de 10 anos trabalhando em Los Angeles, Jenkins se mudou para Illinois, onde foi contratado por uma grande igreja naquela área. Certo ano, ele fez um curta-metragem para o culto de véspera de Natal. Eventualmente, o filme foi notado por um produtor de Hollywood e outra empresa de entretenimento, que disseram que queriam fazer um filme com ele.
Jenkins pensou que havia chegado ao que queria: “Legitimidade, aprovação e interesse de algumas grandes empresas e produtores de Hollywood”.
Eles produziram um filme escrito e dirigido por Jenkins que tinha uma mensagem evangélica. No dia em que o filme foi lançado nos cinemas, “todos estavam muito otimistas”, Jenkins lembrou. Mas os números do primeiro dia mostraram que “o filme era uma completa ‘bomba’, abaixo das projeções mais baixas”. O que significava que as empresas com as quais ele estava trabalhando não apoiariam mais projetos futuros.
Lições do fracasso
Antes disto, Jenkins sentiu a direção de Deus e que ele estava fazendo o que Deus queria que ele fizesse. Então o filme fracassou. Sentindo-se de coração partido e confuso, Jenkins disse que estava “afundando na minha tristeza”, quando sua esposa chegou e disse: “Eu sei que Deus está colocando isso no meu coração, quase tão claro quanto uma voz audível: ‘Leia a história da alimentação das 5.000 [pessoas], e Eu faço a matemática impossível.’”
Jenkins disse que não sabia o que isso significava. Então, ele e sua esposa abriram os Evangelhos no Novo Testamento, na história da alimentação milagrosa dos 5.000, e viram algo que não tinham notado antes.
Quando os discípulos vêm a Jesus e Lhe dizem que as pessoas estão com fome, Ele não fica surpreso. “Ele é aquele que estava falando há três dias. Ele pode vê-los. … Ele os levou ao lugar onde a única coisa para satisfazer sua fome ou desespero seria Ele: um milagre.”
Jenkins disse que ele e sua esposa se sentiram encorajados. “Deus nos trouxe a um lugar de desespero e fome. Tudo bem, agora estamos prontos para ser alimentados.” Mas então os números do filme pioraram.
“Foi quase como se Deus estivesse dizendo: ‘Essa não é a mensagem que tenho para você agora’”, recordou Jenkins.
Às 4 da manhã do dia seguinte, Jenkins estava escrevendo um memorando, analisando as maneiras como ele errou em relação ao filme e maneiras de melhorar. Ele estava na página 15 do memorando, quando recebeu uma mensagem no Facebook Messenger de um de seus amigos do Facebook, Alex, alguém que ele nunca tinha conhecido pessoalmente e com quem falava uma vez por ano.
A mensagem simplesmente dizia: “Lembre-se, não é seu trabalho alimentar os 5.000. É apenas fornecer os pães e os peixes.”
Jenkins respondeu imediatamente à mensagem, perguntando: “Posso perguntar por que você me disse isso?”
Alex respondeu que Deus havia colocado isto em seu coração, mas ele havia resistido. Alex havia dito: “Não, eu mal conheço Dallas. Isso é uma coisa bem condescendente de se dizer a alguém que está passando por um grande fracasso.” Mas o sentimento persistiu, então Alex finalmente decidiu enviar uma mensagem às 4 da manhã, pensando que, provavelmente, Dallas não a veria.
“Aquele momento mudou minha vida”, disse Jenkins, acrescentando: “Agora, eu ainda não sabia o que a ‘matemática impossível’ significava neste caso, porque o sucesso não estava no horizonte, mas naquele momento, tudo o que me importava era a vontade de Deus, então eu me rendi, provavelmente pela primeira vez na minha vida. Eu desmoronei, agradeci a Alex, deixei o memorando de lado e cheguei a um lugar onde eu estava realmente bem com o que Deus queria para mim.”
A matemática impossível de Deus
Enfrentando um futuro incerto em sua carreira, Jenkins disse que voltou a trabalhar para sua igreja e, eventualmente, criou um curta-metragem sobre o nascimento de Jesus, da perspectiva dos pastores. Eles filmaram na fazenda de um amigo. Na época, parecia um pão e meio peixe, disse Jenkins. Mas “enquanto eu estava fazendo aquilo, nunca havia me sentido tão bem, tudo parecia natural e certo. ... E enquanto eu estava fazendo aquele curta-metragem, me lembro que a ideia para ‘The Chosen’ surgiu, e pensei: ‘Quer saber? Em 20 minutos neste curta-metragem sobre o nascimento de Cristo, sinto que estou aprendendo mais e me envolvendo mais com esta história do que nunca.’”
O curta-metragem acabou indo parar nas mãos de uma empresa em Provo, Utah. Eles viram o filme, adoraram e ouviram a ideia de Jenkins para “The Chosen” e adoraram. “Eles disseram, ‘queremos fazer o seu programa.’ E eu fiquei muito animado. Eles disseram, ‘Queremos arrecadar o dinheiro por meio de financiamento coletivo.’ E eu fiquei muito deprimido, porque financiamento coletivo raramente funciona”, disse Jenkins.
Mas ele se lembrou: “Pães e peixes. Não é meu trabalho alimentar os 5.000, então esses eram meus pães e peixes.”
Eles lançaram um curta-metragem on-line e incluíram um pedido no final dizendo às pessoas como elas poderiam investir no projeto. “Então algo especial aconteceu”, disse Jenkins.
Em janeiro do ano seguinte, Jenkins estava sentado com sua esposa, quando viram que tinham arrecadado US$ 10 milhões, quebrando o recorde de financiamento coletivo. Jenkins disse que olhou para sua esposa que, com lágrimas escorrendo pelo rosto, o lembrou: “Eu faço uma matemática impossível.”
Jenkins disse: “Naquele momento, foi muito fácil perceber: ‘OK, isto não somos nós. Esta é uma matemática impossível. Este é o tipo de matemática da qual Deus faz parte.’ … Ele pega o pequeno, o quebrado, o subjugado e faz algo a partir disto.”
No fracasso ou no sucesso, Jenkins disse aos alunos que se lembrem dos cinco pães e dos dois peixes. “Quando vocês entregam isso a Ele, e Ele os considera dignos de aceitação, a transação acaba. Vocês não são mais amados se fizerem sete pães. Mais pessoas não são alimentadas se vocês fizerem três peixes.”
Tragam o que puder, entreguem a Deus e permitam que Ele faça o milagre, disse Jenkins. “Então eu imploro a vocês, começando agora: não esperem até os 40 anos para que Deus os corrijas, os coloquem de joelhos e para vocês se entregarem. Começando agora, cheguem a este lugar, este superpoder, na verdade, que vem de entregar isso a Deus. Não é seu trabalho alimentar os 5.000. Ele é apenas fornecer os pães e os peixes.”
