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Jon Ryan Jensen: Servir e ser servido requerem diferentes tipos de humildade

Na mensagem de Natal da Primeira Presidência deste ano, uma linha se destacou do resto quando a li: ‘Ele fez o que não podíamos fazer por nós mesmos’

Quando eu tinha 12 ou 13 anos, tive a oportunidade no Natal de ajudar um dos líderes da minha ala a distribuir alguns presentes e alimentos, para indivíduos e famílias em nossa vizinhança que precisavam deles.

Tínhamos um quórum pequeno, então foi fácil para nós nos acomodarmos na caminhonete bege que tinha todas as doações guardadas na parte de trás.

Sob a proteção da escuridão, aproximávamo-nos cuidadosamente de cada porta e silenciosamente deixávamos uma sacola de mantimentos, muitas delas incluindo um peru, uma caixa de farofa, legumes em conserva e outros alimentos. Um diácono era designado para tocar a campainha e correr de volta para o carro que estava com o motor ligado nas proximidades.

Pensávamos que éramos os modelos perfeitos de discrição, como muitos adolescentes pensam.

Ocasionalmente, estacionávamos em um local onde podíamos ver a porta se abrir e as compras ou presentes serem recolhidos. Víamos cabeças espreitando pelos cantos procurando evidências de nossa presença. A parte divertida era fazer tudo às escondidas. Acho que não entendíamos realmente o quão gratas algumas famílias estavam por receberem aquelas sacolas em suas casas, poucos dias antes do Natal.

Talvez eu estivesse apenas alegremente alheio ao serviço e realmente concentrado em minhas habilidades silenciosas de ninja.

Depois de percorrer o bairro, marcamos todos os nomes da lista de nosso líder. Ele começou a nos deixar em nossas casas, um por um. Dois de nós morávamos a algumas casas de distância na mesma rua. Eu fui o último a retornar para casa.

Quando chegamos à minha casa, agradeci ao meu líder, Brad Tillotson, e saí do carro. Mas ele também saiu do carro. Ele me disse que eu tinha esquecido algo. Eu tinha certeza que não. Quando me virei, ele pegou mais duas sacolas de compras do porta-malas do carro. Perguntei a ele quem havíamos esquecido. Mas não havíamos esquecido ninguém.

Minha discrição não importaria para esta última entrega. Era para minha família.

Naquela idade, eu estava envergonhado. Eu estava feliz em servir. Eu estava menos feliz em ser servido.

Relutantemente peguei as sacolas e murmurei alguma forma de agradecimento ao meu líder dos Rapazes.

Minha mãe estava visivelmente emocionada quando entrei pela porta com comida nas mãos. Naquele momento, percebi que precisávamos do que me foi dado mais do que eu imaginava.

Na mensagem de Natal da Primeira Presidência deste ano, Presidente Russell M. Nelson, Presidente Dallin H. Oaks e Presidente Henry B. Eyring incluíram uma frase que se destacou das demais.

“Ele fez o que não poderíamos fazer por nós mesmos”, escreveram eles sobre o Salvador.

"Ele fez o que não poderíamos fazer por nós mesmos."

—  Mensagem de Natal da Primeira Presidência de 2024

Naquela noite fria de inverno, há décadas, vizinhos e amigos seguiram o exemplo de Jesus Cristo ao fazer algo que minha família e eu não podíamos fazer por nós mesmos. Às vezes, é mais fácil dizer aos outros o que o Salvador pode fazer por eles, do que sentir que Seu poder pode ser aplicado a nós. E naquela noite, fiquei feliz em imitar o Salvador ao dar. Mas achei muito mais difícil receber.

Em uma revelação ao Profeta Joseph Smith, registrada em Doutrina e Convênios 46:19-20, o Senhor disse: “E também a alguns é dado ter fé para serem curados; [e] a outros é dado ter fé para curar.”

Eu não precisava de cura física naquela noite. Mas eu precisava de humildade para aceitar um tipo diferente de cura.

E ainda posso não ser muito bom em aceitar ajuda dos outros. Mas, como é necessário com alguns dons espirituais oferecidos por nosso Pai Celestial, busco Sua ajuda para obter esta habilidade.

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Leia a mensagem de Natal da Primeira Presidência de 2024

Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou sobre o significado da humildade em uma mensagem que compartilhou na conferência geral de outubro de 2010.

“Humildade não significa convencer-nos de que somos imprestáveis, indignos e sem valor. Tampouco significa negar ou reter os talentos que Deus nos deu. Não descobrimos a humildade tendo um conceito piorde nós mesmos. Descobrimos a humildade pensando menos em nós mesmos. Isso acontece quando realizamos nosso trabalho com o espírito de servir a Deus e a nosso próximo”, disse ele.

Eu me senti menos digno por precisar da ajuda de outros naquele Natal, mas aprendi que Deus não me considerava, nem a minha família, menos dignos.

Parte da conclusão de Doutrina e Convênios 46 é outro ensinamento que aprendi com essa experiência.

“[E] deveis render graças a Deus por todas as bênçãos com que sois abençoados”, disse o Senhor.

Meu agradecimento murmurado há tantos anos, agora parece inadequado. Mas àqueles que serviram então e servem agora, minha gratidão é mais sincera e direta. E ao meu Pai Celestial, que concede todos os dons, agradeço com muita sinceridade.

Ele conhece cada um de nós. E enviou Seu Filho, cujo nascimento comemoramos no Natal, para que pudéssemos viver em gratidão com Eles por toda a eternidade, se seguirmos Seus mandamentos.

Feliz Natal!

— Jon Ryan Jensen é o editor do Church News.

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