Como membro do elenco do musical de “Salvador do Mundo: Seu Nascimento e Ressurreição” em 2024, me aproximei mais do meu Salvador de várias maneiras, com uma experiência em particular aprofundando minha conexão com Cristo.
No segundo ato do espetáculo, eu geralmente me juntava aos outros membros do elenco na colunata, enquanto interpretávamos anjos, o que me permitia assistir ao segundo ato quase na íntegra.
Ao observar as histórias das escrituras ganhando vida no palco, percebi que estava antecipando a mesma cena todas as noites: a visitação do Salvador ressuscitado.
Quando o ator que representava o Salvador entrava no palco, com luzes iluminando a vestimenta totalmente branca, um sentimento avassalador de paz e esperança preenchia meu coração, e lágrimas enchiam meus olhos. Senti como se o Salvador estivesse lá.
Uma noite, durante a semana final do musical, me pediram para ajudar com uma tarefa nos bastidores durante o segundo ato. Posicionando-me atrás de um painel, percebi que não conseguiria ver o Salvador. Decepcionada, pensei que se não conseguisse ver o Salvador, o Espírito não seria sentido.
Ouvi na escuridão a representação de Cleofas e um discípulo que o acompanhava na estrada para Emaús. Lucas 24:13-32 conta que, depois de lamentarem a morte do Salvador e perderem a esperança de que Ele retornaria, os dois são acompanhados pelo Salvador na estrada para Emaús, sem reconhecê-Lo, porque “os olhos deles estavam impedidos” (versículo 16).
Na produção, Cleofas relata a experiência e pergunta [em inglês]: “Diga-me, quando você reconheceu que era Jesus pela primeira vez?”
O discípulo responde [em inglês]: “Quando Ele tomou o pão e o abençoou.”
“Sim”, diz Cleofas [em inglês]. “Foi como na Galileia, quando Ele alimentou os cinco mil, houve aquele sentimento.”
Eles continuam, questionando sua tristeza, porque o Salvador lhes apareceu e como eles poderiam ter sido vagarosos para acreditar. Em resposta às dúvidas um do outro, eles cantam [em inglês]: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho nos falava, e quando nos abria as escrituras? Ele não veio como prometido até mesmo a nós para redimir nossos pecados?”
Quando a cena terminou, inicialmente questionei como eles não foram capazes de reconhecer o Salvador enquanto Ele andava com eles. Mas então pensei: “Quantas vezes na minha vida caminhei lado a lado com o Salvador e não O reconheci?”

Momentos depois, ouvi os acordes familiares de "Assombro Me Causa“, reconhecendo que era o momento em que o Salvador entraria na produção.
Eu procurei freneticamente qualquer buraco ou fenda no painel do palco para ver o Salvador, mas sem sucesso. Mas ouvi a frase familiar: “Paz seja convosco” (Lucas 24:36).
Ouvi no escuro o restante do espetáculo, incluindo a representação de Tomé que, ao contrário dos outros apóstolos, não tinha visto o Cristo ressuscitado.
Quando Tomé cantou, “A menos que eu veja em Suas mãos a marca dos cravos, e não puser a minha mão no Seu lado, de maneira nenhuma o crerei”, isso se assemelhou ao meu pensamento inicial de que se eu não pudesse ver o Salvador aparecer no palco, o Espírito não seria sentido e a experiência não seria a mesma.
Em um artigo da Liahona de julho de 2023, intitulado “Nosso próprio caminho para Emaús”, Élder Patricio M. Giuffra, Setenta Autoridade Geral, diz que a crença não depende somente de evidências físicas, mas também de fé e discernimento espiritual. Reconhecer Jesus Cristo em nossa vida pessoal e jornada espiritual requer estarmos espiritualmente atentos e abertos à presença de Cristo em nosso cotidiano, ensinou ele.
Em “Salvador do Mundo”, o Apóstolo Pedro relembra como Cleofas e o discípulo caminharam lado a lado com o Salvador, falaram com Ele e ainda assim não O reconheceram. Pedro diz a Tomé [em inglês]: “Para vê-Lo, Tomé, para vê-Lo como Ele é, ver quem Ele é, precisamos olhar com nossos corações.”
Em lágrimas, ouvi e senti a profunda presença do Espírito.
Quando o Salvador retornou ao palco para aparecer a Tomé, olhei para baixo do meu lugar nos bastidores, e não consegui ver o ator representando o Cristo ressuscitado, mas consegui ver a luz que o iluminava no palco. Ver a luz e sentir o Espírito me ajudou a saber que o Salvador estava lá.
No caminho de cada pessoa para Emaús, ensinou Élder Giuffra, “talvez não vejamos que Ele está conosco, Se esforça conosco, trabalha conosco e chora conosco. Mesmo em nossos momentos mais tristes, se prestarmos atenção, podemos senti-Lo conosco e ouvir Suas palavras: ‘Aquietai-vos, e sabei que [E]u sou Deus’ (Salmos 46:10).”
Agora sei que não preciso ver o Salvador com meus olhos para saber que Ele está lá, nem preciso vê-Lo caminhando ao meu lado para saber que Ele estará comigo, a cada passo do caminho.
— Emerson Manning recentemente concluiu um estágio no Church News.