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Percepções arqueológicas e testemunhas modernas da Páscoa

Descobertas antigas e um Profeta e Apóstolos vivos ajudam a aprofundar nossa compreensão da Páscoa, diz Richard Neitzel Holzapfel

Em sua mensagem de Páscoa de 2025, a Primeira Presidência de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias escreveu que a Ressurreição de Jesus Cristo “é uma dádiva para todos os filhos do Pai Celestial que já viveram nesta Terra.”

O Presidente da Igreja, Presidente Russell M. Nelson, convidou os santos dos últimos dias a fazerem mais do que simplesmente celebrar este evento sagrado: eles podem se lembrar do amor maior que o tornou possível. A Igreja também está publicando mensagens de Páscoa on-line em Easter.ChurchofJesusChrist.org.

Nesta época do ano, o professor emérito da Universidade Brigham Young, Richard Neitzel Holzapfel, frequentemente pensa em N.T. Wright, um estudioso do Novo Testamento, que disse:

“Este é o nosso maior evento. Se tirarmos o Natal, em termos bíblicos, perdemos dois capítulos no começo de Mateus e Lucas, nada mais. Se tirarmos a Páscoa, não temos um Novo Testamento; não temos um cristianismo” (ver “Surprised by Hope: Rethinking Heaven, the Resurrection, and the Mission of the Church,” por N.T. Wright).

Richard Neitzel Holzapfel
Richard Neitzel Holzapfel | The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints

Holzapfel frequentou a Hebrew Union College [Faculdade União Hebraica] como aluno de pós-graduação, lecionou no Centro da BYU em Jerusalém para Estudos do Oriente Médio, e escreveu diversos livros sobre história e a vida de Jesus Cristo. Ele também já serviu como presidente de missão e Setenta de Área. Em uma conversa com o Church News, ele compartilhou algumas percepções sobre a Semana Santa e testemunhas, antigas e modernas, da Ressurreição de Jesus Cristo.

O início da Semana Santa

A Semana Santa tem início com a chegada de Jesus Cristo a Jerusalém, e é chamado de Domingo de Ramos. Holzapfel disse que Dominic Crossan e Marcus Borg, estudiosos do Novo Testamento, sugeriram que é mais provável que Pilatos também tenha ido a Jerusalém no Domingo de Ramos.

A capital da província da Judeia ficava em Cesareia Marítima, na costa, então Pilatos teria que viajar para Jerusalém.

Vindo da costa, Pilatos teria entrado em Jerusalém pelo lado oeste, em uma procissão cheia de soldados, lanças, cavalos, carros e trombetas para intimidar e mostrar o poder e a teologia imperial.

Enquanto isso, Jesus Cristo estava vindo do leste, do Monte das Oliveiras, para entrar na cidade santa.

“Mas, diferentemente de Pilatos, Jesus montou em um humilde jumento e, em vez de armas, Seus seguidores carregavam ramos, incluindo alguns cortados de palmeiras próximas”, disse Holzapfel. “Em vez de sons ensurdecedores de cascos de cavalos, soldados pisando em uníssono, tambores militares batendo e trombetas soando, os discípulos de Jesus alegremente caminharam e dançaram em direção a Jerusalém cantando, ‘Hosana.’”

Nesta imagem dos Vídeos da Bíblia, Jesus Cristo é recebido em Jerusalém por pessoas acenando folhas de palmeira.
Nesta imagem dos Vídeos da Bíblia, Jesus Cristo é recebido em Jerusalém por pessoas acenando folhas de palmeira. | The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints

Esta não foi uma entrada triunfal no sentido imperial romano: foi a entrada do Filho Messiânico de Deus e o cumprimento de uma profecia.

“Isso realmente me ofereceu uma visão para pensar que Jesus veio em paz, proclamando a paz, e não como um rei guerreiro”, disse Holzapfel.

Paixão é a palavra frequentemente usada para descrever o sofrimento, a morte e o sepultamento de Jesus Cristo. A narrativa da Paixão é o relato mais longo e detalhado no Novo Testamento, do qualquer outro evento, disse Holzapfel. Os leitores podem seguir Jesus Cristo dia a dia e, em alguns casos, hora a hora ou mesmo minuto a minuto. Olhar para alguns dos locais onde esses eventos podem ter ocorrido pode ajudar na compreensão.

Uma estrada do primeiro século no Monte das Oliveiras voltada para o oeste em direção ao Monte do Templo em Jerusalém.
Uma estrada do primeiro século no Monte das Oliveiras, voltada para o oeste em direção ao Monte do Templo em Jerusalém. | Richard Neitzel Holzapfel

Sexta-feira

Jerusalém foi destruída após revoltas judaicas em 66 e 70 d.C. Então, após a revolta de Bar Kokhba em 133 d.C., os romanos assolaram a cidade e reconstruíram uma nova colônia romana lá. Assim, artefatos e sítios que foram originalmente encontrados não eram do primeiro século, quando Jesus Cristo teria estado lá.

Mas, à medida que as pessoas continuaram cavando, mais foi descoberto, e os estudiosos agora acreditam que sabem exatamente onde Jesus estava na Sexta-feira Santa, quando a audiência aconteceu diante de Pilatos.

“Você pode ir lá hoje no lado oeste da Jerusalém moderna, logo ao sul do Portão de Jaffa, e há algumas escadas ainda originais do primeiro século”, disse Holzapfel. “Mesmo mais perto do muro, ainda há parte do piso original. E achamos que foi ali que Jesus se encontrou com Pilatos, onde a multidão estava e onde Ele foi condenado.”

Algumas das escadas do primeiro século ainda existem do pretório em Jerusalém, onde Jesus Cristo provavelmente encontrou Pilatos.
Algumas das escadas do primeiro século ainda existem do pretório em Jerusalém, onde Jesus Cristo possivelmente encontrou Pilatos. | Richard Neitzel Holzapfel

De lá, disse Holzapfel, Jesus Cristo caminhou para o norte pelo portão de Jope, e depois para o Gólgota, onde foi crucificado na nona hora, que seria às 15h da tarde de sexta-feira. Jesus Cristo foi então sepultado antes da noite, quando o Shabat teria começado.

Sábado e domingo

O sábado é chamado de “sábado silencioso”, pois os quatro Evangelhos do Novo Testamento não dizem muito sobre esse dia, embora as escrituras da Restauração tenham revelado o que o Salvador estava fazendo do outro lado do véu.

A Igreja do Santo Sepulcro, também conhecida como Igreja da Ressurreição, foi construída no século IV sobre o local onde muitos acreditam que Jesus Cristo tenha sido crucificado e colocado no túmulo. Túmulos encontrados neste local foram identificados como sendo do primeiro século.

No domingo, o túmulo estava vazio.

“Um dos pensamentos que continuo a ter quando visito o local, é o fato de que o túmulo estava vazio, o que realmente mostra que a vida não é vazia em Cristo”, disse Holzapfel. “Com Ele, podemos nos sentir ligados a Ele, e podemos sentir que Ele está cuidando de nós. E então, mesmo que o túmulo estivesse vazio, nossa vida não precisa ser vazia. Não que não tenhamos momentos de tristeza, quando alguém que amamos morre mas, no final das contas, a vida é plena, e a Páscoa é realmente essa ocasião alegre.”

A Igreja do Santo Sepulcro, conhecida no Cristianismo Oriental como Igreja da Ressurreição (igreja de 1048 d.C.).
A Igreja do Santo Sepulcro, conhecida no Cristianismo Oriental como Igreja da Ressurreição, foi reconstruída em 1048 d.C. | Richard Neitzel Holzapfel

Em uma postagem nas redes sociais em 16 de março, Presidente Nelson convidou as pessoas a se lembrarem de que a Expiação de Jesus Cristo e Sua morte seriam incompletas sem o “ato culminante de Sua gloriosa Ressurreição.”

Foi no Jardim do Sepulcro, disse a postagem de Presidente Nelson, que a obra expiatória de Jesus Cristo foi plenamente realizada, e Sua vitória sobre o pecado e a morte se tornou verdadeiramente completa.

“Quando falamos do amor maior de Jesus Cristo por cada um de nós, testifico que a Ressurreição de Jesus Cristo é a expressão máxima desse amor”, escreveu Presidente Nelson.

O sepulcro vazio é um símbolo da Ressurreição de Jesus Cristo. Esta imagem foi incluída no final das mensagens em vídeo da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos, publicadas pela Igreja em 2024. | The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints

Testemunhas da Ressurreição de Jesus Cristo

O Novo Testamento lista muitas testemunhas e evidências da Ressurreição de Jesus Cristo. Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, listou o seguinte em uma postagem nas redes sociais em 16 de março [em inglês]:

  • A aparição do Salvador no túmulo vazio a Maria Madalena, que foi a primeira pessoa a testemunhar o Senhor ressuscitado (João 20:11-18).
  • Cleofas e outro discípulo caminhando com o Cristo ressuscitado na estrada para Emaús e mais tarde jantando com Ele (Lucas 24:13-35).
  • Cristo aparecendo a 10 dos apóstolos após Sua Ressurreição, lhes mostrando Suas mãos e pés (Lucas 24:39), e comendo peixe e favo de mel (Lucas 24:42-43).
  • O apóstolo Tomé apalpando as feridas nas mãos, pés e lado do Salvador (João 20:27).
  • Mais de 500 pessoas viram simultaneamente o Senhor ressuscitado na Galileia (1 Coríntios 15:6).
  • O testemunho de Paulo de que ele viu pessoalmente o Salvador ressuscitado (1 Coríntios 15:8), e seus ensinamentos sobre o Cristo vivo, como aqueles encontrados em 1 Coríntios 15:20 e 1 Coríntios 15:22.

Acrescente a esses as 2.500 pessoas em 3 Néfi, no Livro de Mórmon, que viram Jesus Cristo ressuscitado e apalparam as marcas em Suas mãos e pés.

O Cristo ressuscitado mostra as marcas das perfurações em suas mãos ao profeta Néfi nesta imagem dos Vídeos do Livro de Mórmon.
O Cristo ressuscitado mostra as marcas das perfurações em suas mãos ao profeta Néfi nesta imagem dos Vídeos do Livro de Mórmon. | The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints

O cristianismo é baseado na história de testemunhas, disse Holzapfel.

“Graças a Deus, louvado seja Deus, que temos testemunhas, multidões delas, deste momento incrível, importante e decisivo”, disse Holzapfel. “Eu diria que a Ressurreição de Cristo não significa apenas que a porta da eternidade foi aberta: ela foi escancarada e nunca mais será fechada.”.

Obter um testemunho e apóstolos vivos

Hoje, todos que buscam conhecer Jesus Cristo por meio das escrituras podem obter um testemunho espiritual de que Ele vive, disse Holzapfel.

Caminhando em Jerusalém durante uma excursão à Terra Santa.
Caminhando em Jerusalém durante uma excursão à Terra Santa. | Richard Neitzel Holzapfel

Para explicar, Holzapfel compartilhou uma história de quando ele fez uma viagem a Jerusalém com um amigo, como estudantes universitários. No final da viagem, eles foram ao Jardim do Sepulcro, que é outro local onde alguns acreditam que Jesus Cristo tenha sido crucificado, enterrado e ressuscitado. Ele fica perto do Portão de Damasco, fora dos muros da cidade de Jerusalém, em um local tranquilo fora da estrada, com um lindo e exuberante jardim.

Enquanto ele estava lá, um ônibus cheio de pessoas chegou e elas fizeram fila em frente à entrada para tirarem uma foto, e ele ouviu uma delas dizer: “Não é ótimo estar aqui e sentir a presença de Jesus?”

Mas Holzapfel olhou para a porta e se lembrou das palavras: “Não está aqui, mas ressuscitou” (ver Lucas 24:6).

“E me ocorreu que não preciso vir a Jerusalém para senti-Lo. Não preciso estar aqui”, disse Holzapfel. “Se eu passar o tempo orando, meditando e lendo as palavras da história, posso ter a mesma experiência de sentir a presença de Jesus. É sobre o evento que o Espírito testifica, não sobre o local.”

Holzapfel recomendou o início da leitura no primeiro domingo da Semana Santa, com os relatos dos quatro evangelhos de cada dia para que, quando chegar o Domingo de Páscoa, o Espírito possa tocar nosso coração, assim como em Lucas 24:32, quando os discípulos disseram: “Não ardia em nós o nosso coração?”

Presidente Henry B. Eyring, segundo conselheiro na Primeira Presidência, disse em uma publicação nas redes sociais em 9 de março: “Porque Jesus Cristo rompeu as ligaduras da morte, todos os filhos do Pai Celestial ressuscitarão em um corpo perfeito e ressurreto, que nunca morrerá. Esta promessa segura pode transformar a tristeza de se perder um ente querido em esperança, enchendo nosso coração de paz e uma alegre expectativa de reencontro.”

Richard Neitzel Holzapfel tira uma foto em um túmulo do primeiro século em Jerusalém.
Richard Neitzel Holzapfel tira uma foto em um túmulo do primeiro século em Jerusalém. | Provided by Richard Neitzel Holzapfel

Holzapfel passou sua vida acadêmica aprendendo grego e hebraico, visitando locais na Terra Santa, tendo aulas, escrevendo livros e artigos, e um dia ele percebeu que todos os seus colegas sabem sobre Jesus Cristo através dos escritos de apóstolos mortos. Mas apóstolos vivos andam pela Terra hoje.

“Temos um Paulo, temos um Pedro, temos um Mateus em nossa presença hoje”, disse Holzapfel. “Eu aprecio o amor contínuo de Deus, ao continuar a enviar apóstolos e profetas em nossos dias que testificam de Cristo. Esta Primeira Presidência é inacreditável. Temos testemunhas modernas testificando destes eventos, para adicionar a todas as outras testemunhas que temos.”

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