Meses após a organização formal de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em 1830, Frederick G. Williams decidiu ser batizado como membro da Igreja. A esposa de Williams, Rebecca Swain, já havia se filiado à Igreja naquela época, e os dois moravam em Kirtland, Ohio. Williams serviu missão quase que imediatamente com Oliver Cowdery no Missouri. E menos de dois anos após seu batismo, Williams foi chamado para servir como conselheiro do Profeta Joseph Smith. Este chamado está registrado em Doutrina e Convênios 81.
O conselho do Senhor a Williams, no quinto versículo desta seção, o chamou para ser fiel e permanecer firme neste novo chamado. Quatro meses antes, o antecessor de Williams no mesmo chamado havia sido desobrigado por ter deixado “de agir de maneira condizente com sua designação” (Doutrina e Convênios 81, cabeçalho da seção). O Senhor continuou na segunda parte do versículo 5, dizendo: “Socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos.”
Na quinta-feira, 24 de abril, o Museu de História da Igreja revelou as 150 obras de arte escolhidas para a representação de Doutrina e Convênios 81:5, como parte do 13º Concurso Internacional de Arte da Igreja. Laura Paulsen Howe, curadora do Museu de História da Igreja, discursou na abertura da nova exposição, e convidou os visitantes a verem diferentes maneiras pelas quais as pessoas retrataram o que significa seguir o conselho do Senhor neste versículo temático.
“O Museu de História da Igreja convidou os artistas a refletirem sobre essa instrução, a visualizarem o que isso pode significar e a se expressarem, a partir de sua perspectiva e em sua própria linguagem visual”, disse Paulsen Howe.
Ela disse que 584 artistas diferentes, de 26 países e territórios, enviaram trabalhos para serem considerados na competição.
Ao falar sobre as diferentes maneiras como os artistas retrataram seus sentimentos, Paulsen Howe destacou que alguns viram “a devastação transformada em beleza, através da ajuda de outros” e “exemplos das escrituras e de histórias pessoais.”
James Swensen é professor de História da Arte na Universidade Brigham Young e um dos cinco jurados que avaliaram as quase 600 obras de arte inscritas. Embora já tenha sido jurado de outros concursos, ele disse que este foi diferente, devido ao tema e às submissões.
Uma obra que se destacou para ele foi “Deposition” [Deposição], de Sarah Hawkes, na qual uma mulher lutando contra o câncer, vestida de branco, é erguida e sustentada por uma dúzia de outras mulheres.
“Isto dá apenas um exemplo de como os santos dos últimos dias em todo o mundo estão compartilhando seu testemunho”, disse ele, acrescentando: “Como observador, como jurado, poder observar isso e ser fortalecido pelo que outras pessoas estão fazendo, seus testemunhos ...” Ele então fez uma pausa e olhou para a pintura de Hawkes novamente, reprimindo suas emoções.
“Quero dizer, olhem para isto.”
Costurando a virtude, removendo o mal
A artista chilena, Pamela Salinas Bernal, criou uma obra vibrante a partir de papel cuidadosamente recortado e sem ácido, meticulosamente disposto em camadas para dar vida a um jardim de milhares de pequenas flores no meio de uma paisagem desolada. As pétalas, formas e alturas das flores variam. Mas Bernal disse que todas crescem no mesmo solo e que suas raízes buscam se fixar da mesma maneira. Sua obra se intitula “The Parable of the Gardner: The Garden of the Lord” [A parábola do jardineiro: O jardim do Senhor].
“A vida pode ser realmente pesada às vezes”, disse Salinas Bernal. “Também sinto que, ao navegarmos por ela, aprendemos que o Senhor nos acompanha e que Ele resolve essas coisas para nós.”
Esta foi a segunda vez que Salinas Bernal teve uma obra selecionada em um concurso da Igreja. Ela se filiou à A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias há 18 anos, e disse que criar obras de arte como esta representa seu testemunho cada vez maior do Salvador.
“Criar uma obra de arte como esta é um longo processo, … e acho que encontrar o caminho para o Senhor é o mesmo. Exige o trabalho de introspecção, exige o esforço de olhar para dentro de si mesmo para encontrá-Lo e se submeter a Ele”, disse ela.
Ao descrever sua arte e sua ideia de conexão de convênio, Salinas Bernal descreveu o serviço prestado entre os filhos do Pai Celestial e Suas bênçãos estendidas a cada um deles como um “ciclo virtuoso”.
“É um ciclo do qual cada um de nós faz parte, e todos têm um papel fundamental no plano de Deus”, disse ela.
Ela apontou para seu trabalho na parede e notou as pessoas trabalhando no jardim repleto de flores. Ela disse que o trabalho das pessoas envolve arrancar muitas ervas daninhas para que as flores cresçam e se tornem aquilo que foram destinadas a ser.
“Às vezes, essas ervas daninhas crescem perto de nós e não nos deixam crescer se não as arrancarmos”, disse ela. “O mesmo acontece com a nossa mente. Nossa mente é um jardim. Se deixarmos as ervas daninhas entrarem em nossa mente, elas podem nos dominar. … Por isso, é importante cuidarmos do nosso próprio jardim e mantê-lo livre dessas ervas daninhas.”
Animada para que outras pessoas vejam seu trabalho, Salinas Bernal disse que espera que as pessoas encontrem esperança no Senhor a um nível pessoal.
“Espero que elas se sintam inspiradas e fortalecidas para reconhecerem que Deus está lá para elas, para mim, para todos, sem discriminação e independentemente de nossas diferenças.”
Expressões de amor
Ryan Moffett, um escultor de Utah, descreveu por que ele criou sua peça de cerâmica intitulada “C’mon, Mom…” [Vamos, mãe…].
“Se eu pudesse dizer ou escrever, não estaria criando esta arte. Ela simplesmente faz isso de uma forma que nenhuma outra mídia faz”, disse ele. “Sinto que me aproximo de Deus com ela.”
Embora desprovida de detalhes precisos da mãe e da criança, a emoção de uma criança pequena puxando a mão de sua mãe é clara. A criança anseia pela atenção e presença da mãe. A mãe coloca uma mão sobre a testa em exaustão.
“Às vezes, quando você pensa nas mãos que precisam ser erguidas, às vezes elas estão precisando disso, elas querem isso, elas estão esperando por isso. E às vezes, no fundo, uma mãe não quer isso. Mas há algo sobre o amor perfeito de uma criança que fortalece qualquer pessoa que entra em contato com elas”, disse ele.
Paige Anderson teve sua obra aceita pela terceira vez no concurso da Igreja deste ano. Anderson disse que encontrou inspiração para o tema nos padrões das colchas de retalhos [quilts] usados por sua avó. E, assim como olhar para o avesso de uma colcha enquanto ela está sendo montada, Anderson disse que pode se surpreender com as camadas reveladas em suas próprias pinturas.
“Estou pintando com várias camadas espessas de tinta antes de lixar”, disse ela, descrevendo seu processo de trazer as cores de volta à superfície, após terem sido cobertas por outra. Nesse processo revelador de lixamento, a artista disse que sente uma semelhança com a vida cotidiana, em que as pessoas fazem escolhas e depois precisam avaliar se o que fizeram está certo ou não.
“Acredito que o discipulado é diário. Acredito que é um passo de cada vez, forjado por pequenos atos”, disse Anderson. Ela observou que vê o mesmo padrão quando lê sobre os discípulos do Salvador no Novo Testamento, que O seguem passo a passo, às vezes parecendo querer ver o que aconteceria em seguida e do que participariam ou testemunhariam.
Fazer coisas que às vezes podem parecer entediantes, ineficazes, ou por hábito, na verdade compensa. Elas trazem dividendos espirituais”, disse ela.
Quando Claire Forste ouviu o tema desta competição, ela imediatamente pensou nas fases da vida que mudam e aparentemente invertem os papéis de apoiar outras pessoas e, depois, precisar de sua ajuda.
“Há momentos em que podemos dar mais e momentos em que podemos receber mais”, disse ela. “Acredito que esse é o nosso convênio. O que prometemos fazer como seguidores de Jesus Cristo é cuidar uns dos outros.”
Forste ilustra este ponto em “I Lift You; You Lift Me” [Eu a ergo; você me ergue], com imagens espelhadas de uma mulher carregando outra na parte superior da pintura e, em seguida, as duas mulheres trocando de lugar na metade inferior. Ao redor da borda, Forste pintou plantas que crescem em diferentes estações do ano.
Detalhes adicionais sobre a exposição
Os trabalhos foram avaliados pelos artistas Christian Bolt, Kazuko Covington e Ima Naranjo Hale; e pelos acadêmicos Amy Maxwell Howard e James Swensen.
Os artistas com obras incluídas na exposição são da Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Bahamas, Bolívia, Bulgária, Canadá, Chile, Estados Unidos, Filipinas, Gana, Guatemala, Hong Kong, México, Nigéria, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Reino Unido, República da Coreia, Suíça, Taiwan, Tonga, Ucrânia e Vietnã.
O Museu de História da Igreja realizou uma recepção ao público na quinta-feira, 24 de abril, das 19h às 21h. A exposição ficará aberta ao público até 3 de janeiro de 2026, com entrada gratuita. O museu abre às segundas, sextas e sábados, das 10h às 18h, e às terças, quartas e quintas, das 10h às 20h.