Nos arredores de Detroit, Michigan, fica Farmington Hills, um subúrbio arborizado, com um clima caracterizado por quatro estações bem definidas.
A cidade também é rica em história, a qual moldou sua comunidade. Na virada do século XX, muitos migraram para o estado em busca de empregos promissores.
“Por causa da era industrial, pessoas de todo o mundo vieram para cá em diferentes épocas para apoiarem essa indústria”, disse o presidente Jeff Day, da Estaca Farmington Hills Michigan. Seus sogros imigraram da Itália em 1917 e permaneceram no local, criando um vínculo pessoal entre o presidente Day e o passado de Detroit.
A evolução da cidade moldou uma comunidade que reúne diversas culturas, crenças e origens. Mas toda comunidade tem seus desafios, e Farmington Hills não está imune a profundas divisões sociais.
O presidente Day descreveu sua comunidade como geralmente amigável, mas permanece bastante consciente das tensões subjacentes, mencionando alguns casos de violência.
“Há tanto ceticismo em relação a diferentes grupos raciais que a região se tornou um foco de tensões há muitos anos”, disse o presidente Day.
Reconhecendo uma “necessidade real” de conversas significativas no âmbito comunitário, a convicção do presidente Day de abordar a hostilidade presente na comunidade se tornou cada vez mais urgente. Assim, quando foi convidado a participar do programa “Bridging to Belonging” [Construindo pontes para a inclusão], criado para facilitar o desenvolvimento de confiança por meio de relacionamentos pessoais, o presidente Day aceitou prontamente.
Em 2023, um grupo do “Bridging to Belonging” foi organizado em Farmington Hills, reunindo sete importantes líderes comunitários, incluindo o presidente Day, que estavam determinados a sanarem as crescentes divisões. Dois anos depois, em 24 de setembro, o grupo recebeu o prêmio inaugural George Washington Unity Award [Prêmio George Washinton da União] no Bridge Building Innovation Showcase & Awards Event [Evento de mostra e premiação de inovação na construção de pontes] em Mount Vernon, Washington, D.C., que reconhece os esforços do grupo para desenvolver confiança e senso de pertencimento em Farmington Hills.
Compartilhamento de histórias originou um movimento local
A origem do grupo remonta a quando Greg Geiger, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e presidente do Conselho de Liderança Inter-religiosa de Detroit, participou de uma reunião de um grupo inter-religioso em Farmington Hills. Lá, ele descobriu que os problemas entre a polícia e as comunidades minoritárias permaneciam sem solução. Em busca de uma resposta, Geiger recorreu às ferramentas de desenvolvimento comunitário oferecidas pelo conselho. Foi então que surgiu a ideia do “Bridging to Belonging”.
Segundo o presidente Day, identificar pontos em comum por meio de experiências ajudou a criar uma base para que o grupo se conectasse pessoalmente. O programa adotou uma abordagem de oficinas, ensinando os membros do grupo a identificarem valores compartilhados por meio de discussões. Desde ir ao cinema até compartilhar refeições, cada membro aprendeu a conversar e se conectar com os outros.

“Uma das coisas que, para mim, tiveram um impacto enorme foi essa ideia de realmente apoiarmos uns aos outros”, disse o presidente Day.
Nesse processo, o presidente Day aprendeu que uma comunidade, onde “a voz de todos é ouvida”, depende menos de falar do que de ouvir. Essa descoberta significativa permitiu que o grupo se apoiasse uns nos outros. O presidente Day participava dos eventos das igrejas dos membros do grupo, e eles participavam dos seus. Ele também incentivou os outros santos dos últimos dias a desenvolverem habilidades de bondade e amor, mesmo em relação a pessoas de quem não gostavam ou não compreendiam.
“Precisamos amar a todos”, disse Day. “Não dá para sermos seletivos.”
Com o tempo, começaram a surgir dúvidas sobre como aplicar o conhecimento adquirido à comunidade em geral. As respostas permaneceram incertas por um período, mas o grupo criou laços de amizade duradouros que continuaram a uni-los.
Em 2024, surgiram discussões sobre a celebração do Juneteenth, um feriado que comemora o fim da escravidão nos EUA, e todos os membros aproveitaram a oportunidade para unificarem a comunidade.
Da solidão à unidade
A Rev. Patricia Coleman-Burns, pastora da Primeira Igreja Metodista Episcopal Africana de Farmington Hills e membro do grupo “Bridging to Belonging”, era há muito tempo uma líder na organização das celebrações do Juneteenth para a comunidade de Farmington Hills.
Mas, com pouca ajuda da cidade e com a persistente ideia errada de que o Juneteenth era exclusivo da comunidade negra, a reverenda Coleman-Burns se sentiu isolada em seus esforços.
Foi então que o grupo “Bridging to Belonging” assumiu o desafio juntos..

“As conversas foram tão enriquecedoras que as pessoas puderam expressar seus sentimentos”, recordou a Rev. Coleman-Burns sobre a celebração de 2024. “Elas podiam simplesmente dizer o que lhes vinha à mente, ou, se não estivessem preparadas, podiam apenas ouvir.” Este ano, a participação foi enorme.
“Toda a polícia estava envolvida”, disse a reverenda Coleman-Burns.
Eles trouxeram caminhões de bombeiros e viaturas policiais, instalaram aspersores e conduziram as crianças por uma pista de obstáculos. Sua presença serviu como prova tangível dos esforços do grupo para aliviar a dor sentida por muitos na comunidade, disse ela.
A Rev. Coleman-Burns reconheceu que o grupo pode não pensar da mesma forma ou acreditar nas mesmas coisas, mas um senso de integridade foi incutido, porque eles podem confiar uns nos outros.
“Apoiar uns aos outros, saber que podemos contar uns com os outros, é exatamente o que precisamos em momentos como estes”, disse ela.
O presidente Day confirmou este sentimento, observando que os membros do grupo têm diferenças doutrinárias claras, mas falam a mesma linguagem do amor.
“Podemos ter algumas divergências sobre como fazê-lo”, disse o presidente Day, se referindo à maneira como os membros do grupo abordam o compartilhamento do evangelho, “mas não divergimos em algumas dessas outras áreas.”

