ESTOCOLMO, Suécia — Todos os anos, as chamas de centenas de milhares de velas se combinam para formarem um rio de luzes na Suécia, no Dia de Todos os Santos, um feriado nacional que ocorre no primeiro domingo de novembro.
A celebração, a qual tem um significado tanto religioso como tradicional, não honra apenas aqueles que já faleceram, mas marca também o início do inverno neste país escandinavo.
Ao visitar a Suécia apenas alguns dias depois que as velas do Dia de Todos os Santos encheram os cemitérios locais, assim como suas comunidades, de luz, Élder Jeffrey R. Holland se reuniu com membros e missionários, e falou sobre o significado da Suécia na história da Igreja.
Seria difícil, para os santos dos últimos dias olharam para o passado e para a vida daqueles que viviam na Suécia, e não compreenderem “o que esta terra significou” para a Igreja e para a posterioridade dos primeiros membros, disse Élder Holland do Quórum dos Doze Apóstolos.
A viagem foi parte de um tour ministerial por três nações, que teve seu início na Alemanha e será encerrada na Finlândia em alguns duas. Élder Holland foi acompanhado por Élder Brent H. Nielson, da Presidência dos Setenta, e sua esposa, a irmã Marcia B. NIelson, assim como Élder Hans T. Boom, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Europa Norte da Igreja, e sua esposa, a irmã Ariena Johanna Boom.
Élder Holland comentou que, com o crescimento do trabalho missionário na área em meados do século XIX, muitos dos primeiros conversos [À] Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias deixaram sua terra e suas lindas paisagens, para se reunirem aos santos nos Estados Unidos, os quais estavam tentando construir Sião. “Era uma época difícil na Suécia e havia uma esperança de que pudesse ser melhor em Sião”, disse ele.
Em uma reunião especial com missionários no país, Élder Holland perguntou aos jovens élderes e sísteres, quais deles tinham laços familiares no país. Mais de 75% dos missionários levantaram a mão.
Não há melhor forma de se pagar tributo a eles do que através do trabalho missionário e devoção à Igreja pela qual eles se sacrificaram tanto, disse Élder Holland.
‘Rocha Missionária’
A sister Grace Eliason, uma missionária de Rockville, Maryland, chegou à Suécia pensando em Anders Eliasson, seu tataravô, que morava em Alingsås, Suécia, em uma grande propriedade chamada Ennerkulen. “Certa noite, ele teve um sonho e foi inspirado a ler uma escritura da Bíblia”, explicou a sister Eliason. “Alguns dias depois, os missionários bateram à sua porta.”
Havia um lindo lago e uma grande pedra em sua fazenda. Os missionários ensinavam nesta rocha e as pessoas se reuniam ali na floresta para ouvir sua mensagem. “Esta rocha logo ficou conhecida como ‘rocha missionária.’”
Em 1863, depois de se filiar à Igreja, Anders vendeu sua fazenda e se mudou para Utah com a família. Ele ajudou a pagar a viagem para Sião de mais de 100 santos dos últimos dias.
Antes de sua própria missão na Suécia, a sister Eliason tinha ouvido falar da “rocha missionária”. Seu avô havia visitado o local sagrado com seu próprio avô. “Eu sempre quis vê-la”, disse ela.
Atualmente servindo em Skövde, localizada a cerca de 90 minutos da rocha missionária, a sister Eliason teve a oportunidade de visitar o local sagrado. “Alguns membros da Ala Alingsås foram muito gentis, nos mostraram o lugar e nos contaram a história”, disse ela. “Estou muito feliz por poder servir ao povo da Suécia, de onde vieram meus antepassados. Eu sei que eles estão aqui comigo e estão cuidando de mim.”
Um diário missionário
Também missionária na Missão Suécia Estocolmo, a sister Emma Pearson de Cedar Hills, Utah, usou sua missão como uma oportunidade para aprender sobre seus antepassados, Ola Pearsson (nascido em Hörby, Skåne, Suécia em 1818) e sua esposa, Sissa Jonson Bengtsson. Depois de se filiarem à Igreja e viajarem para Sião, seu 11º filho, Levi, nasceu em Utah. Duas décadas depois, Levi serviu como missionário na Suécia, mantendo um diário detalhado e registrando seus sucessos e suas experiências missionárias.
Sister Pearson leu o diário de Levi e refletiu. “É muito parecido hoje”, disse ela. “Não estou andando por toda parte como ele andou, mas estou estendendo a mão e continuando os relacionamentos desses primeiros membros da família.”
Ola e Sissa foram a única família da paróquia que se juntou à Igreja. Eles converteram outros na comunidade. Quando eles não puderam pagar a viagem de toda a família para Utah, eles se separaram, com alguns membros da família ficando para trás para economizarem para sua própria viagem. “Eles viveram uma bela reunião”, disse a sister Pearson.
Sister Pearson pensa neles com frequência enquanto caminha por esta bela terra e testifica do trabalho que eles sacrificaram para abraçar.
Bênçãos da determinação
Os membros locais também encontram grande força ao olharem para trás, na vida dos primeiros santos dos últimos dias, os pioneiros que construíram o alicerce para a Igreja hoje na Suécia. Suzan Vennerholm é um membro da terceira geração na Suécia. Seu avô, August Hedberg, se filiou à Igreja no início da década de 1920, pouco depois de perder toda a família para a gripe espanhola. Ele imediatamente viajou para Salt Lake City para realizar as ordenanças do templo por seus entes queridos perdidos. “Ver o que ele teve que economizar para chegar lá e sua determinação foi inspirador”, disse a irmã Vennerholm.
Seu filho, Arne Hedberg, nascido de um segundo casamento após retornar à Suécia, serviu como presidente de estaca, presidente de templo e patriarca na Suécia.
Em sua vida, a irmã Vennerholm viu as atitudes em relação à religião na Suécia suavizarem.
Sua vida é mais fácil por causa dos membros da Igreja que abraçaram o evangelho em tempos difíceis. Sua sogra, Barbro Vennerholm, por exemplo, se filiou à Igreja aos 17 anos. “Ela é um grande exemplo para nossa família”, disse Suzan Vennerholm. “Quando penso nela aos 17 anos, sei que estava sozinha e encontrou oposição. Ela é uma mulher muito forte.”
‘O evangelho tem as respostas’
O presidente da Missão Suécia Estocolmo, Robert L. Davis, disse que a visita de Élder Holland veio no momento perfeito para os santos dos últimos dias no país.
“Mais de 40 por cento das pessoas que vivem na Suécia vivem sozinhas”, disse ele. “A pandemia isolou as pessoas ainda mais. Compreendemos que ela não só buscavam sentido em sua vida, mas também estavam experimentando extrema solidão. O evangelho tem as respostas.”
Presidente Davis e sua esposa, sister Tiffany Davis, serviram como jovens missionários na Suécia há quase três décadas.
Depois de passarem a maior parte do tempo como missionários de tempo integral batendo de porta em porta, os Davis viram as redes sociais mudarem a maneira como o trabalho missionário é realizado na Suécia.
O que permaneceu constante, no entanto, é o compromisso sueco com a história da família.
Isso se reflete na reverência e no compromisso que eles demonstram a cada ano no Dia de Todos os Santos.
“Você vê todas estas luzes, todas estas velas e sabe que há alguém especial por trás de cada uma delas”, disse o presidente Davis.
O Livro de Mórmon: a ‘maior ferramenta visionária’
Ao falar aos membros e missionários na Suécia, Élder Holland refletiu sobre suas próprias memórias da nação. Ele serviu como presidente da Área Europa Norte da Igreja de 1990 a 1993, e fez várias viagens à Escandinávia. Élder Holland também refletiu sobre sua própria missão como jovem élder na Inglaterra.
“Tudo que prezo, de alguma forma veio ou foi moldado, modificado, encorajado ou eliminado por causa dessa decisão. Ninguém nunca começou com menos e voltou com mais do que eu.”
No centro disso, disse Élder Holland, estava “meu conhecimento do Salvador do mundo.”
“Então, supondo que houve um dia nos últimos 60 anos em que não pensei em minha missão, eu simplesmente não sei como foi esse dia.”
Élder Holland prestou seu testemunho do Livro de Mórmon, o próprio livro que acendeu a chama da conversão dos primeiros santos dos últimos dias ao evangelho restaurado de Jesus Cristo.
“Por mais que usem [o Livro de Mórmon], ainda não o estão usando o suficiente”, disse ele aos membros e missionários na Suécia. “Esta é a única e maior ferramenta missionária que Deus já deu ou dará à Igreja.”