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Em um lugar antes definido pela guerra, Élder Stevenson dedica o Templo de Okinawa Japão, um símbolo de paz e união

Esta Casa do Senhor é a 4ª no Japão e 186ª no mundo

OKINAWA, Japão — Já se passaram quase oito décadas desde que a batalha final da Segunda Guerra Mundial ceifou a vida de 240 mil militares japoneses e norte-americanos, e de civis de Okinawa na província no extremo sul do Japão.

Agora, este lugar, antes definido pela guerra e que se tornou sagrado pelo sangue derramado, tem um novo símbolo de paz e união: o Templo de Okinawa Japão de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos, dedicou o Templo de Okinawa Japão no domingo, 12 de novembro. O templo é o quarto no Japão e o 186º no mundo.

“O evangelho de Jesus Cristo navegou através de dificuldades, através de diferenças culturais e através de barreiras linguísticas para se estabelecer na ilha de Okinawa”, disse Élder Stevenson.

Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, na sexta-feira, 10 de novembro de 2023.
Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, na sexta-feira, 10 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

O distrito do templo de Okinawa inclui 5.500 santos dos últimos dias em 12 congregações, membros da Estaca Okinawa Japão, de língua japonesa, e do Distrito Militar Okinawa Japão, de língua inglesa, que agora adorarão juntos na Casa do Senhor.

“Ter a história que faz parte desses dois grupos reunida em um templo … é realmente algo notável”, disse Élder Stevenson.

Em comemoração a ambos os grupos, a dedicação incluiu duas sessões dedicatórias, uma em inglês e outra em japonês. “Todos os membros puderam participar de uma sessão no idioma de seu coração”, disse Élder Stevenson.

O povo de Okinawa ama o templo e “anseia por um templo há gerações”, acrescentou. “E seus pensamentos e sentimentos são ainda mais ternos e realmente profundos por causa da história que temos em Okinawa.”

No templo de 1.155 m2, os santos dos últimos dias de Okinawa homenagearão seus antepassados, “muitos que enfrentaram uma morte prematura associada à guerra.”

Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e sua esposa, irmã Lesa Stevenson, ao centro; Élder Kevin R. Duncan, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Templos, e a irmã Nancy Duncan, à esquerda; e Élder Takashi Wada, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Ásia Norte da Igreja, e sua esposa, Naomi Wada. Templo de Okinawa Japão, 12 de novembro de 2023.
Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e sua esposa, irmã Lesa Stevenson, ao centro; Élder Kevin R. Duncan, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Templos, e a irmã Nancy Duncan, à esquerda; e Élder Takashi Wada, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Ásia Norte da Igreja, e sua esposa, Naomi Wada, à direita, posam para uma foto no lado de fora do templo, antes da dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

Um povo que vai ao templo

Uma terra de profunda espiritualidade e conexão ancestral, o Japão é uma sociedade que frequenta o templo com “alguns dos santos dos últimos dias mais ativos em todo o mundo”, disse Élder Stevenson. Antes de o Templo de Tóquio Japão ser dedicado em 1980, os santos dos últimos dias pioneiros fretavam aviões para viajarem ao Templo de Laie Havaí, disse Élder Stevenson.

Kensei e Hiroko Taira Nagamine participaram dessas primeiras viagens ao templo, primeiro sendo selados no templo de Laie e depois realizando o trabalho vicário pelo pai e irmão de Kensei Nagamine, que morreram em Okinawa durante a Segunda Guerra Mundial.

Primeiro presidente de distrito japonês e depois presidente de estaca em Okinawa, Nagamine disse que ao longo dos anos sentiu a voz de seus antepassados, que ele sabe que estavam esperando por um templo nesta terra.

Akira Yafuso, também um dos primeiros presidentes de estaca em Okinawa, também falou das 240 mil pessoas que morreram na ilha. “Acredito e sinto que esta terra de Okinawa está purificada ou santificada pelo sangue destes antepassados e militares”, disse ele. “E agora é tão bom ter uma Casa do Senhor em Okinawa, ter um símbolo de paz. Queremos ser o povo que ama o templo do Senhor.”

Alsuko Nakado, 99 anos; Tomihara Sadako, 101 anos; Uechi Toyoko, 98 anos; e Makiya Teru, 97 anos, compareceram à dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023. Elas frequentaram juntas uma escola de ensino fundamental quando crianças.
Alsuko Nakado, 99 anos; Tomihara Sadako, 101 anos; Uechi Toyoko, 98 anos; e Makiya Teru, 97 anos, compareceram à dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023. Elas frequentaram juntas uma escola de ensino fundamental quando crianças. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

Nos dias que antecederam a dedicação do novo templo, Tomihara Sadako, 101 anos, caminhou pelo terreno do templo com suas filhas, Sachie Arakaki e Atsuko Asato.

Em 1961, Arakaki, então com 12 anos, foi convidada por um vizinho para ir a uma capela da Igreja; ela foi batizada no oceano e compartilhou o evangelho com suas irmãs.

Quando Sadako soube que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias poderia conectá-la a seus antepassados por meio de ordenanças vicárias no templo, ela acompanhou suas filhas até as águas do batismo em 27 de março de 1976. Pouco antes de seu batismo, ela compareceu à Osaka Japan World Expo [Exposição Mundial de Osaka Japão], e assistiu ao filme produzido pela Igreja “O homem em busca da felicidade”. Depois de assistir ao filme duas vezes, ela soube que havia encontrado uma igreja verdadeira.”

Quando Presidente Russell M. Nelson anunciou o templo de Okinawa em 7 de abril de 2019, ela começou a visitar o terreno do templo. “Quando vi as palavras “Santidade ao Senhor”, ela sentiu que essas palavras eram um sinal de paz em uma terra que havia sido definida pela guerra.

“Orei para viver até o dia da dedicação”, disse Sadako. “Meu sonho se tornou realidade. Eu estou tão feliz.”

Hacksaw Ridge em Okinawa no sábado, 11 de novembro de 2023.
Hacksaw Ridge em Okinawa no sábado, 11 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

A mãe de Yoshitaka Asato se converteu cedo à Igreja no Japão. Em sua juventude, Asato “sempre sentiu que precisava ir à igreja, mas não foi.”

Então ele perdeu tragicamente um amigo e abriu o Livro de Mórmon. Ele leu o dia todo e durante a noite. “Senti o espírito tão fortemente que não consegui conter as lágrimas”, disse ele. Ele foi batizado em 17 de junho de 1978.

Com sua esposa, Atsuko Asato, Yoshitaka Asato liderou o comitê da casa aberta e dedicação do Templo de Okinawa Japão. Durante a casa aberta, cerca de 8.000 pessoas visitaram o edifício sagrado. Ainda que a estaca japonesa e o distrito militar tenham compartilhado edifícios e trabalhado juntos por muitos anos, a casa aberta lhes proporcionou a oportunidade de “se tornarem melhores amigos e terem melhores relacionamentos”, disse Yoshitaka Asato. “Tínhamos membros japoneses e americanos em todos os subcomitês. Trabalhamos muito, trabalhamos juntos e estávamos unidos.”

Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, na sexta-feira, 10 de novembro de 2023.
Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, na sexta-feira, 10 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

Bingata de Okinawa

As janelas coloridas do Templo de Okinawa Japão refletem o Ryukyu bingata, uma antiga técnica de tingimento em estêncil com raízes em Okinawa.

Tradicionalmente, a arte, que remonta ao século XIV, mistura os corantes naturais encontrados nas Ilhas Ryukyu com pigmentos importados de outras terras, criando tecidos e peças de vestuário antes reservadas à realeza.

O bingata no templo de Okinawa inclui três painéis de vidro pintado, cada painel com um desenho diferente.

Postas em camadas, a janela cria um design vibrante e bonito.

O bingata, que foi quase destruído durante a Segunda Guerra Mundial, também pode ser uma representação da comunidade de santo dos últimos dias de Okinawa, na qual a estaca de língua japonesa e o distrito de língua inglesa, antes divididos pela guerra, se unem para criar algo belo.

Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, segura Kiho Uehara, filha de um de seus ex-missionários quando Élder Stevenson liderava a Missão Japão Nagoya, em Okinawa, no sábado, 11 de novembro de 2023.
Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, segura Kiho Uehara, filha de um de seus ex-missionários quando Élder Stevenson liderava a Missão Japão Nagoya, em Okinawa, no sábado, 11 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

O presidente do Distrito Militar de Okinawa, Mark Frances, disse que existem duas culturas diversas e diferentes em Okinawa, que são unidas pelo evangelho de Jesus Cristo.

Sua esposa, Nettie Frances, que serviu no comitê local de dedicação do templo, disse que Okinawa cria uma “imagem única de como o evangelho pode unir as pessoas em paz.”

“Toda a história da Igreja em Okinawa tem sido esta mistura de militares americanos e cidadãos japoneses”, disse ela. “O templo é um símbolo de paz e de cura para ambos os lados, o dos americanos e o dos japoneses.”

Embora os primeiros missionários tenham chegado a Tóquio em 1901, a Igreja não esteve presente em Okinawa e nas Ilhas Ryukyu vizinhas, até a década de 1940, quando a Segunda Guerra Mundial trouxe militares americanos em 1945.

“Os primeiros membros da Igreja aqui foram, na verdade, militares americanos que desembarcaram neste país em tempos de guerra, e se sentiram muito perturbados, longe de casa e com saudades de casa”, disse Nettie Frances. Apenas sete dias após o fim dos combates, eles realizaram uma grande reunião da Igreja com a presença de 180 soldados.

Os santos dos últimos dias americanos hoje sentem alguns dos mesmos sentimentos que os soldados originais sentiram. “Ficamos com saudades de casa, estamos longe de casa, gostaríamos de poder ter nossos familiares por perto. Comemos alimentos estrangeiros e ansiamos por qualquer coisa que nos seja familiar. Mas ter o templo aqui nos dará aquele pedacinho de casa que almejamos.”

O presidente Frances disse que continua a ter força do compromisso dos membros japoneses com o evangelho. “Eles abrem mão de muita coisa e, uma vez que abraçam o evangelho, são muito comprometidos”, disse ele.

Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e sua esposa, irmã Lesa Stevenson; Élder Takashi Wada, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Ásia Norte; Élder Kevin R. Duncan, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Templos, e a irmã Nancy Duncan, caminham antes da dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023.
Élder Gary E. Stevenson, do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e sua esposa, irmã Lesa Stevenson; Élder Takashi Wada, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Ásia Norte; Élder Kevin R. Duncan, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Templos, e a irmã Nancy Duncan, caminham antes da dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

‘Um momento de ternura’

Em 1974, Élder Stevenson foi chamado como jovem missionário para a Missão Japão Fukuoka. Ele retornou com a família quando ele e a irmã Stevenson foram chamados como líderes da Missão Japão Nagoya, e depois quando ele foi designado para servir na presidência da Área Ásia Norte, com sede em Tóquio. “É um lar para nós”, disse ele sobre a nação.

Hajime Miyara serviu sob a liderança de Élder Stevenson na missão Nagoya. Em uma entrevista final, Élder Stevenson prometeu a Miyara que um dia ele seria um líder em Okinawa. Hoje, ele é o presidente da Estaca Okinawa Japão.

Ao ponderar sobre a designação de retornar novamente ao Japão e dedicar o templo, Élder Stevenson disse que seus pensamentos se voltaram para “todos os elementos que fizeram parte da vida do povo de Okinawa”: as dificuldades que enfrentaram e o efeito que a devastação da guerra causou às suas famílias.

“E este é um terno momento ao pensarmos que o Senhor escolheu Okinawa, no Japão, como um lugar para Sua casa, a Casa do Senhor com santidade ao Senhor.”

Participantes aguardam em uma fila antes da dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023.
Participantes aguardam em uma fila antes da dedicação do Templo de Okinawa Japão, em Okinawa, no domingo, 12 de novembro de 2023. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

A santidade ao Senhor exige “bondade, união, amor, respeito, caridade, bondade fraternal. É tudo que esperamos que possa acontecer para redimir as pessoas das coisas horríveis que foram sofridas pelo povo daqui. E não é apenas para nós que estamos vivos, mas também para os nossos antepassados falecidos, alguns dos quais estavam bem no meio daquelas coisas horríveis que aconteceram.”

O templo, disse ele, trará redenção à medida que as chaves do sacerdócio abrirem a porta para o selamento das famílias.

“Pensem nas bênçãos que aquelas pessoas do outro lado do véu estão recebendo e que aguardavam ansiosamente por um momento em que um templo faria parte da Igreja restaurada de Jesus Cristo em Okinawa.”

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