BRUXELAS, Bélgica — Dirigindo-se ao Parlamento da União Europeia, em antecipação ao Dia Internacional da Mulher, a presidente Camille N. Johnson, presidente geral da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, convidou os líderes a “visualizarem um mundo em que as mulheres cultivem, usem e expandam seus dons naturais.”
Ultrapassar as fronteiras religiosas constrói a paz, disse ela na segunda-feira, 4 de março, no edifício do parlamento em Bruxelas, Bélgica. “Amigos, podemos alcançar o que nenhum governo consegue: uma irmandade; uma irmandade global de pacificadoras.”
Durante seu discurso intitulado “Empoderando a liberdade de religião ou crença das mulheres”, a presidente Johnson citou Presidente Russell M. Nelson, dizendo que as mulheres “foram abençoadas com uma bússola moral singular”, e possuem “dons e propensões espirituais especiais” para sentirem as necessidades humanas e confortarem, ensinarem e fortalecerem.
Desta forma, explicou ela, “cada uma de nossas comunidades depende de mulheres comuns para o florescimento humano, ao desempenharem seus papéis singulares como líderes, professoras, educadoras, cuidadoras e pacificadoras.”
Para aquelas “mulheres comuns de quem dependemos”, é importante abordarmos um problema profundo, que é muitas vezes esquecido por observadores, comentadores e jornalistas contemporâneos.
“Sendo isto, a nacionalização de culturas que são hostis às crenças religiosas minoritárias e a secularização de culturas que são antagônicas à religião em geral, quando combinadas com restrições governamentais às instituições religiosas e ao exercício religioso, têm efeitos devastadores na sociedade em geral e nas mulheres especificamente.”
A reunião reservada, realizada em torno de uma mesa de reuniões, foi organizada por Anja Haga, membro do Parlamento Europeu. Um painel de discussão, incluindo Rachel Bayani, representante da U.E.; Helene Fisher, representante de Gênero e Liberdade Religiosa; e Anastasia Hartman, da Open Doors International abordaram o tema “Vozes de resiliência: Histórias de mulheres na busca pela liberdade de religião ou crença”. Uma segunda discussão teve a participação de Carolyn Handschin, da Federação das Mulheres para a Paz Mundial e Susan Kerr, representante da Liberdade de Religião ou Crença, discutindo o tema “Empoderando a liberdade de religião ou crença das mulheres: Estratégias e soluções.”
A presidente Johnson observou que cientistas sociais descobriram que, quando as sociedades e os governos restringem as liberdades religiosas, o conflito social aumenta. “Tais conflitos e a violência que se segue prejudicam sempre os mais vulneráveis, incluindo mulheres e crianças”, disse ela. “Isso desestabiliza economias e famílias. Aumenta a desigualdade, incluindo a desigualdade de gênero. E impede que as mulheres utilizem os seus dons inatos para cultivarem a paz.”
Os esforços para se manter a ordem social, forçando a homogeneidade de crenças, ou restringindo crenças, sempre fracassam, disse ela. “Portanto, hoje quero explorar com vocês o que este problema significa, em particular para as mulheres, e o que ele sugere sobre o que é necessário para que as mulheres floresçam.”
Se as mulheres comuns quiserem cumprir o seu papel diário único de pacificação, elas próprias precisam ser inspiradas, nutridas, curadas, capacitadas e ensinadas sobre o seu potencial divino, disse ela. “Esta fonte virá de sua capacidade de buscar inspiração diária, ou de hora em hora, da maneira que sua consciência ditar.”
Ela pediu aos membros do parlamento que imaginassem o que aconteceria, “se cada mulher se sentisse capacitada dentro de sua esfera de influência, para viver plenamente os seus dons e propensões especiais para nutrir, cuidar, curar, ensinar e liderar.”
Imaginem, disse ela, “o que aconteceria se nós, como mulheres em cargos de liderança, pudéssemos libertar todo o poder das mulheres para transformarmos a sua inspiração pessoal em acção organizada.
“E imaginem o oposto, uma realidade em muitas comunidades, um mundo onde as mulheres vivem com medo da perseguição social, e as restrições oficiais sufocam a sua expressão de crença conscienciosa, e as impedem de se reunirem para adorar e se organizarem para fornecerem apoio mútuo. Em tais ambientes, a capacidade coletiva das mulheres para resolverem problemas complexos e elevarem a sociedade fica enormemente diminuída, e as esperanças e aspirações individuais são frustradas.”
Liberdade de religião
A presidente Johnson comentou que, embora a liberdade de religião e crença seja estabilizadora e fortalecedora, não é isenta de complexidades.
Reconhecendo os atos prejudiciais praticados por extremistas em nome da religião, a presidente Johnson disse que estas situações extremas não são motivo para se restringir a liberdade religiosa. “Em vez disso, deveríamos reconhecê-los como um sinal de alerta, de que precisamos compreender melhor a situação das mulheres afetadas desta maneira. Devemos nos comunicar melhor e realmente capacitar as nossas irmãs nestas situações desesperadoras, para ultrapassarem as divisões sociais e resolverem problemas.”
Em quase todos os casos, quando a sociedade ou os governos restringem as mulheres de exercerem seus direitos de consciência, “podemos esperar resultados piores dentro de casa, com a saúde pública, com a educação e com a sociedade civil”, disse ela.
A religião e a espiritualidade conectam as mulheres com o divino, encontrando expressão através da arte, música, poesia, escrituras, oração e devoção, e entre si.
“Como mulheres, existimos dentro de irmandade global muitas vezes tácita”, disse ela. “As marés e as estações da nossa biologia, e a universalidade da forma como criamos e nutrimos a humanidade, nos conectam sem palavras através de divisões culturais, barreiras linguísticas e abismos políticos.”
A liberdade religiosa das mulheres é um componente fundamental para a paz global, disse a presidente Johnson. “A nossa irmandade implícita cria uma capacidade de construirmos sobre um terreno comum, que constitui a base da paz, uma paz que é mais do que a mera coexistência na ausência de guerra, mas algo muito mais belo e poderoso, trazendo a individualidade para um todo unificado.”
Sociedade de Socorro
A Sociedade de Socorro, uma das maiores e mais antigas organizações de mulheres do mundo, composta por quase 8 milhões de mulheres santos dos últimos dias, e organizadas em mais de 30.000 congregações ao redor do mundo, inspira as mulheres a se unirem na prestação de atos consistentes de serviço em seu lar e comunidade, disse a presidente Johnson.
“Tenho visto o que as nossas mulheres fazem quando conseguem se expressar plenamente, assim como se conectar com outras pessoas através de nossa irmandade conjunta. Tenho visto mulheres elevarem umas às outras em meio à pobreza. Tenho visto mulheres se preocuparem, alimentarem e cuidarem de crianças que não são suas. Já vi mulheres defenderem outras pessoas da devastação da guerra.”
Ela disse que a Sociedade de Socorro fornece os meios práticos para cumprirmos a admoestação de Jesus Cristo de amar o próximo, proporcionando assim as condições para uma paz duradoura e o florescimento humano.
Por exemplo, disse ela, na última década os santos dos últimos dias na Europa responderam à crise dos refugiados. “Embora viessem de diferentes países, culturas e tradições religiosas, o vínculo comum de fé foi um aspecto crítico da razão pela qual este apoio foi particularmente significativo”, disse ela. “As mulheres santos dos últimos dias estavam conscientes da importância de honrar e acomodar os compromissos religiosos destes refugiados.”
E nas Filipinas, mulheres santos dos últimos dias preocupadas com a elevada prevalência da desnutrição em suas comunidades, e como isto estava afetando suas próprias famílias, aprenderam mais sobre as devastadoras consequências da desnutrição para toda a vida. Em resposta, líderes e membros realizaram exames nutricionais, ensinaram pais sobre boa nutrição e encaminharam aqueles que precisavam de atenção para serviços médicos e comunitários locais que forneceriam tratamento. “Este esforço está atualmente sendo implementado em mais de mil congregações em 12 países. Mais de 14 mil crianças foram examinadas para detectar casos de desnutrição.”
Discipulado
Presidente Johnson disse que, embora a Sociedade de Socorro “possa e irá usar nosso alcance global para ampliar estes esforços inspirados pelas mulheres”, ela acredita que o trabalho mais importante e impactante das mulheres continua a ser feito “quando cuidamos de nossos próprios filhos, ensinamos um amigo a ler, atendemos pacientemente às necessidades de um vizinho idoso, preparamos uma refeição para alguém doente ou choramos com uma irmã que está de luto.”
Testificando que acredita que Jesus Cristo veio à Terra para salvar a humanidade do pecado e da morte, e para tirar o mundo da tristeza e da angústia, ela disse: “Eu me esforço para ser uma discípula de Jesus Cristo.”
O requisito mais importante do Salvador para Seus discípulos é reconhecer as necessidades individuais imediatas ao seu redor e responder com paciência e amor, explicou a presidente Johnson.
“Portanto, meu apelo à ação hoje é simples e pessoal. Embora devamos agir de forma justa e responsável em nossos papéis como mulheres líderes, não negligenciemos os indivíduos dentro do nosso círculo imediato de cuidados.”
Ela pediu aos líderes que buscassem orientação divina e realizassem um ato de serviço para alguém dentro de sua esfera de influência. “Espero que este simples exercício nos ajude a reconhecer que o nosso maior sucesso será libertar o poder da nossa irmandade global, libertando o poder das mulheres expresso através da fé e da consciência”, disse ela.
O envolvimento das mulheres em suas congregações, famílias e comunidades criará uma onda de empatia e compaixão, acrescentou ela.
“Agora, para nós nesta sala, a partir da nossa posição única como mulheres líderes, podemos e devemos também avaliar e abordar as preocupações a nível social. Podemos e devemos procurar formas de se eliminar encargos e restrições desnecessários para as mulheres. Podemos e devemos defender juntas a liberdade de religião e crença.
“No entanto, não podemos ter acesso a todas as pessoas no mundo, não importa quão bem financiados sejam os nossos programas, quão bem redigidas sejam as nossas políticas, ou quão bem desenvolvida seja a nossa diplomacia.
“Mas através da nossa irmandade global, podemos alcançar cada alma.”