Dentre as diversas instituições que compõem o Sistema Educacional da Igreja, a Universidade Brigham Young é a única voltada para a pesquisa.
Com isso, a universidade tem uma responsabilidade de proporcionar aos estudantes um “engajamento amplo e profundo com o mundo”, disse Kevin J. Worthen, presidente da BYU, ao Church News em 2021.
“Por meio do ensino baseado na fé e da pesquisa centrada no estudante, a BYU visa produzir excelentes estudantes que causam um impacto distinto e significativo no mundo”, disse ele.
De exercícios físicos a icebergs, e leopardos a redes sociais, pesquisas recentes da BYU mostram como a instituição está proporcionando “engajamento amplo e profundo com o mundo” e maneiras pelas quais estudantes e professores estão causando um “impacto significativo”. Leia a seguir, alguns dos estudos publicados nos últimos meses.
Por que as mulheres não devem ser excluídas das pesquisas sobre exercícios físicos

Um estudo da BYU publicado no Journal of Applied Physiology [em inglês] mostra por que é crucial incluir as mulheres em pesquisas sobre exercícios físicos.
O que muitos não percebem é que, mais de 90% dos estudos sobre desempenho de exercícios físicos e fatigabilidade, excluem mulheres. Por quê? Acredita-se que as alterações hormonais durante o ciclo menstrual afetam a capacidade, o que poderia confundir os dados e tornar a inclusão das mulheres muito complicada.
Entretanto, Jessica Linde, que liderou o estudo para sua tese de mestrado da BYU em Ciências de Exercício, descobriu que, “mulheres com ciclos regulares tiveram o mesmo desempenho entre a fase de alto estrogênio, a fase de alta progesterona e durante a menstruação, quando há baixas concentrações de ambos.”
De exercício a exercício, o desempenho das mulheres foi constante. “Essa informação levanta uma grande barreira”, disse Linde em um comunicado à imprensa da BYU [em inglês]. “Isso mostra que não devemos excluir as mulheres de pesquisas com base na ideia de que seus ciclos menstruais distorcerão os resultados.”
Além do ciclo menstrual não afetar o desempenho de uma mulher no exercício, o estudo também destacou as principais diferenças entre a resistência de mulheres e homens. Por exemplo, as mulheres atingiram a exaustão por fadiga muscular cerca de 18% mais rápido que os homens, mesmo quando ajustes à massa muscular foram levados em consideração, possivelmente porque o corpo feminino pode reservar mais energia naturalmente.
“Há muito tempo, a suposição nas pesquisas de exercícios físicos é que as mulheres são como os homens, apenas menores”, disse Jayson Gifford, professor de Ciências de Exercício da BYU e co-autor da pesquisa. “Nosso estudo sugere que elas não são, e que existem diferenças importantes entre o exercício físico das mulheres e dos homens. Incluir mais mulheres em pesquisas nos permitirá refinar as abordagens da fisiologia feminina.”
Por que os gerentes deveriam ser mais como o Sr. Spock

A pesquisa publicada por Jeff Dyer e Taeya Howell, professores da BYU Marriott School of Business, explora a tensão entre o que eles chamam de “segurança psicológica” e “honestidade intelectual”, na promoção da inovação.
O estudo, publicado no MIT Sloan Management Review [em inglês], discute como, para criar um ambiente onde a inovação possa prosperar, uma equipe deve ser capaz de falar livremente e estar aberta para discordar e debater. Entretanto, os gerentes que se concentram exclusivamente na criação de um ambiente onde as pessoas se sentem aceitas e confortáveis para compartilhar ideias e preocupações — ou um lugar “psicologicamente seguro” — podem, na verdade, dificultar a inovação.
“Um enfoque na coesão social e fazer as pessoas se sentirem seguras pode comprometer o debate honesto e franco”, explicou Dyer, co-autor do estudo e recebedor do título Horace Beesley Distinguished Professor of Strategy da BYU Marriott School of Business, em um comunicado à imprensa da BYU [em inglês].
Por outro lado, ser franco ou totalmente honesto em uma discussão, como Steve Jobs, pode fazer com que as pessoas se sintam menos seguras e menos dispostas a compartilhar preocupações e erros.
Líderes que conseguem equilibrar a segurança psicológica e a honestidade intelectual recebem os benefícios de ambas.
Em outras palavras, inovadores e suas equipes criam, idealmente, uma cultura na qual indivíduos podem expressar ideias e desacordos de uma forma racional e construtiva — como faz o Sr. Spock, personagem de “Jornada nas Estrelas” — ao mesmo tempo que também reconhecem suas emoções e preconceitos humanos.
“O desafio, para a maioria dos líderes, é aprender a ser mais como o Sr. Spock, promovendo um debate franco sobre os problemas que a equipe precisa resolver, de uma forma hiper-racional e imparcial, que neutralize o conflito interpessoal”, explicou Dyer.
Icebergs da Antártica no século XVIII comparados com os atuais

De 1772 a 1775, o Capitão James Cook circunvagou a Antártica a bordo do navio HMS Resolution. Quando possível, Cook registrava sua posição em seu diário, juntamente com suas observações sobre os icebergs, os quais ele chamou de “ilhas de gelo”, “ilhotas de gelo” e “colinas de gelo”.
“Cook manteve bons registros, mas eles não são perfeitos”, observou David G. Long, professor de Engenharia Elétrica e da Computação da BYU. “Eles são basicamente anotações em um diário. Ele tirava alguns dias de folga. Às vezes, ele apenas dizia: ‘vi muito gelo no oceano.’”
No entanto, foi o suficiente. Usando os diários de Cook, três pesquisadores da BYU, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e da Faculdade de Oceanografia da Universidade de Washington, fizeram comparações com os dois maiores conjuntos de dados modernos: o BYU/National Ice Center [em inglês] e os conjuntos de dados do Instituto Alfred Wegener.
Eles descobriram que a descrição de Cook sobre as distribuições dos icebergs está de acordo com os dados modernos. Eles também encontraram que o rastreamento adicional dos icebergs feito por Edmond Halley em 1700, Lozier Bouvet em 1739 e Edward Riou em 1789, também são condizentes com os dados atuais.
“Onde eles viram os icebergs, nós os vemos agora; onde eles não os viam, nós não os vemos”, disse Long, co-autor do estudo.
Como os bancos de dados que eles utilizam rastreiam grandes icebergs que não são tão sensíveis às mudanças climáticas, o estudo não faz necessariamente uma conexão com questões de aquecimento global, disse Long. No entanto, considerar o resultado de que não houve nenhuma mudança significativa nos icebergs de 1700 a 2000 é fascinante.
“É a primeira comparação, da qual estou ciente, de um banco de dados de icebergs registrados por satélite com dados da era pré-moderna”, disse Long. “Sempre tive orgulho de meu banco de dados remontar a várias décadas, porém, neste caso, estamos remontando a alguns séculos.”
Mapeamento do genoma de um gato selvagem ameaçado de extinção






Pesquisadores da BYU e do Smithsonian Conservation Biology Institute estão fazendo o possível para ajudarem a proteger uma espécie de gato selvagem ameaçada de extinção, através do estudo da genética do animal.
Ambas as espécies de leopardo-nebuloso — nome dado ao animal devido a seu pelo com manchas em formato de nuvens — têm populações em declínio devido à destruição do habitat, caçadores ilegais e outras ameaças.
O estudo dos pesquisadores, publicado na revista iScience, detalha como a equipe sequenciou todo o genoma de ambas as espécies do gato selvagem: o leopardo-nebuloso de Sunda e o leopardo-nebuloso do Continente. Eles descobriram que o leopardo-nebuloso se dividiu em duas espécies distintas, muito antes do que se pensava.
Por que isso importa? “Quanto mais profundas as divergências entre as espécies, mais diferenças genéticas são acumuladas ao longo do tempo”, explicou Paul Frandsen, professor da BYU e autor do estudo, em um comunicado à imprensa da BYU [em inglês]. “Se duas espécies divergiram há 5 milhões de anos, em vez de 2 milhões de anos atrás, isso simplesmente proporciona muito mais tempo para o genoma acumular variações únicas. Isso é crítico para a preservação porque queremos manter essa variação única na espécie.”
Autocensura nas redes sociais

Ao lermos uma série de postagens nas redes sociais, pode parecer natural presumirmos que essas opiniões representem a maioria, mas um estudo da BYU descobriu que as conversas nas redes sociais estão sendo conduzidas pela extrema esquerda e direita, e não pela maioria que se encontra no centro.
O estudo, publicado no Social Media + Society [em inglês], perguntou aos participantes sobre o uso das redes sociais, o quanto eles estão preocupados em perder amigos nas redes sociais devido a diferenças políticas, e qual a probabilidade de autocensurarem seus comentários nas redes sociais.
Os resultados mostraram que a maioria das pessoas — democratas e republicanos moderados — está autocensurando seus comentários nas redes sociais para não criar contendas, perder amigos on-line ou ser visto de uma determinada maneira.
“As pessoas da extrema esquerda e direita são as que se manifestam nas redes sociais” [em inglês], disse Devin Knighton, professor de Relações Públicas da BYU e co-autor do estudo, em um comunicado à imprensa da BYU. “Essas pessoas relatam níveis mais baixos de autocensura do que as que se consideram moderadas.”
Para entender o impacto da minoria vocal nas redes sociais, Knighton, juntamente com Chris Wilson, professor de Relações Públicas da BYU, e Alycia Burnett, estudante de pós-graduação, entrevistaram mais de 1.000 participantes de uma amostra nacional.
Knighton diz que suas descobertas servem como um lembrete para reconhecermos que, aquilo que lemos nas redes sociais não reflete necessariamente as opiniões da população em geral, e que indivíduos que compartilham artigos on-line provavelmente se inclinam para um extremo ou outro.
Os robôs estão tirando empregos das pessoas?

Com o Microsoft AI chatbot e o ChatGPT da Google fazendo manchetes, e programas de computador rastreando e movendo pacotes sem o uso de mãos humanas, pode parecer que os robôs estão causando grandes interferências no mercado de trabalho.
Contudo, de acordo com a pesquisa feita por Eric Dahlin, professor de Sociologia da BYU, no que diz respeito a uma iminente substituição de humanos por robôs, não há necessidade de entrarmos em pânico. Os robôs não estão tirando empregos na velocidade que a maioria das pessoas pensa [em inglês].
O estudo, publicado no Socius: Sociological Research for a Dynamic World [em inglês], constatou que apenas 14% dos trabalhadores da amostra foram substituídos por um robô. No entanto, os resultados também mostraram que a percepção dos entrevistados, a respeito de quantos funcionários foram substituídos por robôs, é excessiva.
“Em geral, nossa percepção de que os robôs estão tirando nossos empregos é muito exagerada”, disse Dahlin. “Aqueles que não perderam empregos superestimaram cerca do dobro, e aqueles que perderam empregos superestimaram cerca de três vezes mais.”
Dahlin disse que estas descobertas são condizentes com estudos anteriores, os quais sugerem que os robôs não estão substituindo os trabalhadores. Em vez disso, os locais de trabalho estão utilizando funcionários e robôs.
Tornando a energia nuclear mais segura

Embora a energia nuclear possa ser a chave para uma fonte de energia limpa, ela também apresenta um risco maior de desastres como o de Chernobyl, caso algo dê errado
Uma usina nuclear produz 8.000 vezes mais energia do que os combustíveis fósseis e é favorável ao meio ambiente, porém, durante o acidente de Chernobyl em 1986, quase 100 pessoas morreram.
Um novo sistema projetado por Matthew Memmott, professor de Engenharia Química da BYU e especialista em Engenharia Nuclear, e seus colegas, tem a capacidade de tornar a produção de energia nuclear mais segura.
“A energia nuclear pode ser extremamente segura e acessível, se produzida da maneira correta”, disse Memmott em um comunicado à imprensa da BYU [em inglês]. “É uma solução muito boa para a situação energética em que nos encontramos, pois não resulta em emissões ou poluição.”
Memmott explicou que, à medida que os átomos de urânio são divididos para criar energia, os produtos restantes irradiam grandes quantidades de calor. Eles são armazenados em barras de combustível sólido, com água corrente, para resfriá-los. Se as barras superaquecerem, a unidade corre risco de um acidente nuclear.
No reator de Memmott, os subprodutos radioativos são armazenados em sal fundido, em vez de barras de combustível. O novo reator não apenas ajuda a eliminar o perigo de um acidente nuclear, mas os subprodutos da reação podem ser removidos com segurança do sal e serem vendidos.
O reator também é muito menor e pode produzir energia suficiente para abastecer 1.000 lares norte-americanos. Memmott comparou o reator de sal fundido a um chip de silício, que transformou os computadores que ocupavam uma sala inteira nos pequenos e eficientes dispositivos que temos hoje.
“Podemos ter reatores menores, mais seguros e baratos, e nos livrarmos desses problemas.”