Como acadêmica de religiões de todo o mundo, Melissa Wei-Tsing Inouye acreditava em uma visão global de Sião: “E o Senhor chamou seu povo Sião, porque eram unos de coração e vontade e viviam em retidão; e não havia pobres entre eles” (Moisés 7:18).
Este foi o tema de uma palestra [em inglês] que ela proferiu no Instituto Neal A. Maxwell de Estudos Religiosos da Universidade Brigham Young em 2019.
“O que vejo a Igreja me oferecer, é a oportunidade de aprender a seguir a Cristo e participar dos processos redentores do erro, do arrependimento e do crescimento, me engajando com minhas irmãs e irmãos no evangelho. É a oportunidade de pensar globalmente e agir localmente, de pensar localmente e agir globalmente”, disse ela.
“Estas redes de laços humanos e de ação coletiva estão tão próximas como a minha casa e a minha vizinhança, e tão distantes como o mundo inteiro. Isso é interessante. Nós, santos dos últimos dias, somos estranhos e pequenos o suficiente para realmente tentarmos ser irmãs e irmãos uns dos outros, em nossas circunstâncias diversas, e muitas vezes contraditórias, ao redor do mundo.”
Inouye, uma acadêmica, historiadora, escritora, ensaísta, esposa, mãe e membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, faleceu após uma batalha de sete anos contra o câncer, na terça-feira, 23 de abril. Ela tinha 44 anos.
Seu marido, Joseph McMullin, escreveu em uma postagem nas redes sociais [em inglês] que ela “faleceu pacificamente” enquanto ele a segurava nos braços e seu irmão segurava a mão de Inouye.
“Não consigo descrever o quão grande é o golpe para mim e para sua família. No entanto, somos extremamente gratos pela enorme manifestação de amor e apoio que tem sido expressada”, escreveu McMullin. “As palavras são totalmente inadequadas para descrever o quanto isto me tocou.”
Spencer McBride, colega historiador do Departamento de História da Igreja, disse que o legado de Inouye continuará vivo “por décadas.”
“Melissa Inouye trouxe um conjunto único e vital de experiências para o estudo da história da Igreja”, disse ele. “Ela dedicou muito tempo e energia para contar as histórias dos santos dos últimos dias ao redor do mundo, insistindo que uma perspectiva global é essencial para compreendermos plenamente a história e a influência da Igreja. Sentiremos seu impacto no campo da história da Igreja por décadas.”
Família, carreira e fé
Inouye nasceu em uma família asiático-americana: a família de sua mãe é chinesa e a família de seu pai é japonesa, tendo sido criada em Costa Mesa, Califórnia.
Inouye serviu como missionária santo dos últimos dias em Taiwan. Ela conheceu seu futuro marido, Joseph McMullin, que também serviu em Taiwan, no Centro de Treinamento Missionário. Eles são pais de quatro filhos com apelidos botânicos: Bean, Sprout, Leaf e Shoot [Feijão, Broto, Folha e Caule].
Ela se formou na Universidade de Harvard em Estudos do Leste Asiático em 2003, e concluiu um doutorado em Línguas e Civilização do Leste Asiático em 2011. Ela lecionou em Hong Kong e foi professora sênior de Estudos Asiáticos na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.
A mãe e maratonista começou a trabalhar para o Departamento de História da Igreja em 2019, depois que sua família se mudou para Utah.
Inouye também será lembrada por ajudar a criar a rede de pesquisa Global Mormon Studies [Estudos Mórmons Globais – em inglês] e por seu serviço como membro do conselho consultivo do Instituto Neal A. Maxwell de Estudos Religiosos, da Universidade Brigham Young.
Ela estudou a história do cristianismo chinês, dos movimentos religiosos globais, das mulheres e da religião, e escreveu extensivamente sobre esses tópicos. Ela foi autora e palestrante de destaque em diversos eventos, palestras e podcasts.
Inouye foi diagnosticada com câncer de cólon aos 37 anos, em 2017. A batalha contra o câncer a motivou a escrever sobre suas experiências, disse ela em uma entrevista à imprensa em 2019 [em inglês].
Seus últimos anos foram marcados pela fé em Jesus Cristo e pela perseverança, escreveu Rosalynde Welch, em sua homenagem [em inglês].
“Ela lutou com uma coragem extraordinária para continuar vivendo para a sua família e comunidade, e pela sua alegria na criação”, escreveu Welch. “Seu sofrimento não diminuiu o seu amor pelos filhos, pela natureza, pela boa companhia e pela comida chinesa de rua, mas lhe deu uma compreensão profunda de todos aqueles que sofrem sob as muitas formas de dor e sofrimento que marcam este mundo. Ela encontrou consolo em seu sofrimento das verdades do evangelho restaurado e seus ensinamentos de que, por meio de Cristo, nossa tristeza pode ser redimida e consagrada para o bem comum. Sua vida demonstrou essa transformação milagrosa.”