ST. GEORGE, Utah — As raízes de Brooke Lovell Garceau com o Templo de St. George Utah são profundas.
Natural do sul de Utah, Brooke Garceau cresceu realizando batismos vicários no batistério, e todos os domingos ela e sua família passeavam pelos jardins do templo, depois do jantar com os avós. Foi nas salas de instrução que ela recebeu sua investidura, antes de sua missão de tempo integral. E ela se casou com seu amado marido, Adam Garceau, em uma de suas salas de selamento.
Seus pais e avós também se casaram lá, e seus tataravós estavam entre os primeiros colonizadores santos dos últimos dias que se sacrificaram para construir aquela Casa do Senhor no deserto.
“Este é o meu templo”, disse ela ao Church News enquanto estava sentada em um banco no terreno do templo.
Assim, quando Brooke Garceau, que é legalmente cega, soube que as visitas para o público, que começariam na sexta-feira, 15 de setembro, antes da rededicação programada para 10 de dezembro, seriam principalmente passeios a pé em silêncio, ela ficou desapontada.
“Eu pensei: ‘Ah, não! Isso não fornecerá nenhum nível de detalhe’”, nem para ela nem para qualquer outro indivíduo com deficiência visual, disse Brooke.
Tendo ouvido falar que outras casas abertas de templos ofereceram um passeio especial para deficientes visuais, ela procurou Dana Moody, uma das coordenadoras do templo, para ver se algo semelhante poderia ser organizado em St. George.
Na quinta-feira, 7 de setembro, cerca de uma semana antes do início da casa aberta, Brooke Garceau e mais de uma dúzia de outras pessoas com deficiência visual ou visão parcial, ao lado de seus amigos, familiares e entes queridos, se reuniram no Centro de Visitantes do Templo de St. George, adjacente ao templo, antes de serem conduzidos no que foi chamado de “tour tátil” pelo templo da era pioneira.
Durante o tour, Randy Moody, marido de Dana Moody e co-coordenador, compartilhou o propósito e o significado espiritual de diversas salas e estruturas. Katie Steed, gerente especialista em pessoas com deficiências da Igreja, descreveu então os atributos físicos de cada cômodo, como as ricas cores e padrões encontrados nos tapetes e móveis, o que foi retratado nas pinturas e murais e outros detalhes encontrados nos arcos, janelas e tetos.
O tour tátil também permitiu que indivíduos com deficiência visual ou visão limitada sentissem muitas características diferentes: os degraus e corrimãos de latão ornamentados do batistério, as estrelas esculpidas na mesa de recomendações e as flores bordadas em muitos dos assentos.
Segurando a filha de 3 meses, Maeva, Brooke Garceau percorreu o tour de mãos dadas com o marido ou a filha de 4 anos, Brielle, enquanto Adam Garceau também tentou descrever diferentes características: os arranjos de flores, os tapetes, as luminárias.
“Adorei as diferentes texturas das coisas e sentir os tecidos, o trabalho em madeira e as borlas nas cortinas e coisas que seriam estranhas para mim em uma visita normal ao templo”, observou Brooke Garceau.
Por ela conseguir ver um pouco das cores, ela apreciou especialmente as descrições de Steed. “Adorei a descrição de todas as cores. Elas pareceram muito majestosas”, disse ela. Ela também gostou da descrição da sala de instrução e das pinturas que lembram os penhascos vermelhos do sul de Utah e o grande céu azul.
Steed acompanhou um homem chamado Milo Waddoups, que é professor aposentado, durante todo o tour. Ele disse a Steed a certa altura: “Obrigado por descrever isso. Frequento o templo há mais de 50 anos e não fazia ideia.”
Steed disse ao Church News: “Estes membros vivenciam muito o mundo por meio do toque. É importante que possamos oferecer oportunidades para eles experienciarem o templo de uma forma que se relacione com eles.”
Shah Ludwig, de cinco anos, que é cego, participou do passeio com seus pais e seus três irmãos. Assim que sentiu o veludo macio das cadeiras estofadas, o enérgico menino imediatamente quis se deitar nelas.
A mãe de Shah, Kristen Ludwig, contou que adorou os elevadores, subir as escadas e o eco dos sons na espaçosa sala de reuniões, que tem piso e bancos de madeira e teto alto.
“Com Shah, que é cego, às vezes é preciso mais tempo e paciência para se deslocar de um lugar para outro”, explicou ela.
Ter um grupo menor na visita, e estar com outras pessoas com deficiências semelhantes, ajudou a aliviar o fardo de ter que se preocupar com o fato de suas necessidades incomodarem outros visitantes. “Você pode simplesmente apreciar da forma como precisa, sem as expectativas de outras pessoas”, disse ela.
Muitos não teriam comparecido se a única opção fosse um tour normal, disse Brooke Garceau.
Randy Moody comentou sobre o tour especial: “Tudo o que você precisa fazer é experienciá-lo, para ver a importância disto.”
Kester Tapaha, que é cego, trabalha para o Departamento de Serviços para Cegos e Deficientes Visuais do sul de Utah. Após a visita, Tapaha, que não é membro da Igreja, disse que o tour o ajudou a compreender melhor a estrutura e o que é sagrado para os santos dos últimos dias.
Alguns de seus clientes deficientes visuais mais velhos também participaram. Uma mulher chamada Sharon, que é membro da Igreja, ficou emocionada e grata, disse ele. Seu aniversário foi em 9 de setembro e ela disse a Tapaha: “Este foi o melhor presente de aniversário que recebi de alguém em toda a minha vida.”
Tapaha disse: “Foi incrível ouvir isso de minha amiga de 84 anos. Fiquei feliz por ter vivenciado isto com ela.”
Tapaha disse que espera que em futuras visitas para cegos, que a audiodescrição possa ser adicionada ao vídeo introdutório, ou que algumas das placas incluam Braille.
No momento, estes tours especiais são oferecidos conforme solicitado, disse Steed, mas ela espera que sejam considerados em futuras casas abertas de outros templos.
Haverá um tour em linguagem de sinais americana para surdos e deficientes auditivos no templo de St. George no sábado, 30 de setembro, às 16h15 [horário local].
Após o tour de quinta-feira, Brooke Garceau compartilhou o quanto a visita significou para ela. “Este templo é muito especial para mim. Fiquei muito feliz por poder ver tudo isso e ver alguns dos trabalhos pioneiros originais que alguns de meus ancestrais ajudaram a fazer”, disse ela.
Para o marido de Brooke Garceau, a visita foi ainda mais significativa porque ele pôde compartilhá-la com toda a família. “Se fosse um tour silencioso, eu não poderia descrever as coisas para ela como normalmente faço”, disse Adam Garceau. “E é muito bom poder voltar para onde tudo começou, para onde nossa família começou.”
Estes tours são importantes porque o Pai Celestial “não faz acepção de pessoas”, acrescentou Brooke Garceau. “Somos todos Seus filhos. As pessoas puderam vivenciar o templo hoje de uma forma que é realmente significativa para elas, em vez de perderem a oportunidade.”