CIDADE DO MÉXICO, México — Quando os líderes do Coro do Tabernáculo na Praça do Templo anunciaram que o coro e a Orquestra na Praça do Templo iriam para a Cidade do México, Juan-Carlos Mackay disse que ficou boquiaberto.
“Minha família não terá que me ver na TV. Eles poderão me ver pessoalmente”, disse Mackay, cuja mãe é mexicana.
Albert Treviño Flores pensou: “Eu já estive lá”. Mas então o nativo da Cidade do México começou a ficar animado com isso.
“Então eu percebi o quão bom seria... mesmo que eu já tivesse estado lá, poder voltar às minhas raízes”, disse ele. Ele se juntou ao coro no mesmo ano que os irmãos Damaris e Hirepan Zarco, que também são naturais da Cidade do México.
Vários membros do Coro do Tabernáculo na Praça do Templo e da Orquestra na Praça do Templo são do México, ou têm fortes conexões com o país. Além disso, duas dos 10 participantes internacionais da conferência geral de abril de 2023 são naturais do México e estão participando dos eventos no país.
O Coro do Tabernáculo e a orquestra estão em turnê no México desde terça-feira, 13 de junho, e se apresentaram na Catedral de Toluca na quinta-feira, 15 de junho. Eles se apresentaram no Auditório Nacional da Cidade do México às 19h30 no sábado, 17 de junho, e domingo, 18 de junho [horário local]. O concerto da noite de sábado foi transmitido ao vivo no canal do coro no YouTube [em espanhol].
Damaris e Hirepan Zarco: Irmãos no coro
A Cidade do México, a maior cidade da América do Norte, tem uma história e cultura profundas.
“Crescer na Cidade do México foi a melhor [experiência]”, disse Hirepan Zarco. “Há muita vida na Cidade do México. Sempre tem alguma coisa acontecendo.”
Hirepan Zarco e Damaris Zarco são os caçulas de oito filhos de sua família, todos matriculados no Conservatório Nacional de Música da Cidade do México. Eles frequentavam a escola durante o dia, então sua mãe os levava para a escola de música em um trajeto de uma na ida e outra na volta. Hirepan Zarco estudou piano e Damaris Zarco tocava violino. As aulas de coro também faziam parte do currículo, disse Damaris Zarco.
“E acho que nenhum de nós teria imaginado que todo aquele estudo, aprendizado e sacrifício seria para cantar [em] um coro”, disse ela.
O conservatório, onde passaram horas estudando, fica a menos de 3 km do Auditório Nacional, onde o Coro do Tabernáculo se apresentou em 17 e 18 de junho.
“Tudo meio que fecha um círculo”, disse ele. “... Podemos usar os talentos que adquirimos no conservatório, graças ao apoio da minha mãe. É algo lindo.”
Depois que ambos se formaram no ensino médio, eles foram para a Universidade Brigham Young. Hirepan Zarco serviu em uma missão “estrangeira” em Boise, Idaho. Damaris Zarco serviu na Missão Cidade do México Norte.
Na época, Hirepan Zarco se formou na BYU, se casou, teve três filhos e morava em Utah.
Hirepan Zarco, que agora é pai de sete filhos e criador de conteúdo para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, disse que é “apaixonado por garantir que qualquer mensagem do evangelho que transmitamos seja adaptada à cultura que estamos tentando comunicá-la.”
Damaris Zarco, que é enfermeira, disse que o sogro de sua irmã a incentivou, assim como Hirepan Zarco, a se inscreverem no coro depois de ouvi-la cantar no batismo de um sobrinho.
“Sempre foi apenas um sonho distante. Eu nunca pensei em realmente fazer isso”, disse ela.
Hirepan Zarco mencionou em uma reunião familiar via Zoom, que estava planejando fazer um teste, e Damaris Zarco compartilhou que ela também. Eles enviaram suas audições no verão de 2021 e se tornaram membros do coro em 2022.
Ambos ajudaram os membros do coro a aprenderem a pronúncia do espanhol para as músicas que cantaram. Damaris Zarco, que canta como segundo contralto, até ajudou a gravar a letra das canções para outros integrantes do coro.
Hirepan Zarco, que canta como baixo, disse: “[Os membros do] coro são tão amorosos e tão apaixonados pelo que estão fazendo, pelo que estamos fazendo, que tem sido uma alegria... fazer a música fluir para aqueles que nós estamos prestes a cantar.
Acrescentou Damaris Zarco: “Isto não é apenas uma apresentação. Realmente tem o propósito de nos conectar com aquelas pessoas em particular, as quais amo e a quem pertenço. Estou muito feliz em ver o cuidado que foi colocado na turnê.”
Albert Treviño Flores: Do piano ao canto
Albert Treviño Flores tinha 10 anos quando ouviu o Coro do Tabernáculo cantar ao vivo pela primeira vez. Ele e sua família haviam acabado de se mudar da Cidade do México para Provo, Utah, pois seu pai estava cursando a Universidade Brigham Young.
“Pensei: “Uau, esse coro é muito bom’”, disse ele.
Treviño cresceu rodeado de música. Seu avô, Hector Treviño, gostava de ópera. Depois de ser batizado em 1941 em Monterrey, México, Hector Treviño ouviu falar do Coro do Tabernáculo e conseguiu alguns de seus discos para ouvi-lo.
“Meu pai adorava cantar e sempre que podia se juntava aos coros da Igreja”, disse Albert Treviño.
O pai de Treviño serviu como missionário no norte do México, e depois recebeu uma oferta de emprego como contador na escola Benemérito de las Americas, que estava prestes a ser inaugurada, na Cidade do México. Ele adiantou sua data de início alguns meses para se casar.
Após o casamento e a viagem ao Templo de Mesa Arizona, os pais de Treviño fizeram as malas e se mudaram de Monterrey para a Cidade do México. Sua mãe trabalhava como zeladora para o alojamento estudantil e ajudou a hospedar os membros do Coro do Tabernáculo que chegaram em 1968.
No ensino fundamental, o jovem Alberto gostava de cantar no coro da escola. Seu pai começou a pagar aulas de piano para seus filhos quando o pianista da ala se mudou. Mais tarde, eles moraram em Provo por três anos, até que Alberto Treviño completou 14 anos. E quando eles voltaram para a Cidade do México, ele continuou tocando piano e cantando.
Sua bênção patriarcal menciona seus dons musicais e diz para continuar a desenvolvê-los.
Depois que os irmãos mais velhos de Treviño serviram como missionários e decidiram frequentar a BYU, eles se envolveram no Men’s Chorus [Coro Masculino] e também no Mormon Youth Chorus [Coro Juvenil Mórmon]. Com o incentivo de um de seus irmãos, Treviño fez um teste para o Mormon Youth Chorus, com o qual cantou antes e depois de servir como missionário no Chile. Ele também cantou na BYU com Mack Wilberg, que era então o diretor do Men’s Chorus.
Ele cantou com o Coro do Tabernáculo durante a sessão do sacerdócio da conferência geral, no Centro de Conferências em 2000, na primeira conferência geral no novo edifício. “Foi maravilhoso cantar no Centro de Conferências naquela época”, disse ele.
Ao se casar e se formar em Sistemas de Informação, ele continuou a cantar em coros de ala e estaca. Ele e sua esposa acabariam adotando quatro crianças com necessidades especiais. Ele também se envolveu com um grupo musical local. “Eu ainda tinha em mente: ‘Será que eu conseguiria fazer parte do Coro do Tabernáculo?’”
Alguns anos atrás, ele sentiu a inspiração de fazer um teste para o coro antes do planejado. Com o apoio de sua esposa e com sua bênção patriarcal em mente, ele se inscreveu em 2020. Sua audição foi adiada por um ano, mas ele ingressou no Coro do Tabernáculo em 2022.
Treviño ajudou o coro com as pronúncias do espanhol e disse que os membros “realmente fizeram um trabalho notável.”
Ele viu como o evangelho deu esperança a sua família. “Havia uma maneira de seguir em frente e ter paz, mesmo com tudo que está acontecendo ao nosso redor”, disse ele.
Ir para o México é “muito emocionante, mas também me faz me sentir humilde”, acrescentou Treviño.
Juan-Carlos Mackay: Misturando duas culturas
A mãe de Juan-Carlos Mackay é do México, seu pai é de Utah, e ele cresceu nos E.U.A. Essa mistura de culturas levou a uma variedade de músicas em sua casa, dos Beatles ao clássico “Peter and Wolf” e a cantores icônicos em espanhol. A música veio naturalmente para o jovem Juan-Carlos e seu pai o ensinou a cantar a harmonia.
“Ele sempre nos encorajava: ‘É legal cantar a melodia, mas a harmonia dá vida a tudo, isso faz com que soe melhor’”, disse Mackay.
Ele participou de coros durante o ensino médio e teve algumas aulas de piano, e decidiu estudar Música na faculdade. Depois de iniciar em Educação Musical, ele mudou para Composição Musical.
Anos depois, um primo o convidou para cantar no This Is the Place Heritage Park [Parque Histórico Este É o Lugar] em Salt Lake City durante um Natal, o que o ajudou a lembrar que “cantar é muito divertido”. Um amigo cantor se juntou ao Coro do Tabernáculo, e outro membro do coro começou a frequentar a ala de Mackay. Ambos o encorajaram a fazer um teste para o coro.
Sua primeira audição foi em 2016 e, embora não tenha conseguido, recebeu feedback sobre como melhorar. Ao implementar esse feedback, ele também buscou conselhos de membros do coro que conhecia. Candidatou-se novamente no ano seguinte e ingressou no coro em 2018 como tenor.
Vários de seus familiares na Cidade do México estão planejando assistir ao concerto do Auditório Nacional. Sua esposa, Amara, toca violino na Orquestra na Praça do Templo.
Por meio desses concertos, Mackay espera que os mexicanos se sintam amados e valorizados.
“Espero que o povo do México se sinta mais próximo de seu Pai Celestial”, disse ele.
Daron Bradford: Tocar na Filarmônica da Cidade do México
Quando Daron Bradford viu o anúncio sobre uma audição de clarinetista principal para a Filarmônica da Cidade do México, ele inicialmente o ignorou. Mas o então aluno da BYU percebeu que conhecia alguém com as conexões certas e ligou para ele. Em dois dias, Bradford estava na Cidade do México para o teste.
E ele conseguiu o emprego. Bradford, que serviu como missionário no Equador, foi o clarinetista principal da Filarmônica da Cidade do México de 1980 a 1982.
“Eu vim no meio do inverno”, disse ele. “E então... eles olharam para mim e disseram: ‘Aqui está o gringo, [um] cara muito branco, entrando na orquestra falando esse espanhol fluente. Como isso aconteceu?’ E assim tive a oportunidade de contar a muitas pessoas sobre esta missão que fiz para minha Igreja.”
Ele lecionou no conservatório de música, inclusive montando um currículo para saxofone. Muitos anos depois, ele descobriu que a família de um de seus alunos de saxofone havia se filiado à Igreja.
“Não conversamos muito sobre a Igreja, mas ele sabia que eu era membro. Foi muito legal”, disse Bradford, acrescentando que está tentando entrar em contato com este ex-aluno.
Bradford, que é o líder da seção de clarinete da Orquestra na Praça do Templo, se formou na BYU com bacharelado em Performance de Clarinete e Educação Musical. Depois de retornar do México, ele voltou a estudar para fazer um mestrado em Sistemas de Informação. Ele trabalhou na WordPerfect por cerca de 10 anos como engenheiro e programador de software, “o tempo todo tentando tocar o máximo que podia.”
Sua esposa, Janet Bradford, foi membro do coro por nove anos e se aposentou aos 60 anos. Daron Bradford está na orquestra desde que ela começou em 1999 e toca vários instrumentos. Nos concertos da Cidade do México, ele tocará clarinete, flauta irlandesa, uma flauta andina tradicional chamada quena, ou flauta de entalhe, e um instrumento que é uma combinação de clarinete e oboé.
Ele está ansioso para conhecer muitas pessoas e, possivelmente, rever os lugares onde trabalhou e morou.
Denisse Elorza Avalos e Georgina Montemayor Wong: Participantes internacionais do México
As cunhadas Denisse Elorza Avalos, de Tijuana, México, e Georgina Montemayor Wong, de Monterrey, México, estavam entre os 10 cantores internacionais que cantaram com o Coro do Tabernáculo, durante a conferência geral de abril de 2023. Elas também foram convidadas a cantar com o coro durante os concertos de 17 a 18 de junho. Ambas estavam muito entusiasmadas com a oportunidade de cantar com o coro novamente.
Montemayor Wong disse que se sentiu humilde, alegre e grata por cantar com o coro na conferência geral.
“Enquanto eu estava lá cantando, pude sentir o espírito tão forte que minha alma se encheu de uma alegria indescritível”, disse ela. E estava animada por cantar com o coro novamente.
“Seria para cantar no meu país, na minha terra e com música na minha língua nativa. Eu não podia acreditar!”, disse sobre o convite. “Sinto-me muito grata por poder vivenciar esta turnê histórica no México. Sei que Deus ama todos os Seus filhos e que esta turnê mundial abençoará muitas pessoas.”
Elorza Avalos disse que viu muitas bênçãos por cantar com o coro, incluindo experiências missionárias.
“Há uma euforia de esperança e fé, graças a esta experiência de participação com o coro, que nos deixa o testemunho de que, quando alguém se esforça para desenvolver seus dons e colocá-los a serviço do Senhor e de sua obra, as bênçãos do Senhor sempre vêm porque Ele está presente em cada detalhe da nossa vida.”