CIDADE DO MÉXICO, México — Quando a cantora Adassa estava no palco com o Coro do Tabernáculo na Praça do Templo e Orquestra da Praça do Templo, no Auditório Nacional da Cidade do México, “houve um momento em que nos sentimos como se fôssemos apenas um”.
Na primeira noite do concerto gratuito do coro e orquestra na Cidade do México, em 17 de junho, o público presente parecia que não queria ir embora, aplaudindo e pedindo bis após o concerto de duas horas. Na segunda noite, o público aplaudiu e cantou enquanto o coro e orquestra saíam do palco.
Os cantores Adassa e Alex Melecio, assim como o radialista Mariano Osorio foram os artistas convidados durante o concerto que contou com cerca de 385 voluntários do coro e orquestra.
Esta turnê na Cidade do México foi a primeira de uma turnê global de vários anos, centrada na esperança. O coro e a orquestra realizaram três apresentações: uma na Catedral de Toluca no dia 15 de junho, e duas no Auditório Nacional da Cidade do México, de 17 a 18 de junho. A apresentação de 17 de junho foi transmitida ao vivo pelo YouTube.
Foi uma turnê com muitas estreias que os líderes do coro estão chamando de sucesso, com lições aprendidas para serem implementadas em turnês futuras. Como parte de um projeto-piloto, foi uma turnê mais curta e para menos locais. Foi também a primeira vez que um show da turnê foi oferecido gratuitamente e também transmitido.
A última vez que o coro cantou no México foi em 1952, em uma Conferência Geral de Área no Auditório Nacional.
“Fomos acolhidos pelo México e acredito que o México se sentiu acolhido por nós”, disse o presidente do coro, Michael O. Leavitt.
Apresentando-se com o coro e orquestra
“Quando você está de pé na frente do coro, sente que há anjos atrás de você”, disse Adassa. “Creio que é a coisa mais próxima que você pode ter do céu na Terra. … É tão lindo.”
Adassa, que dublou Dolores em “Encanto” da Disney, cantou “La Eide Es Un Carnaval” [“Life is a Party”] e “Dos Oruguitas” [“Duas Lagartas”], de “Encanto”.
A parte mais difícil? Não chorar.
Enquanto o show continuava, ela se sentou em uma cadeira perto do palco para assistir, ao invés de voltar para o camarim.
Mariano Osorio compartilhou histórias pessoais de sua vida, sobre a morte de seu pai e a batalha de sua esposa contra o câncer. As duas apresentações foram intercaladas por Alex Melecio cantando a comovente “Color Esperanza” [“Pintando as Cores da Esperança”].
E quando Osorio, durante sua história, pediu que as pessoas acendessem as luzes de seus telefones e os segurassem, Adassa disse, “parecia estar no meio das estrelas, e todos estávamos apenas sentindo aquele momento. E havia tanta alegria.”
Osorio disse que foi “lindo” compartilhar essas experiências, ainda mais por ser a primeira vez que ele pôde ter os filhos na plateia.
“A cura que compartilhei, essa cura aconteceu comigo também”, disse Osorio em espanhol. “Me senti mais leve. Eu me sinto mais feliz e estou em paz. … Portanto, é um pequeno milagre que tem grande valor em minha vida”.
Osorio, que se considera um amigo da Igreja, admirou a perfeição do coro e sua ética profissional. “O mais próximo que vi da excelência, em meus 53 anos de vida, é o trabalho do coro.”
Alex Melecio chamou a reação do público de “elétrica”.
“O coro sozinho já seria incrível, mas para mim, poder estar aqui foi mágico”, disse, falando sobre a orquestra e sobre trabalhar com Osorio. “Não tenho outra maneira de descrevê-lo.
Durante a apresentação, foram reconhecidos os três integrantes do coro que têm raízes no México: Hirepan Zarco, Dámaris Zarco e Alberto Treviño Flores.
“Assim que mencionei os nomes dos integrantes do coro que são daqui, acho que foi uma das ovações mais fortes da noite”, disse Melecio.
“A reação de ‘Nossa, temos pessoas para nos representar com este coro incrível.’ Foi muito importante”, disse ele. “As pessoas ficaram gratas por verem o coral, e todo o resto foi como a cereja do bolo. … Os elementos culturais foram uma adição ao aspecto comemorativo”.
Várias das canções que o coro cantou eram em espanhol, incluindo a popular “Cielito Lindo”.
“Estamos celebrando um povo, uma cultura, uma nação que sabe ter esperança e sabe como amar”, disse Melecio.
Quando Adassa soube que o coro estaria indo para o México em turnê, ela ficou muito animada. Seu marido nasceu em Monterrey e serviu como missionário na Cidade do México. Sua agenda estava cheia até fevereiro de 2024, quando foi abordada por sua equipe de gestão se estaria disposta a cantar nos shows do Auditório Nacional.
Sua reação? “Nós temos que fazer isso!”
“Não consigo imaginar ser convidada para fazer parte deste momento, apenas para dar minha voz a uma experiência que tantas pessoas não esquecerão, e espero que seja a primeira de muitas outras”, disse ela.
A presidência do coro sentiu a emoção na reação do público. “Senti o Espírito. Senti alegria. Senti esperança e acho que todos na plateia também”, disse o presidente L. Whitney Clayton, primeiro conselheiro na presidência do coro. Ele acrescentou: “A energia estava tão forte como eu nunca havia sentido antes. Foi simplesmente maravilhoso. Eram muitas pessoas boas em uma grande sala, concentradas na mesma coisa, sentindo as mesmas coisas e unidas de coração e alma.”
“A mensagem de fé e esperança do show foi transmitida”, disse Clayton. “Jesus Cristo é o centro da fé e o centro da esperança.”
Música com esperança e alegria
Para Mack Wilberg, diretor musical do Coro do Tabernáculo na Praça do Templo, “o público não poderia estar mais entusiasmado.”
“Como sempre nos apresentamos no Centro de Conferências, estamos acostumados com grandes audiências. Mas houve... uma energia especial ontem à noite”, disse Wilberg sobre o show de sábado. “Nós realmente sentimos que fomos muito bem-vindos e eles apreciaram muito a nossa presença aqui.”
O programa incluiu “Louvado seja o Senhor, o Todo-Poderoso”, em inglês e espanhol, seguido de “Vinde, Ó Filhos do Senhor” em espanhol e “Alabaré a mi Señor” [“Louvarei Meu Senhor”] em espanhol. O comemorativo “¡Ah, El Novio!”, uma canção de casamento sefardita e a canção nigeriana “Betelehemu”, foram ambas cantadas em sua língua nativa. O coro e a orquestra então apresentaram um trio de canções em inglês sobre estar apaixonado: “Music Everywhere”, a mais suave “We Shall Gather at the River” e a animada “Cindy”.
O organista Richard Elliott então tocou “Tocata e Fuga em Ré Menor” de Johann Sebastian Bach. Em seguida, foram as apresentações de “Trabalhemos Hoje” e “Tal Como um Facho”, seguidas por três bis: “Já Refulge a Glória Eterna”, “Cielito Lindo” [Céu Lindo] e “Deus Vos Guarde”.
Ao montar um programa, seja em inglês ou espanhol ou qualquer idioma, “sempre digo que você precisa ter contraste e unidade”, disse Wilberg.
“É preciso contraste na música para que tudo não soe igual”, disse Wilberg. “Uma coisa que tem sido útil, em um programa coeso, é o nosso tema de esperança. E com a esperança vem a alegria. E então esses dois elementos fizeram do programa uma alegria de preparar.”
De pé no pódio no Auditório Nacional de quase 10.000 lugares, Wilberg disse: “Você poderia ter ouvido um alfinete cair” durante a mensagem e a história de esperança de Osorio. “Você poderia dizer que o público estava completamente com ele.”
O veterano diretor musical continuou: “Porque se o público não está com você, você ouve farfalhar, ouve tosse. Não ouvi uma tosse o tempo todo... ele estava fazendo sua apresentação.”
O Auditório Nacional possui o maior órgão da América Latina. Como cada órgão como este é construído sob medida, eles levaram algum tempo para “conhecer o órgão”.
“Foi divertido usá-lo”, disse Brian Mathias, que foi um dos três organistas, com Eliott e Andrew Unsworth na turnê. Unsworth voou para a Cidade do México no início deste ano para experimentá-lo e eles tem trabalhado com os técnicos desde então. Eles sempre preferem usar um órgão do local, se possível, ao invés de levar um.
“O incrível carinho e amor é algo que não esqueceremos tão cedo”, acrescentou Mathias sobre o show.
Aos domingos, no programa semanal “Música e Palavras de Inspiração”, o público é convidado a ficar em silêncio para a sessão de gravação da transmissão. Com o entusiasmo do público no México – aplausos estrondosos, vivas, cânticos e agitando seus telefones iluminados – acabou criando uma atmosfera cheia de energia.
Na orquestra, as violinistas Becky Fulmer e Emily Rice estão onde os sons do coro e as reações do público se misturam. Tanto Fulmer quanto Rice estiveram em várias turnês e disseram que a reação do público foi uma das melhores que já sentiram. “Sentimo-nos tão amadas”, disse Fulmer sobre a reação do público.
Para Rice, ela percebe como “há uma vibração no ar quando você está lá pessoalmente”. Para a contralto Mary Katherine Farnsworth, esta é sua primeira turnê com o coro. “Pareceu-me muito mais pessoal”, disse ela sobre a conexão com o público. “Fomos abençoados por eles.”
É a segunda turnê de Jo Grant, que também canta contralto. Embora fosse um trabalho extra aprender a letra em espanhol, ela ficou grata por eles terem aprendido, e disse que a reação do público valeu o esforço.
“A genuína reação [do público] foi impressionante.” Ela acrescentou que podia sentir o Espírito na sala de concertos.
Sucessos do projeto-piloto
“Acho que cumprimos a missão que estabelecemos antes de virmos”, disse o presidente Leavitt. “Houve três objetivos na visita à Cidade do México em turnê”, disse ele.
O primeiro, foi abrir a turnê mundial do coro e da orquestra.
“Nos próximos quatro anos, iremos ao redor do mundo com uma mensagem de esperança e o contexto de nosso testemunho de Jesus Cristo”, disse Leavitt.
O segundo, foi o objetivo de compartilhar um sentimento de pertencimento a uma igreja mundial em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“O segundo objetivo era dar ao povo do México, e a todos os lugares por onde viajamos, um sentimento de pertencimento: eles pertencem a uma igreja mundial. E é importante que eles vejam e se sintam parte disso”, disse Leavitt.
O terceiro foi fazer mais amigos para a Igreja no México. “Foram muitos convidados de vários setores de todo o México, que de fato serão nossos amigos”, disse Leavitt.
Além do público de quase 10.000 pessoas nas duas noites no Auditório Nacional, o concerto foi transmitido para mais de 250 locais, incluindo sedes de estaca, em todo o México. Seu objetivo era atingir 100.000 pessoas, disse Leavitt. “Acho que claramente superamos isso.” E ele espera que esse número ainda aumente.
“Este foi realmente um programa nacional”, disse Leavitt. “Ainda não sabemos a amplitude e quão dispersa a mensagem será, mas achamos que é grande e que terá um impacto profundo na missão de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no México.”
E a audiência on-line continua a crescer. A transmissão no canal do Coro do Tabernáculo no YouTube teve mais de 13.000 espectadores assistindo ao vivo. Na terça-feira, 20 de junho, houve mais de 150.000 visualizações nos vídeos nos canais do YouTube em inglês e espanhol do Coro do Tabernáculo.
O que eles aprenderam nesta turnê será implementado em turnês futuras.
“Precisamos ser melhores nisto, porque vamos a muitos lugares e com frequência. E vamos a lugares que exigem mais viagens do que outros lugares do mundo, para onde o coro tem historicamente viajado”, disse ele.
O presidente Leavitt notou a multidão fazendo fila do lado de fora da entrada do Auditório Nacional, antes das portas serem abertas, duas horas antes do show.
Ele e um colega, saíram para conversar com o público. “Eles queriam me dizer como lhes era importante que o Coro do Tabernáculo tivesse vindo para o México.”
Desafios de saúde
“Quando alguém viaja para fora dos Estados Unidos pela primeira vez em algum tempo, às vezes há interrupções, e fica doente. Alguns de nossos colegas ficaram, mas eles permaneceram firmes em sua devoção”, disse Leavitt.
O mais impressionante foi como outros membros do coro e da orquestra ajudaram a ministrar às necessidades dos doentes, inclusive os ajudando a encontrarem remédios, lhes trazendo comida, fazendo companhia e ajudando a minimizar seu desconforto.
“Foi feito espontaneamente entre pessoas que se importam umas com as outras”, disse ele.
Check-ups periódicos de bem-estar também foram implementados, para garantir que todos que precisassem de ajuda a recebessem.
O presidente Clayton disse: “Eles fizeram o possível em circunstâncias difíceis. ... Mas, enquanto isso, a mensagem de discipulado tem sido simplesmente maravilhosa, com os membros superando [as dificuldades] sempre que era necessário.”
Na orquestra, existem várias seções com vários instrumentos, e quando falta uma pessoa, ninguém percebe. Mas há algumas partes em que é apenas uma pessoa tocando e “isso se torna um desafio”, disse Wilberg. Sessenta e seis membros da orquestra de 110 integrantes estavam na turnê.
“Na verdade, tivemos que trazer alguém [sábado] para ocupar o lugar de um de nossos músicos, que não pôde se apresentar”, disse Wilberg. O músico e seu instrumento conseguiram chegar ao auditório apenas algumas horas antes do início da apresentação.
Ingressos gratuitos e uma doação de 15 toneladas
Ao planejar o show, eles não queriam que as pessoas pagassem pelos ingressos, disse o presidente Gary L. Porter, segundo conselheiro na presidência do coro. Eles consideraram a opção das pessoas trazendo comida para doar para os esforços humanitários da Igreja.
“Ao pensarmos a respeito, seria bom que eles viessem e aproveitassem isto como um presente”, disse o presidente Porter. Trabalhando com a presidência da Área México, eles identificaram abrigos locais para refugiados aos quais poderiam doar.
O presidente Porter com o Élder Hugo Montoya, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área México, na sexta-feira, dia 16 de junho, apresentaram formalmente à Movilidad Humana, 15 toneladas de alimentos para os centros de migrantes que estão operando.
“Este concerto... foi uma oferta direta e voluntária do coro e do esforço mútuo da presidência da Área [México], para fornecer algo que fosse gratuito para as pessoas: eles poderiam simplesmente vir e aproveitar, e receber isto como um presente para eles”, disse o presidente Porter. “Estas 15 toneladas de comida, feijões, lentilhas e arroz e que foram dados a um grupo de refugiados aqui, vão conseguir alimentar seu povo por alguns meses.”
Concerto inter-religioso
O concerto na Catedral de Toluca na quinta-feira, 15 de junho, foi o resultado de um esforço e relacionamentos inter-religiosos.
No estado do México, onde fica a cidade de Toluca, há um forte conselho inter-religioso, disse o presidente Clayton, incluindo a Igreja Católica e membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“Eles já trabalhavam bem juntos e queríamos enfatizar isso e fornecer algo que os unisse de maneira muito positiva”, disse o presidente Clayton.
O presidente Leavitt se sentou ao lado do Arcebispo Raul Gomez Gonzalez, durante um jantar antes do concerto, e eles falaram sobre suas famílias, o amor pela música e as coisas que gostam de fazer. “Percebemos que tínhamos muito em comum.”
Ouvir o coro e a orquestra
Ernesto Maldonado Diaz, de 72 anos, de Naucalplan, ouve o Coro do Tabernáculo quase todos os dias no YouTube. Ele sempre quis ouvi-los ao vivo. “Foi divino ouvir. Foi maravilhoso”, disse emocionado, após o show de domingo.
Cecy Gastelum conheceu Melecio e sua família quando ele era jovem, e foi professora do Seminário de Melecio antes dele se mudar. Em sua aula de Seminário, ele não ficava parado e estava sempre em movimento. “Este é o resultado de seguir seus sonhos”, disse ela sobre o desempenho de Melecio. Ela achou o concerto excelente.
Carlos Sanchez e Mariana Ayala, de Toluca, trouxeram seus dois filhos mais velhos, Carlos, de 9 anos, e Karen, de 14 anos, na noite de domingo: a primeira vez para os quatro no Auditório Nacional. “Foi tão bonito”, disse Ayala. “Foi a coisa mais linda que já vi na vida.” A mensagem de amor e esperança tocou sua mente e coração.
Carlos de Ávila disse não encontrar palavras para expressar a felicidade que sentiu após o concerto, fazendo uma pausa ao se emocionar. “Nós pudemos sentir o Espírito”, ele disse.
Para Margarita Torres Perez, ela se sentiu muito grata por poder ouvir e “apreciar os anjos do coro”.
