Enquanto trabalha como comissária de Serviços Familiares para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Sherilyn C. Stinson também ensina na classe da Escola Dominical para jovens de 17 a 18 anos em sua ala.
“Estou impressionada com o calibre desses jovens, mas eles são extremamente vulneráveis”, disse ela em um episódio recente do podcast do Church News [em inglês].
Stinson disse que os Serviços Familiares estão preocupados com a nova geração. Os jovens são muito compassivos e se preocupam com as questões sociais. Mas, às vezes, é difícil para eles navegarem por todas as vozes do mundo ao mesmo tempo.
Eles estão lutando contra enganos sobre sua identidade eterna, enquanto lutam com expectativas e uma tendência ao perfeccionismo.
As redes sociais aumentam a pressão do perfeccionismo. Stinson disse que a mídia social é uma ferramenta que pode ser usada para o bem, mas também pode ser uma armadilha para os jovens e até perigosa.
As postagens nas redes sociais podem focar no materialismo e mostrar um mundo artificial e uma distorção da realidade. Se não for tratado com cuidado, o uso das redes sociais pode se tornar um comportamento compulsivo.
“Acho que todos nós já experimentamos como a mídia social pode ser uma perda de tempo”, disse ela.
Rótulos e identidade
Conhecer a própria identidade é fundamental para a saúde emocional e mental, especialmente para os jovens. Mas Stinson disse que, enquanto os jovens tentam descobrir quem são, isso não deve ser forçado por outros ideais e questões sociais. Também não devem ser distraídos e confundidos com frequência pelo barulho que ouvem ao seu redor.
“É importante que os jovens entendam que esta é uma jornada normal, para aprender sobre si mesmo e, se perguntem, ‘Quais são meus interesses? “O que há de único e especial em mim?’, sem prendê-los em uma identidade”, disse ela.
Stinson se referiu ao devocional mundial para jovens adultos com Presidente Russell M. Nelson em maio de 2022, dizendo: “A única identidade que realmente importa é sua identidade como filho ou filha de seu Pai Celestial. Isso é importante para todos nós.”

Um ano depois desse devocional, Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, incentivou os jovens adultos a estabelecerem em sua mente a verdade de que são filhos amados de Deus.
Stinson disse que as pessoas tendem a se definir por suas experiências, erros ou desafios, e pensam que é isso que são. Elas se rotulam e se conectam aos eventos.
Mas reconhecer sua identidade divina ajuda as pessoas, não só a se aceitarem como pessoas de valor, mas também a explorarem seus atributos divinos.
“Você pode ajudá-los a entenderem que são quem são por eras imensuráveis, e foram corajosos e valentes, eles podem ter orgulho de si mesmos e você pode ajudá-los a tirarem forças da pessoa que eles foram”, ela disse. “Este é um momento no tempo; este é um momento muito, muito pequeno no tempo. E ficamos cegos pelo que podemos ver, mas isso não nos define.”
Ela convidou as pessoas a se conectarem com o poder de cura da Expiação do Salvador, e a entenderem que não importa o que passam, elas não estão sozinhas.
Em junho de 2018, Presidente Nelson convidou os jovens a se juntarem ao exército do Senhor. Stinson disse que foi realmente poderoso para os jovens.
“Isto lhes deu uma causa para se juntarem; os jovens amam causas. E lhes deu uma causa prática poderosa, com um líder incrível, quando ele disse: ‘Juntem-se a mim e vamos fazer o bem’”, disse Stinson.

Missionários e resiliência emocional
Stinson gostaria de ver as famílias preparando seus jovens antes de uma missão, para terem uma experiência melhor, os ajudando a aprenderem a trabalhar arduamente e a fazerem coisas difíceis.
O pai de Stinson mandou seus irmãos para uma fazenda de gado, para aprenderem a trabalhar duro. E seu filho mais novo, de 18 anos, removeu tocos de árvores e reconstruiu o deque da casa, antes de ir para a missão.
“Acho que foi uma das melhores preparações que lhe demos. Porque sua missão foi difícil. E para que nossos jovens aprendam a fazer coisas difíceis, em nossos esforços para amarmos e protegermos nossos filhos, às vezes prestamos um desserviço a eles se os protegemos do desconforto.” disse Stinson.
Muitas estacas oferecem cursos de preparação para a missão. Além de aprenderem o evangelho e desenvolverem seu testemunho, os missionários em perspectiva devem aprender como se tornarem mais resilientes emocionalmente.
Os jovens também precisam aprender a se desconectarem de seus dispositivos eletrônicos, antes de irem para a missão, disse Stinson.
“Esse é um dos maiores desafios, porque os dispositivos se tornam seu mecanismo de enfrentamento”, disse ela. “E qualquer que seja o mecanismo de enfrentamento, se não for transportado para o campo missionário, eles terão problemas.”

Os Serviços Familiares trabalham em estreita colaboração com o Departamento Missionário, para fornecer pré-avaliações para os missionários que possam ter algum histórico de problemas de saúde mental ou de comportamento.
Isto permite avaliar se os rapazes e moças estão preparados para o serviço de tempo integral, ou se uma missão de serviço seria a experiência mais significativa para eles.
Os Serviços Familiares também fornecem aconselhamento, conforme necessário, no campo para os missionários, com foco no crescimento, função e adequação.
“Não é aqui que curamos seus problemas de saúde mental se você os trouxer para o campo missionário, mas ajudamos a determinar se ‘Você está crescendo? Como você está atuando? Esta é a melhor opção de missão para você?’”, disse ela.
Para aqueles que retornam mais cedo ou se transferem de uma missão de ensino para uma missão de serviço, os Serviços Familiares oferecem aconselhamento para ajudá-los na transição.
Neste sentido, Stinson queria garantir que os jovens entendessem que, uma missão de ensino de dois anos, não é um item a ser checado de uma lista. Os jovens devem se preparar para uma “temporada de serviço”, seja ela qual for, mesmo que pareça diferente do que sua mãe ou seu pai experienciaram.
“Tudo o que eles dão são seus pães e peixes ao Senhor. Você dá o que você tem. Você traz o que tiver e o Senhor trabalha com isso”, disse ela.
Uma missão formal para a Igreja é uma fase de serviço, enquanto a vida é a missão real, explicou ela.
Stinson também espera que os membros da ala e parentes mantenham suas dúvidas e suposições, sobre qualquer pessoa que volte mais cedo de uma missão, para si mesmos. O Senhor aceitou tudo o que eles puderam dar como sua oferta, disse ela.
Com isso em mente, as pessoas podem dar as boas-vindas aos missionários retornados, parabenizá-los e deixá-los falar, fazerem perguntas em vez de não falarem com eles, disse Stinson.
“‘Como foi em sua missão? Quais foram algumas experiências que ajudaram você a crescer?’ Normalize isso, em vez de não falar com eles”, disse ela, “para integrá-los de volta à ala e à família sem estigma ou julgamento.”

Procurando ajuda
Com toda a atenção à saúde física, deve haver igual atenção e sensibilidade, e talvez percepção, da própria saúde mental, disse Stinson.
Episódios de depressão e ansiedade não significam necessariamente um diagnóstico clínico, disse Stinson. Também não significa um rótulo ou uma desculpa.
Chegam as chuvas, chegam os dias cinzentos, e às vezes persistem. A ansiedade vem e vai.
Mas alguns na Igreja podem conectar a maneira como se sentem, com sua ligação com Deus, ou seu nível de espiritualidade. Stinson disse que a sensação de não fazer o suficiente, ou não ser capaz de lidar com isso, pode ser um agravo, alimentando a sensação de vergonha.
Para os jovens e missionários que estão tendo problemas funcionais, ou para aqueles que realmente sofrem de depressão clínica, ansiedade clínica ou outro distúrbio grave, a Igreja apoia o uso de aconselhamento profissional e outros recursos. Stinson falou sobre momentos em sua vida em que ela teve acesso a diferentes meios de receber alívio.
“Temos que ser administradores sábios disso e garantir que estamos fazendo o bem, que estamos desenvolvendo resiliência emocional e autossuficiência emocional no processo”, disse Stinson.

Os Serviços Familiares foram criados porque os líderes da Igreja reconheceram que precisavam de conselheiros profissionais alinhados com os princípios do evangelho.
“Nossa primeira responsabilidade é ser um recurso para os líderes. E assim, independentemente de um membro ser realmente encaminhado aos Serviços Familiares para aconselhamento, podemos ajudá-lo a analisar os problemas que o membro apresenta e determinar qual é o melhor nível de atendimento”, disse Stinson.
Às vezes, as pessoas precisam de um bom irmão ou irmã ministradora. Às vezes, eles precisam obter ferramentas para gerenciar períodos de ansiedade, ou períodos de depressão. Às vezes eles precisam de medicação. Às vezes, eles precisam de cuidados talvez mais intensivos para problemas crônicos.
Para quem busca mais informações sobre ferramentas que auxiliam na própria saúde mental, a Igreja também oferece aulas de resiliência emocional. Stinson disse que o curso “Encontrar Força no Senhor: Resiliência Emocional” não pretende ser um tratamento ou terapia, mas oferece habilidades para ajudar os jovens, membros e missionários a protegerem e preservarem sua saúde mental.
“Aprendi que nosso Pai Celestial tem sentimentos muito ternos por Seus filhos que sofrem de problemas de saúde mental, emocional e comportamental”, disse Stinson. “Sentimos Sua mão orientadora nos Serviços Familiares e sabemos que este trabalho é muito, muito importante para Ele.”