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RootsTech: Projeto 10 Milhões de Nomes está recuperando a identidade de escravos africanos. Veja como você pode ajudar

Lindsay Fulton, diretora de pesquisa da American Ancestors, compartilhou uma visão aprofundada dos objetivos e recursos da iniciativa

Mais de 44 milhões de pessoas de ascendência africana vivem nos Estados Unidos e provavelmente encontrarão dificuldades para realizar o trabalho de história da família.

É uma das muitas consequências terríveis da escravidão, que diversas vezes dividia famílias e obscurecia registros, disse Lindsay Fulton, vice-presidente de pesquisa e serviços de biblioteca da American Ancestors [Ancestrais Americanos – em inglês].

Agora, há um “acesso desigual à história da família” dentro das linhagens afro-americanas, disse Fulton. Mas sua organização está tentando mudar isso.

Em agosto de 2023, os American Ancestors lançou o projeto 10 Million Names [10 Milhões de Nomes – em inglês]: uma iniciativa que busca restaurar a identidade dos cerca de 10 milhões de pessoas de ascendência africana que foram escravizadas na América pré e pós-colonial.

O FamilySearch anunciou seu envolvimento com o projeto em 15 de fevereiro de 2024. E na sexta-feira, 1º de março, ao falar durante a conferência RootsTech [em inglês], Fulton compartilhou uma visão aprofundada dos objetivos e recursos da iniciativa.

“A escravidão separou as pessoas de seus nomes e histórias familiares”, disse Fulton. “Mas há um poder incrível nos nomes. Os nomes são uma fonte de empoderamento e identidade. ... Saber de onde viemos tem um profundo impacto positivo, emocional, psicológico e social.”

Lindsay Fulton, vice-presidente de pesquisa e serviços de biblioteca da American Ancestors, ou NEHGS, fala no Fórum de Impacto da RootsTech, em Salt Lake City, na sexta-feira, 1º de março de 2024. | Marielle Scott, Deseret News

O que é o Projeto 10 Million Names?

De acordo com um comunicado à imprensa, o projeto 10 Million Names é uma “iniciativa histórica” que usará tanto histórias de família de indivíduos, como documentos históricos, para construir um banco de dados gratuito e pesquisável, com informações sobre antepassados africanos escravizados durante o período do Comércio Transatlântico de Escravos nos E.U.A., que vai do século XVI ao século XIX.

Fulton disse que às vezes lhe perguntam como o número “10 milhões” foi estimado. Ela compartilhou uma variedade de registos que mostram que cerca de 400.000 africanos foram trazidos para os E.U.A. antes de 1808. Depois, durante o período em que existiu a escravidão nos E.U.A., cerca de 5,6 milhões de pessoas de ascendência africana nasceram e morreram nos E.U.A. Finalmente, cerca de 4 milhões de pessoas foram emancipadas em 1865, quando o Congresso aprovou a 13ª Emenda.

“Então, somando tudo isso, chegamos a cerca de 10 milhões, [embora] eu tenha certeza de que esse número será um pouco maior quando começarmos a descobrir todos os nomes”, disse ela.

Para auxiliar neste esforço, o FamilySearch está compartilhando suas soluções de inteligência artificial e tecnologia “inovadoras”, para ajudar a identificar pessoas escravizadas, a partir de seus milhões de registros históricos disponíveis gratuitamente para pesquisa. De acordo com o mesmo comunicado de imprensa, esta é a maior fonte de registros para afro-americanos no mundo, de acordo com o comunicado. O FamilySearch também ajudará o 10 Million Names a identificar, digitalizar, transcrever e publicar novas coleções anteriormente indisponíveis.

Além disso, o projeto também usará uma rede de genealogistas profissionais, organizações culturais e historiadores de famílias baseados nas comunidades, para uma pesquisa que será abordada de forma diferente dos métodos padronizados, utilizados por genealogistas: em vez de começar com pessoas vivas e retroceder até os antepassados, eles começarão com antepassados e avançarão até indivíduos vivos.

Fulton disse que esta abordagem se desenvolveu à medida que os genealogistas tentavam contornar “a parede de tijolos de 1870″, que marca o primeiro censo federal pós-emancipação e o primeiro censo a incluir nomes de pessoas que haviam sido anteriormente escravizadas. As tabelas de escravos dos censos de 1850 e 1860 se referiam aos escravos apenas por marcas, sexo e idade, o que significa que “conectar as pessoas identificadas em 1870 à sua identidade pré-emancipação é um desafio notoriamente difícil”, de acordo com a National Genealogical Society [Sociedade Genealógica Nacional dos E.U.A. – em inglês].

Contudo, ao começarem com os ancestrais e traçar as linhas familiares, os genealogistas têm taxas de sucesso muito mais altas, disse Fulton. Por exemplo, a American Ancestors ajudou no Georgetown Memory Project [Projeto de Memória de Georgetown – em inglês], que analisou 272 pessoas vendidas pela Universidade de Georgetown para duas plantações em Louisiana. Inicialmente, parecia que não havia muita informação sobre estas pessoas, além da crença amplamente difundida de que a maioria morreu no caminho para ou na Louisiana.

A American Ancestors, no entanto, achou que isto fizesse sentido. Assim, os genealogistas começaram a rastrear os filhos, netos e assim por diante, dos escravos, até descobrirem 8.000 descendentes dessas 272 primeiras pessoas.

“Então agora sabemos... esta metodologia funciona. A diferença é que faremos isto para 10 milhões de pessoas em vez de 272″, disse Fulton.

Participantes caminham pelo salão de exposições da RootsTech, realizada no Salt Palace Convention Center em Salt Lake City na quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024. | Kristin Murphy, Deseret News

Como participar

Fulton disse que a American Ancestors está “bem ciente” de que não é a primeira a abordar este tipo de trabalho. É por este motivo que o projeto 10 Million Names espera colaborar com o maior número possível de pessoas e organizações, disse ela, e amplificar a voz daqueles que contam histórias de suas famílias há séculos.

“Queremos reunir todos. Queremos ser o ponto central para as pessoas virem fazer pesquisas”, disse Fulton. “E então, idealisticamente, encaminharemos as pessoas para outras organizações que estão fazendo este trabalho.” Ela encorajou qualquer organização que queira se envolver neste projeto, a contatá-los através de seu site em 10millionnames.org [em inglês].

Ela também pediu doações, e não em dinheiro.

“Estamos implorando a todos nos Estados Unidos que analisem o que têm e doem para nós”, disse Fulton. “Registros bíblicos, documentos familiares, notas genealógicas... histórias orais, lembrancinhas de reuniões familiares. Qualquer coisa que você tenha e que ache que seria benéfica para este projeto, nós gostaríamos de ver.”

Para compartilhar documentos com o projeto 10 Million Names, visite 10millionnames.org [em inglês] e clique em “Help 10 Million Names Research” [Ajude a pesquisa 10 Milhões de Nomes]. A partir daí, os usuários serão solicitados a escolherem o tipo de registro que desejam enviar antes de receberem mais instruções para o envio.

Fulton enfatizou que as pessoas não precisam doar itens físicos. Em vez disso, a American Ancestors está trabalhando com arquivistas e historiadores locais para ajudá-las a criarem digitalizações de qualidade de arquivos, os quais serão então submetidas ao 10 Million Names para se tornarem parte de um registro pesquisável.

E se alguém deseja se envolver, mas não tiver registros para doar, Fulton os incentivou a entrarem em contato com a coordenadora voluntária, Danielle Rose, enviando um e-mail para 10mn@nehgs.org. De acordo com o site do projeto [em inglês], os voluntários fazem de tudo, desde digitalizar imagens até inserir informações históricas de documentos em planilhas e revisar dados.

“Garanto que encontraremos algo [para você fazer] se quiser ajudar”, disse Fulton.

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