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Instituto Wheatley: As 3 partes da felicidade e como ter mais delas

O professor e acadêmico de Harvard, Arthur C. Brooks, falou na BYU sobre por que as definições tradicionais de felicidade estão erradas e o que constitui a verdadeira e duradoura felicidade

Todos os semestres, no início de sua aula sobre felicidade, Arthur C. Brooks pergunta aos alunos o que é felicidade.

Eles dão uma série de respostas comuns, como a sensação de estar com pessoas que amam ou a sensação de fazerem algo que gostam.

“E eu digo: ‘Isso é lindo. Isso é adorável. Isso está errado’”, disse Brooks. “A felicidade não é um sentimento. E isso é uma notícia muito boa.”

Brooks é um impact scholar [estudiosos que contribuem com o impacto social da instituição – em inglês], da Universidade de Utah, autor de best-sellers do New York Times, colunista do jornal The Atlantic e professor de Práticas de Gestão na Harvard Business School [Faculdade de Administração de Empresas de Harvard], onde ministra cursos sobre Liderança e Felicidade.

Na quinta-feira, 28 de março, Brooks falou sobre os três componentes da felicidade em um fórum do Instituto Wheatley da Universidade Brigham Young [em inglês], intitulado “Build the Life You Want: The Art and Science of Getting Happier” [Construa a vida que você deseja: a arte e a ciência de ser mais feliz – em inglês]”.

“Não vou dizer que você vai ser feliz em algum sentido cósmico, porque a felicidade não é um destino, é uma direção... [Mas você pode ficar] mais feliz

As 3 partes da felicidade

Brooks disse que tratar a felicidade apenas como um sentimento é como tratar um jantar de Ação de Graças apenas com o cheiro de peru, purê de batatas e molho.

Enquanto os sentimentos são evidência de felicidade, da mesma forma que o cheiro de comida cozinhando é evidência de jantar, “se sua felicidade fosse uma questão de sentimentos, você estaria perseguindo sentimentos pelo resto de sua vida. E, de fato, isso é o que a maioria das pessoas faz, e essa é a razão de estarem tão frustradas. ... Essa não é uma forma de se viver.”

Em vez de apenas um sentimento, Brooks disse que a felicidade é uma combinação de prazer, satisfação e propósito, e ele detalhou as definições para cada um.

Primeiro, há o prazer, o qual Brooks disse que muitas pessoas equiparam com a satisfação. Mas a satisfação é “um fenômeno animal” — um impulso primordial que se preocupa apenas com a sobrevivência e a transmissão de genes, e que pode se tornar um vício, se perseguido exclusivamente.

Isso não torna o prazer algo ruim, Brooks esclareceu; é simplesmente um objetivo de vida incompleto. E não pode ser equiparado ao prazer que ele descreveu como um “fenômeno humano”, definido como satisfação, mais pessoas, e mais memória.

Por exemplo, o jantar de Ação de Graças não é prazeroso apenas porque comer é agradável — ninguém quer comer peru sozinho em seu apartamento, disse ele. Ao contrário, o jantar de Ação de Graças é prazeroso porque a comida é somada à família (as pessoas) e às tradições (a memória).

“Todas as coisas em sua vida que trazem prazer e que podem levar ao vício os magoarão se o fizerem sozinhos. Isso é um tipo de regra do polegar” [um princípio amplamente pesquisado, mas sem fundamento científico], disse Brooks.

O professor e autor de Harvard, Arthur C. Brooks, fala sobre a felicidade no Gordon B. Hinckley Alumni and Visitors Center [Centro de Ex-alunos e Visitantes Gordon B. Hinckley] da Universidade Brigham Young, organizado pelo Instituto Wheatley, Universidade de Utah e pela Marriott School of Business [Faculdade de Administração de Empresas Marriott] em Provo, Utah, na quinta-feira, 28 de março de 2024. | Kristin Murphy, Deseret News

A próxima parte da felicidade é a satisfação, que Brooks definiu como a alegria que uma pessoa sente depois de lutar por alguma coisa. Por exemplo, se alguém pudesse simplesmente entrar em uma faculdade e receber um diploma, não haveria satisfação nisso. “Se você não tem um pouco de fome, a comida não serve.”

Dito isto, a satisfação é temporária e a busca pode se tornar um comportamento pouco saudável, se as pessoas ficarem presas na “esteira hedônica”, disse Brooks. É por isso que até os bilionários por vezes procuram uma riqueza ainda maior.

Para quebrar este tipo de pensamento, Brooks encorajou as pessoas a pensarem na satisfação como tudo o que “possuem”, dividido por todos os seus “desejos”. Embora uma forma ineficiente e temporária de aumentar a satisfação seja aumentar o que “possuem”, o numerador, uma estratégia melhor é diminuir os “desejos”, o denominador.

“Controlem o denominador, controlem seus desejos terrenos… Eu posso controlar o desejo, e [então] o desejo não me controla”, disse Brooks.

O componente final da felicidade é o propósito. Brooks disse que ter um propósito adequado na vida vem da capacidade de responder às perguntas do tipo “por que”. Estas podem assumir diversas formas, mas as duas que ele pergunta aos seus alunos são “Por que vocês estão vivos?” e “Pelo que vocês dariam sua vida hoje se fosse necessário?”

Brooks disse que muitas pessoas não têm respostas para estas perguntas, e tudo bem; estas questões são simplesmente pontos de partida, enquanto alguém considera o que realmente torna sua vida significativa.

Ele contou a história de seu filho, Carlos, que parecia desmotivado e sem direção ao se formar no ensino médio. Brooks disse que ele e sua esposa estavam preocupados com o que o filho faria com sua vida, até que Carlos fez um teste de vocação e percebeu que a faculdade não era o caminho certo para ele. Em vez disso, ele passou uma temporada realizando trabalhos pesados em uma fazenda, o que por sua vez o ajudou a perceber que queria ingressar no Corpo de Fuzileiros Navais.

Nos quatro anos seguintes, Carlos foi fuzileiro naval de operações especiais e franco-atirador. O trabalho era “assustador para um pai, mas bom para um rapaz”, disse Brooks, acrescentando que, quando Carlos voltou para casa, há quatro meses, “ele era um homem.”

Agora, Carlos está casado e espera o primeiro filho. E ele pode responder às perguntas do tipo “por que” de Brooks sem hesitação: ele está vivo para servir os outros e daria a sua vida pela sua fé, família, seus companheiros fuzileiros navais e país.

Estas são as respostas de Carlos, não necessariamente de qualquer outra pessoa, enfatizou Brooks. Mas, como Carlos, todos são capazes de responderem por si mesmos às perguntas do tipo “por que”, “e no dia em que vocês estiverem convencidos dessas respostas, sua vida mudará.”

O presidente da Universidade de Utah, Taylor R. Randall, ouve o professor e autor de Harvard, Arthur Brooks, falar sobre felicidade no Gordon B. Hinckley Alumni and Visitors Center Center [Centro de Ex-alunos e Visitantes Gordon B. Hinckley] da Universidade Brigham Young em Provo, Utah, na quinta-feira, 28 de março de 2024. A palestra foi apresentada pelo Instituto Wheatley, Universidade de Utah e Marriott School of Business [Faculdade de Administração de Empresas Marriott]. | Kristin Murphy, Deseret News

‘Metabolismos’ de saúde mental e felicidade

Brooks encerrou o fórum discutindo por que algumas pessoas são naturalmente mais felizes do que outras, mesmo quando as circunstâncias de vida são semelhantes. Ele atribui isso a diferentes “metabolismos” de felicidade, assim como os metabolismos físicos são influenciados pela genética, hábitos e circunstâncias, os mesmos fatores influenciam os níveis de felicidade de uma pessoa.

E embora essa realidade possa ser vista como deprimente, Brooks a vê como fortalecedora. “Porque se você sabe que vem de [um certo tipo de] família, poderá administrar seus hábitos de maneira mais eficaz. Mas você precisa se conhecer.”

Ele também abordou as dificuldades dos problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, que são formas desadaptativas de emoções negativas normais. Brooks disse que é importante não erradicar as emoções negativas porque elas mantêm as pessoas seguras; mas se essas emoções estiverem tão intensas que interfiram na vida cotidiana, é aí que a pessoa deve procurar ajuda.

Ele lembrou aos ouvintes de que ter emoções negativas não os tornam incapacitados. Elas os tornam humanos.

“Aqueles de vocês que são cristãos como eu, adoramos um Deus que sofre”, disse ele, acrescentando: “[Isso] significa que não há nada de errado com vocês. Pelo contrário, vocês têm o divino dentro de si. Isso é uma coisa boa.”

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