Em muitos países, os profissionais de saúde vão de aldeia em aldeia, e de casa em casa, para fornecerem a mais crianças, imunização que pode salvá-las.
Mas as equipes masculinas de vacinação, muitas vezes não têm permissão para entrarem nas casas, devido a normas religiosas e culturais em algumas áreas. É por isso que as agentes de vacinação estão tendo muito mais progresso: muitas também são mães e conseguem se conectar e se comunicarem com outras mães e cuidadoras nas famílias.
“Estão fazendo uma enorme diferença na luta global para acabarmos com a poliomielite”, disse Melissa Corkum, gerente sênior de resposta a surtos de poliomielite da UNICEF [em inglês].
Por exemplo, uma rede de mobilizadores sociais, composta por cerca de 90% de mulheres de comunidades locais, trabalhou para vacinar mais de 170 milhões de crianças menores de 5 anos na Índia, ajudando o país a erradicar a poliomielite em 2014.
Depois, na Nigéria, os mobilizadores comunitários voluntários, em que mais de 80% eram mulheres, ajudaram a construir a confiança na vacina contra a poliomielite em áreas de alto risco, levando o país a ser certificado como livre da poliomielite selvagem em 2020.
Agora, enquanto o UNICEF continua os esforços de vacinação contra a poliomielite no Paquistão e Afeganistão, as mulheres mobilizadoras e agentes de vacinação da comunidade estão liderando o ataque contra a doença [em inglês].
“A única maneira de preencher as lacunas em nosso sistema é envolvendo e capacitando as mulheres igualmente em todos os elementos e funções do programa”, disse Corkum.
Desafios no Paquistão e Afeganistão
O Afeganistão e o Paquistão são os únicos dois países onde o poliovírus selvagem ainda é transmitido de forma persistente.
Antes de ingressar na equipe de surtos, Corkum liderou os esforços do UNICEF contra a poliomielite nesses países. Ela disse que o UNICEF ajuda a vacinar mais de 400 milhões de crianças contra a poliomielite todos os anos e é preciso muito planejamento detalhado em muitos níveis diferentes, desde a aquisição e distribuição, até o armazenamento seguro da vacina e a aplicação das gotas na boca de uma criança.
“Uma parte substancial do nosso trabalho, que na verdade é o primeiro passo crítico para alcançarmos uma alta cobertura vacinal, é construirmos a confiança nas vacinas dentro das comunidades”, disse Corkum.
Profissionais de saúde e mobilizadores trabalham com políticos locais, anciãos tribais, líderes tradicionais e religiosos, sobreviventes da poliomielite, educadores, instituições de saúde e a imprensa para fornecerem informações precisas e oportunas.
No Afeganistão, as lacunas de imunidade resultantes de anos de insegurança, vacinas perdidas ou comunidades subvacinadas deixaram as crianças sob alto risco de contraírem poliomielite e outras doenças evitáveis, disse Corkum. E no Paquistão, os desafios existentes foram exacerbados pela pandemia de COVID-19, inundações recordes e baixa cobertura de imunização de rotina em algumas áreas.
Crises humanitárias, deslocamento e desinformação sobre vacinas estão causando um declínio na vacinação infantil, levando a um aumento nos surtos de poliomielite, mesmo em países que estavam livres da doença há décadas.
O UNICEF e parceiros, incluindo o Rotary International [em inglês], estão trabalhando em campanhas mais focadas e usando as oportunidades disponíveis para permitirem que os profissionais de saúde alcancem as crianças.
“Enquanto estamos nos esforçando para acabarmos com a transmissão da poliomielite nos dois últimos países endêmicos, continuamos focados e comprometidos em interromper os surtos variantes da poliomielite na África e na Ásia, que paralisaram mais de 2.000 crianças nos últimos quatro anos”, disse Corkum.
Como a Igreja está ajudando a combater a poliomielite
Em dezembro de 2022, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias doou US$ 10 milhões ao UNICEF e ao Rotary International para ajudá-los nos esforços e campanhas de imunização em 2023.
E a Igreja já ajudou no passado, disse Corkum. Em 2015 e 2017, o financiamento da Igreja ajudou o UNICEF a adquirir e distribuir vacinas contra a poliomielite, para interromper os surtos no Mali e na Guiné. Em 2022, quando o poliovírus selvagem ressurgiu no Malawi, depois de mais de três décadas, a Igreja deu um passo à frente para ajudar o UNICEF e o Ministério da Saúde a expandirem a força de trabalho de agentes de vacinação e a estabelecerem centros de operações de emergência em todo o país.
Os centros de operação de emergência reúnem especialistas e parceiros sob o mesmo teto, aumentando a coordenação e a eficácia, para apoiarem os profissionais de saúde nas comunidades.
Além disso, a Igreja está contribuindo para proteger as crianças de outras doenças evitáveis por meio da vacinação, ajudando a fornecer serviços de imunização de rotina para crianças em locais específicos durante as campanhas nacionais contra a poliomielite, disse Corkum.
Rachel Steinberg, diretora administrativa de parcerias de causas globais do UNICEF E.U.A., tem liderado a parceria com a Igreja nos últimos 10 anos.
“Somos gratos pelo fato de a Igreja ter sido uma forte parceira do UNICEF no apoio aos programas de imunização por muitos anos”, disse Steinberg. “A Igreja forneceu apoio, não apenas para uma programação sustentável de longo prazo que melhora o acesso a vacinas e constrói melhores sistemas de cadeia de frio para a entrega de vacinas, mas também ofereceu ajuda generosa na resposta a surtos de emergência.”
O financiamento, que ajuda a responder a surtos de emergência e a ter acesso a crianças com difíceis acessos, não é a única maneira pela qual a Igreja está ajudando o UNICEF, explicou Steinberg.
“Além disso, os líderes e membros da Igreja também usam sua voz para aumentarem a conscientização sobre a importância das vacinas, defenderem o aumento do acesso às vacinas e o fortalecimento dos sistemas para atenderem às comunidades carentes”, disse ela. “A voz confiável das comunidades e líderes religiosos são essenciais nestes tipos de esforços.”