Todos os anos, no primeiro domingo de fevereiro, cerimônias e serviços religiosos são realizados para comemorar o Four Chaplains Day [Dia dos Quatro Capelães].
Nas primeiras horas de 3 de fevereiro de 1943, o Dorchester, um navio de passageiros com tropas, transportava 900 soldados quando foi atingido por um torpedo de um submarino alemão na costa da Groenlândia, nas águas geladas do Atlântico Norte. Quatro capelães do Exército dos E.U.A., Padre John P. Washington, Rabino Alexander D. Goode e os Reverendos George L. Fox e Clark V. Poling, todos tenentes de diferentes denominações, ajudaram outras pessoas a bordo a escaparem para os botes salva-vidas e cederam seus próprios coletes salva-vidas quando o suprimento acabou. Os capelães então deram as mãos, ofereceram orações e cantaram hinos enquanto afundavam com o navio.
O chefe dos capelães do Exército dos E.U.A., Major-General William Green Jr., [em inglês] contou a história várias vezes antes de presentear vários indivíduos com sua challenge coin [moeda de desafio] personalizada do Exército, que presta homenagem aos quatro capelães e à missão do Corpo de Capelães do Exército de nutrir os vivos, cuidar dos feridos e honrar os caídos.
“Quando o torpedo atingiu o Dorchester, vocês podem imaginar o caos. No meio de todo aquele caos e confusão, eles foram uma presença calmante”, disse o Capelão Green. “Aqueles quatro cavalheiros fizeram o sacrifício final em nome de seus soldados.”
O dever básico de um capelão é servir pessoas de todas as religiões, as ajudando a satisfazerem suas necessidades espirituais, especialmente em tempos difíceis. Preparar capelães para o futuro serviço militar e fortalecer as relações inter-religiosas com os líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias estavam entre os objetivos da visita do Capelão Green à sede da Igreja e à Universidade Brigham Young, na quarta-feira, 6 de março.
O Capelão Green, natural de Savannah, Geórgia, se tornou o 26º chefe dos capelães do Exército dos E.U.A. [em inglês] em 5 de dezembro de 2023. Ministro batista ordenado, o Capelão Green serviu em várias missões e múltiplos destacamentos, apoiando uma ampla gama de unidades e soldados do Exército.
Sua decisão de ingressar no Exército ocorreu depois do ensino médio, quando seu vizinho, um pastor, percebeu que o jovem não tinha certeza sobre o seu próximo passo e o encorajou a se encontrar com um recrutador do Exército, o que ele fez. “Aquilo mudou absolutamente minha vida”, disse ele. Mais de cinco anos depois, Green se sentiu chamado para o ministério e se tornou Capelão do Exército.
Vestido com uniforme completo, o Capelão Green, que supervisiona os mais de 5.000 capelães do Exército estacionados em todo o mundo, estava acompanhado pelo Coronel Capelão Robert Nay e pelo Coronel Capelão Brandon Moore. Durante a visita, eles se encontraram com Élder Patrick Kearon, do Quórum dos Doze Apóstolos; Élder Ahmad S. Corbitt, Setenta Autoridade Geral; e Élder Matthew L. Carpenter, Setenta Autoridade Geral que serve como consultor do Comitê Consultivo Militar da Igreja.
O grupo estava acompanhado por Todd Linton, diretor da Divisão de Relações Militares e Serviços de Capelães da Igreja; Major-Capelão Lee Harms, professor da BYU e coordenador associado de pós-graduação do programa de Capelania da BYU; Justin Tull, gerente geral das Relações Militares e Serviços de Capelães da Igreja; e Tamara Harris, gerente de serviços de capelania.
O grupo visitou o Armazém Central do Bispo, se reuniu com genealogistas profissionais na Biblioteca do FamilySearch e passou um tempo no Centro de Conferências. O FamilySearch surpreendeu os três capelães com documentos e materiais relacionados à história de suas famílias.
Mais tarde naquele dia, o Capelão Green e seus companheiros capelães foram à biblioteca da BYU, onde viram artefatos históricos dos santos dos últimos dias e realizaram a exibição do novo documentário “Fighting Spirit: A Combat Chaplain’s Journey” [Espírito de Luta: A jornada de um capelão de combate]. O evento contou com a presença de capelães, candidatos a capelão, funcionários das Relações Militares e dos Serviços de Capelães da Igreja, cônjuges e outros.
Reuniões com líderes da Igreja
O Capelão Green disse que o Exército está reformando seu programa de candidatos a capelão, para “garantir que as pessoas tenham uma experiência compartilhada”. Em sua reunião com Élder Kearon, eles discutiram a parceria do Exército com a Igreja, e o processo de triagem e preparação de candidatos a capelão, para que estejam treinados e prontos quando surgirem desafios.
“Queríamos ter certeza de que eles estão sendo preparados e, pelo que ouvi, a equipe está fazendo um ótimo trabalho”, disse o Capelão Green. “O que aprecio é o esforço que toda a organização [a Igreja] faz para que tenhamos as pessoas certas, no momento certo e com um sentido de chamado em sua vida para servirem a Deus e ao país.”
Élder Kearon descreveu a reunião com o Capelão Green e os outros como “calorosa e envolvente.”
“Somos muito gratos por compartilharmos essa missão de cuidar de nossas forças armadas em todo o mundo, e esperamos estar contribuindo em nossa capelania para fazermos isso”, disse o Apóstolo. “É maravilhoso que tenhamos esta relação, e somos extraordinariamente gratos às forças armadas de todo o mundo.”
Élder Carpenter saiu da reunião com uma melhor compreensão das necessidades da capelania, do ponto de vista do Exército dos Estados Unidos.
“Queremos ter certeza de que entendemos suas necessidades, e que eles entendem o que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pode fazer, para realizar seus desejos e objetivos que estejam alinhados com a missão da Igreja. Estamos muito satisfeitos por estarmos unidos a eles enquanto realizamos a obra de Deus”, disse ele. “O Espírito do Senhor estava aqui. Eles estavam abertos. Eles procuram garantir que o corpo de capelania e as forças armadas dos Estados Unidos da América estejam espiritualmente preparados para entrarem em batalha, e queremos fazer parte dessa solução.”
A Igreja vê a capelania como um reflexo dos esforços dos santos dos últimos dias para ministrarem às pessoas de todas as outras religiões ou àqueles que não têm uma religião, disse Élder Corbitt, e o Capelão Green é “um homem dedicado à sua fé e à espiritualidade dos soldados que defendem a nação.”
“Creio que é uma bela declaração de compromisso e dedicação, não apenas ao seu país, mas à força central do país, que é a nossa espiritualidade e fé”, disse ele.
Depois de almoçarem juntos, cada um dos três capelães, receberam uma pequena réplica da estátua do Christus, criada pelo escultor dinamarquês Bertel Thorvaldson.
O Capelão Green se sentiu grato pela oportunidade de conhecer melhor a liderança da Igreja, e compreender o desejo da fé, de ser “uma Igreja para todas as pessoas.”
“Tenho ouvido isso repetidas vezes e não acredito que seja uma mensagem encenada, acredito que está no coração da Igreja”, disse o chefe dos capelães do Exército. “A cada visita, fico ainda mais impressionado com a organização e com os objetivos que ela tem para as pessoas. Todas as reuniões foram absolutamente esplêndidas. Agradeço o foco e a atenção.”
O serviço dos capelães
Mais de 50 pessoas lotaram um pequeno auditório na biblioteca da BYU na noite de quarta-feira, para a exibição do documentário “Fighting Spirit”, que segue um ex-capelão do Exército refletindo sobre seu serviço e sobre as histórias de outros capelães militares dos E.U.A., incluindo:
- Capelão Jeff Struecker, um ex-combatente do Exército que esteve envolvido na Batalha de Mogadíscio em 1993.
- Capelão Thomas Solhjem, que desfez uma situação tensa com os soldados iraquianos, enquanto servia na operação Desert Storm [Tempestade no Deserto], em 1991.
- Capelão Garland White, que nasceu escravizado, mas escapou para a liberdade em 1860 e depois se alistou para servir no Exército da União, durante a Guerra Civil.
- Capelão Joseph O’Callahan, um padre jesuíta que serviu como capelão da Marinha durante a Segunda Guerra Mundial.
- Capelão Angelo Liteky, um padre católico que serviu como capelão do Exército durante a Guerra do Vietnã.
Enquanto o documentário era produzido, os restos mortais de um capelão que serviu na Guerra da Coreia foram descobertos em uma sepultura sem marcação, 70 anos depois de ter sido declarado desaparecido em combate. O capelão era Emil Kapaun, um padre católico que foi capturado e perdeu a vida enquanto ministrava a outros como prisioneiro de guerra. Sua história inspiradora está entre as apresentadas no filme, que já foi exibido ao Papa Francisco, no Vaticano.
Mais de 400 capelães militares sacrificaram suas vidas em batalha. Nove receberam a Medalha de Honra, o maior prêmio militar do país por valor em ação, segundo o filme.
O Capelão Moore, coprodutor do filme, disse que ficou honrado em trazer o filme para Utah, onde espera que possa ajudar as pessoas a obterem uma apreciação mais profunda do que os capelães fazem, e a desejarem dar o melhor de si aos militares. A data de lançamento do filme não foi determinada.
Depois de ver o filme, Harms, membro do Comitê Consultivo Militar da Igreja, refletiu sobre as suas próprias experiências como capelão em serviço no Afeganistão, segurando bolsas de soro, cortando botas ensanguentadas, ministrando aos soldados e, por vezes, vendo amigos morrerem em combate.
“Acho que meu Senhor e Salvador Jesus Cristo me deu forças e aos meus colegas capelães que também têm essa fé”, disse Harms, que acrescentou que o capelão Green foi seu primeiro capelão do Exército.
Harms também falou brevemente sobre a história dos capelães santos dos últimos dias, destacando especificamente três que serviram durante a Primeira Guerra Mundial: Herbert Maw, mais lembrado como o oitavo governador de Utah; Calvin S. Smith, filho do sexto presidente da Igreja, Joseph F. Smith, que era conhecido como “o capelão da luta de Utah”; e Élder B.H. Roberts, autoridade geral e prolífico historiador da Igreja.
Desde então, o número de capelães militares e civis apoiados pela Igreja cresceu e ultrapassou os 300.
Harms disse que, esta primeira visita do Capelão Green à BYU foi significativa, e beneficiará o programa de Capelania da BYU.
“O chefe dos capelães do Exército tem responsabilidades significativas, incluindo liderar capelães de muitas origens religiosas diferentes, que protegem e fornecem cuidado espiritual e o livre exercício da religião em todo o Exército dos Estados Unidos”, disse ele. “O Capelão Green reservou um tempo para visitar a sede da Igreja, a Universidade Brigham Young, e se reunir com líderes da Igreja e estudantes de capelania. Ele realmente entende a importância de se construir e nutrir relacionamentos com outras pessoas para cuidar conjuntamente de todos os filhos de Deus.”
Durante uma sessão de perguntas e respostas após o documentário, o Capelão Green reconheceu um velho amigo, o capelão santo dos últimos dias aposentado, tenente-coronel Christopher Degn. Os dois passaram um tempo juntos em Fort Bragg, Carolina do Norte, no início de suas carreiras.
“Eu não esperava isso, mas meio que desejava que acontecesse, porque tenho muito amor por aquele homem”, disse Degn, que serviu como capelão do Exército por 20 anos. “O que vocês viram lá é exatamente o que ele é. Ele é muito compassivo. Ele é um grande líder e um bom homem de Deus, porque eleva o ânimo daqueles que elevam outros espíritos. Fiquei emocionado quando soube que ele estava vindo para cá.”
O Capelão Green concluiu os eventos da noite oferecendo uma oração e uma bênção à Igreja de Jesus Cristo e aos Estados Unidos.
“Damos graças, ó Deus, por esta grande comunidade, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e pelo amor e sentido de missão e chamado que senti e vi demonstrado durante estes últimos dias. Pedimos que isso continue com eles”, disse ele. “Deus, pedimos uma bênção especial aos Estados Unidos da América. Senhor, oramos para que a luz da liberdade continue a brilhar intensamente em nossa grande nação, e que Tu, ó Deus, continue a nos proteger e a nos guardar.”