Addison Pratt teve seu primeiro vislumbre da ilha de Tubuai, na Polinésia Francesa, em 30 de abril de 1844.
O missionário santo dos últimos dias e seus companheiros partiram em um navio baleeiro, o Timoleon, de New Bedford, Massachusetts, no mês de outubro do ano anterior. Ao longo de cerca de sete meses, eles navegaram através do Oceano Atlântico, contornando o Cabo da Boa Esperança na ponta da África, até o outro lado do Oceano Índico, através dos mares tumultuados ao longo da costa sul da Austrália e, finalmente, no Pacífico.
Seu navio atracou apenas duas vezes durante sua longa e monótona jornada. Quando um marinheiro gritou: “Terra, ho!” nas primeiras horas da manhã de 30 de abril, Pratt correu para o convés (“Zion in Paradise: Early Mormons in the South Seas”, de S. George Ellsworth, pág. 7).
A ilha de Tubuai, localizada a cerca de 640 quilômetros ao sul do Taiti, é cercada por uma laguna de recifes de corais, dando às águas um tom turquesa ou jade. Seus dois picos com cúpulas de lava se projetam do oceano e são cobertos por uma exuberante flora verde. Mas, em vez de observar a beleza do lugar, Pratt registrou em seu diário sua afinidade instantânea com o povo.

Quando jovem, Pratt trabalhou como marinheiro e passou seis meses nas Ilhas Sandwich, ou onde hoje é o Havaí. Depois de chegar a Tubuai, Pratt escreveu que seu “coração saltou de alegria, pois eles pareciam velhos conhecidos” (“The Journals of Addison Pratt”, págs. 151–152).
Aquele dia marcou o início de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no Pacífico. Pratt e seus companheiros pregariam, batizariam e organizariam a Igreja em Tubuai, Taiti e outras ilhas da Polinésia Francesa, tudo antes dos primeiros santos dos últimos dias terem entrado em Utah.
Em abril passado, Élder Ulisses Soares, do Quórum dos Doze Apóstolos, viajou 7.200 quilômetros desde a sede da Igreja, para participar de eventos locais que comemoravam o 180º aniversário daquele dia histórico.
Ao refletir sobre a sua visita, Élder Soares disse à Sala de Imprensa da Igreja no Pacífico [em inglês]: “O Senhor ama o povo da Polinésia Francesa e do Pacífico Sul. Ele enviou Seus missionários para compartilharem o evangelho restaurado de Jesus Cristo e trouxe Suas bênçãos para esta região. Devemos compartilhar esse amor, alegria e bênçãos com todos.”

Semeando o evangelho na Polinésia Francesa
Em muitos aspectos, a história da Igreja na Polinésia Francesa começa na verdade em Nauvoo, Illinois.
Em 28 de março de 1843, Hyrum Smith, irmão do Profeta Joseph Smith, colocou as mãos sobre a cabeça de Addison Pratt e lhe concedeu uma bênção patriarcal. Nessa bênção, ele disse a Pratt: “Você irá, entrará e sairá pela face da Terra … e seus atos serão escritos nas crônicas de seus irmãos; …seu nome será perpetuado…de geração em geração…e terá honra até a última geração” (“The Journals of Addison Pratt”, pág. 115).
Duas semanas depois, Pratt, Noah Rogers, Benjamin Grouard e Knowlton F. Hanks foram chamados para uma missão nas Ilhas do Pacífico. Eles foram os primeiros missionários santos dos últimos dias enviados ao Pacífico. Pratt também se tornaria o primeiro missionário santo dos últimos dias a pregar em um idioma diferente do inglês.
Hanks, que tinha tuberculose, morreu durante a viagem através do Atlântico. Pratt permaneceu em Tubuai enquanto Grouard e Rogers navegaram para o Taiti. No final de 1846, quase 1.000 pessoas haviam sido batizadas nas ilhas da Polinésia Francesa.

Quando a notícia do martírio do Profeta Joseph Smith chegou às ilhas, Rogers voltou para casa. Em 1847, após seis meses sem notícias de sua família ou dos líderes da Igreja, Pratt decidiu navegar para a América com o plano de retornar às ilhas com sua esposa, Louisa, e mais missionários.
Quando se reuniu com a família no Vale do Lago Salgado, em 1848, ele, a esposa e os filhos já estavam separados há mais de cinco anos. Louisa se manteve ocupada no êxodo: abandonou Nauvoo, viveu em Winter Quarters e depois atravessou as planícies sozinha.
Em 1850, Pratt retornou à Polinésia Francesa com outros 22 missionários, incluindo sua esposa e filhas. Louisa dava aulas na escola, pregava o evangelho e ensinava as mulheres das ilhas a trabalharem com jardinagem, confeccionarem colchas, costurarem e tricotarem. Elas, por sua vez, lhes ensinaram o idioma.
Às vezes, Louisa se perguntava se ela estava fazendo a diferença. “Espero que minha vinda para cá resulte em muitas coisas boas, embora isso possa não estar se manifestando no momento”, escreveu ela em seu diário. “Esforcei-me para plantar a boa semente. O fruto pode ser colhido após muitos dias” (”Santos: Volume 2″, pág. 146).

Em 1852, Pratt, sua família e outros missionários foram expulsos das ilhas, devido ao aumento da tensão com as autoridades coloniais francesas. Eles deixaram para trás cerca de 1.500 a 2.000 membros locais da Igreja, espalhados por 20 ilhas. Estes santos lutaram para manter a fé diante da perseguição e com contato limitado da sede da Igreja (Histórias do mundo: Polinésia Francesa, “Às Ilhas do Mar”).
Quarenta longos anos depois da partida oficial dos missionários da Igreja, dois missionários da Missão Samoana chegaram ao litoral da Polinésia Francesa em 1893. A partir de então, a Igreja cresceu continuamente.
O trabalho missionário entre as ilhas recebeu um impulso em 1904, quando o Livro de Mórmon foi traduzido para o taitiano. Meio século depois, em 1955, a Igreja organizou um ramo de língua francesa no Taiti, o primeiro ramo de língua francesa da Igreja.
Em 1963, um grupo de 60 santos da Polinésia Francesa viajou para Hamilton, Nova Zelândia, para as primeiras sessões do templo em língua taitiana. Vinte anos depois, em 1983, Presidente Gordon B. Hinckley dedicou o primeiro templo para o território das ilhas: o Templo de Papeete Taiti.
Hoje existem cerca de 30.000 santos dos últimos dias, distribuídos em 100 congregações, incluindo 11 estacas. Na conferência geral de abril, Presidente Russell M. Nelson anunciou um segundo templo para as ilhas da Polinésia Francesa, no município de Uturoa, na ilha de Raiatea.
Apesar das preocupações de Louisa, a “boa semente” plantada por ela, seu marido e por outros primeiros missionários brotou e cresceu, desenvolvendo raízes profundas que nutriram gerações.

Comemorando 180 anos
Os eventos para comemorar o 180º aniversário trouxeram vários líderes da Igreja às ilhas. Além de Élder Soares e da irmã Rosana Soares, estavam presentes Élder Brent H. Nielson, da Presidência dos Setenta, e sua esposa, a irmã Marcia Nielson; Élder Kyle S. McKay, historiador e registrador da Igreja, e sua esposa, irmã Jennifer S. McKay; e membros da presidência da Área Pacífico e suas respectivas esposas: Élder Peter F. Meurs e irmã Maxine Meurs, Élder Taniela Wakolo e irmã Anita Wakolo, e Élder Jeremy R. Jaggi e irmã Amy Jaggi. Todos participaram das festividades.
Os líderes começaram a semana visitando Tubuai, onde Addison Pratt iniciou seus esforços missionários em 1844. Além de se reunirem com líderes locais da Igreja e do governo, as autoridades gerais visitaram os descendentes dos primeiros conversos à Igreja.
Outros eventos incluíram devocionais para líderes, missionários e jovens, bem como reuniões com líderes governamentais, incluindo o presidente da Polinésia Francesa, Moetai Brotherson.

Na sexta-feira, 26 de abril, Élder Soares e o prefeito da cidade de Pirae, Tavana Edouard Fritch, também inauguraram oficialmente uma exposição de história da Igreja na prefeitura de Pirae. A exposição apresenta fotos, artefatos, linhas do tempo e exibições que traçam a história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no local.
Incluído na abertura da exposição estava o lançamento de um livro infantil, intitulado “Faith, Hope, and Miracles” [Fé, Esperança e Milagres – em inglês], que apresenta histórias relacionadas à história da Igreja na Polinésia Francesa.
Melanie Riwai-Couch, gerente de história da Igreja para a Área Pacífico, explicou à Sala de Imprensa do Pacífico [em inglês]: “Queríamos que todas as crianças e jovens soubessem que estão fazendo [parte da] história da Igreja todos os dias, por meio de sua decisão de entrarem e permanecerem no caminho do convênio. Suas histórias são importantes e eles estão criando uma história viva.”



Élder Soares também dedicou um marco histórico na comunidade de Mahina, na ilha do Taiti. O marco descreve uma breve história de Addison Pratt e seus companheiros e declara: “Hoje, milhares de santos dos últimos dias nessas ilhas vivem fiéis ao exemplo de seus nobres antepassados e fiéis à sua fé em Jesus Cristo.”
O ponto culminante dos eventos comemorativos foi uma celebração cultural no sábado, 27 de abril, com apresentações de crianças locais, seguida de um devocional com mensagens de Élder e irmã Soares, Élder Meurs, Élder McKay e Élder Nielson. Mais de 10.000 santos dos últimos dias e convidados se reuniram no Pater Stadium em Pirae, Taiti, para os eventos.




Durante a celebração cultural, as crianças homenagearam os seus antepassados com música e danças tradicionais. Os participantes dançavam e giravam com colares de conchas, saias de grama, cocares de folhas de bananeira, usando vestidos ou camisas de cores vivas e com folhas de palmeira e flores.
Os eventos receberam cobertura de vários meios de comunicação na Polinésia Francesa.
Élder Soares disse: “Tenho muita alegria no coração em celebrar com vocês o 180º aniversário da chegada dos primeiros missionários.”
Ele testificou: “O plano de Deus é baseado na alegria, a alegria de retornarmos a Ele e a Seu Filho.”
Continuando o legado da fé
Oito anos depois que Presidente Hinckley dedicou o templo no Taiti, a Igreja construiu uma capela em Tubuai. Em outubro de 1991, presidente Yves R. Perrin, o presidente da missão na época, viajou do Taiti para Tubuai para a dedicação. O evento foi precedido por quatro dias de celebração, incluindo um show de talentos, uma visitação pública, uma reunião batismal e reuniões da conferência de distrito.
O presidente Perrin disse mais tarde: “Senti verdadeiramente o espírito de Addison Pratt. … Senti que ele estava nos observando e está satisfeito ao ver o progresso que a Igreja fez em Tubuai” (“Seasons of Faith and Courage”, Ellsworth e Perrin, pág. 312).
Presidente Nelson, na época membro do Quórum dos Doze Apóstolos, viajou para a Polinésia Francesa três anos depois, em 1994 [em inglês], oferecendo uma bênção à terra e ao povo, e celebrando o sesquicentenário da Igreja no Taiti.
O então Élder Nelson observou na época que essas ilhas eram ricas com o sangue de Israel. “Ao mesmo tempo em que homenageamos os missionários que vieram para a Polinésia Francesa, também homenageamos o Profeta que os enviou para cá. Ao honrarmos o Profeta que os enviou aqui, honramos o Senhor que inspirou esse Profeta.”
Em 2019, Presidente Nelson regressou ao Taiti [em inglês], desta vez como Profeta, durante o seu ministério no Pacífico. Presidente Nelson agradeceu aos santos da Polinésia Francesa pela forma como amam o Senhor, mas alertou sobre tempos difíceis que viriam. Ele pediu aos membros que fizessem duas coisas:
- Aumentem a fé no Senhor.
- Aumentem a força material e espiritual das famílias.

Enquanto esteve na Polinésia Francesa para as celebrações do 180º aniversário, em abril, Élder Soares pôde compartilhar seus próprios sentimentos de amor e oferecer conselhos. Durante um devocional no último dia da viagem, Élder Soares se dirigiu a cerca de 800 jovens em Papeete, Taiti.
Em seu discurso, ele observou que o povo da Polinésia Francesa tem um bom coração. “Eles se abraçam, se alegram com a vida.”
Por meio de Jesus Cristo e de Seu amoroso sacrifício expiatório, todos podem um dia se qualificar para voltarem a viverem com Deus, ensinou Élder Soares. “Deus tem grande confiança em vocês e em mim, de que podemos andar nesta terra e voltar nosso coração ao nosso Salvador Jesus Cristo quando cometemos erros.”
Olhando para a congregação, alguns dos quais eram descendentes de conversos dos primeiros missionários e outros que eram membros pioneiros em suas famílias, Élder Soares disse aos jovens reunidos: “Nós os amamos, nossos queridos amigos. Vocês representam o futuro do evangelho nesta bela parte do mundo.”