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Como a fé impulsionou o retorno de Paul Schulte, atleta paralímpico, ao basquete em cadeira de rodas

O marido e pai de 45 anos serve como segundo conselheiro em um bispado em Bradenton, Flórida

Paul Schulte realmente não tinha a intenção de voltar a jogar basquete em cadeira de rodas.

O santo dos últimos dias, que mora com sua esposa e filho em Bradenton, Flórida, já havia competido com a seleção dos E.U.A. por quase duas décadas, desde seu teste em 1997 até sua aposentadoria em 2015. Schulte jogou nas Paralimpíadas em 2000, 2008 e 2012, conquistando duas medalhas de bronze.

Ele ainda pratica o esporte, mas achava que seus dias competitivos haviam acabado.

Então Schulte foi apresentado ao paraciclismo [ou handbike], e a alguns homens mais velhos — ele os chama de seus “mentores” — na faixa dos 50 e 60 anos, que lhe mostraram que seu corpo ainda era capaz de ter um desempenho de alto nível. Ele também começou a levantar pesos com o filho.

“Como jogadores de basquete, achamos que estamos bastante esgotados quando ultrapassamos os 35 ou 40 anos, mas eles definitivamente me ajudaram a entender como eu poderia treinar de maneira diferente e ainda assim obter ótimos resultados”, disse ele.

Paralympian and Latter-day Saint Paul Schulte (14) shakes hands with a fan at Curry Arena on the campus of Queens University in Charlotte, North Carolina.
Paul Schulte (14), atleta paralímpico e santo dos últimos dias, aperta a mão de um fã na Curry Arena, no campus da Universidade Queens em Charlotte, Carolina do Norte. | Wendy Yang Photography

Com confiança renovada em suas habilidades físicas, profundos sentimentos de apoio de um amoroso Pai Celestial e o desejo de mostrar a seu filho de 14 anos que era possível, Schulte fez um teste para a seleção nacional de basquete em cadeira de rodas dos Estados Unidos e obteve uma vaga na equipe de 12 jogadores da seleção paralímpica.

Atualmente com 45 anos, Schulte, que serve como segundo conselheiro no bispado na Ala University Park, da Estaca Sarasota Flórida, espera ajudar a equipe dos E.U.A. a ganhar uma medalha de ouro nas Paralimpíadas de Paris de 2024. A seleção masculina de basquete em cadeira de rodas conquistou o ouro em 2016, no Rio de Janeiro, Brasil, e em 2021, em Tóquio, Japão [ambos em inglês]. Agora, a equipe dos E.U.A. busca sua terceira medalha de ouro consecutiva.

“Se posso contribuir de alguma forma para seu sucesso, quero fazê-lo”, disse Schulte. “Se eles precisarem que eu distribua água, é isso que farei.”

Uma bênção, não uma tragédia

Quando criança, crescendo em Manchester, Michigan, Schulte tinha um profundo amor por esportes.

“Eu gostava muito de esportes, provavelmente um pouco demais, porque ignorei todo o resto”, disse ele.

A vida de Schulte mudou aos 10 anos, quando ele, sua mãe e seu irmão se envolveram em um acidente de carro. Schulte estava no banco de trás, onde o cinto de segurança só tinha alça abdominal e não tinha alça de ombro. Ao colidirem com o outro veículo, o impacto causou um efeito em chicote na parte superior do corpo, resultando em uma lesão na medula espinhal que o deixou paralisado da cintura para baixo.

Após o acidente, Schulte recebeu uma bênção do sacerdócio na qual lhe foi prometido que sua nova situação seria “uma bênção em sua vida, e não uma tragédia”.

“Levou anos para que isso acontecesse, mas posso dizer com certeza que é verdade”, disse ele, ao mesmo tempo que reconheceu as dificuldades que outras pessoas em cadeiras de rodas enfrentam. “Minha deficiência e os esportes que pratiquei pagaram minha faculdade, me deram uma carreira e me apresentaram a muitas pessoas e mentores incríveis, e me colocaram neste caminho que me deu tantas oportunidades. ... Além da minha esposa e do meu filho, é a melhor coisa que já aconteceu comigo.”

Paralympian Paul Schulte is pictured with his wife, Meghan, and son, Brady, outside the Orlando Florida Temple on Jan. 20, 2024.
Paul Schulte, atleta paralímpico, posa para uma foto com sua esposa, Meghan, e seu filho, Brady, do lado de fora do Templo de Orlando Flórida, em 20 de janeiro de 2024. | Provided by Schulte family

Fé e basquete em cadeira de rodas

Estar em uma cadeira de rodas ajudou Schulte a desenvolver um relacionamento com o Pai Celestial e Jesus Cristo.

“Aprendi por conta própria, de forma independente e muito poderosa, que existe um Deus, e que Ele nos conhece e que virá em nosso socorro sempre que Lhe pedirmos de forma consistente e sincera”, disse ele.

Mas os esportes eram outra história.

No início, Schulte associava esportes a ter pernas, e as suas não funcionavam mais. “Se não posso correr e não posso jogar beisebol, então quem sou eu? Por que vale a pena viver?” ele disse.

Schulte não ficou nem remotamente interessado quando foi convidado para jogar basquete em cadeira de rodas. “Não parecia muito competitivo ou divertido, então recusei convites durante quatro anos”, disse ele.

Right, Paul Schulte, a member of  the U.S. men’s national wheelchair basketball team, shakes hands with a member of the Australian national team at Curry Arena on the campus of Queens University in Charlotte, NC. in June, 2024.
Paul Schulte, à direita, membro da seleção de basquete em cadeira de rodas masculino dos E.U.A., aperta a mão de um membro da seleção australiana na Curry Arena, no campus da Universidade Queens em Charlotte, Carolina do Norte, em 7 de junho de 2024. | Ethan Gardner

Finalmente, aos 14 anos, Schulte aceitou um convite para participar de um treino de basquete em cadeira de rodas masculino com adultos. Lá, ele encontrou atletas habilidosos que conseguiam acertar arremessos de 3 pontos e dar cambalhotas com suas cadeiras de rodas. Testemunhar suas habilidades atléticas quebrou seus preconceitos sobre esportes em cadeiras de rodas e, a partir daquele momento, ele se apaixonou.

“Envolver-me no basquete em cadeira de rodas abriu para mim um mundo totalmente novo, que eu nem sabia que existia”, disse ele.

Destaques de uma carreira no basquete em cadeira de rodas

Um destaque da carreira de Schulte foi fazer parte da seleção dos Estados Unidos pela primeira vez.

Dos 14 aos 18 anos, ele continuou a jogar com os mesmos jogadores “extremamente atléticos” que, semana após semana, adoravam bloquear seus arremessos. Mas Schulte disse que amava cada segundo.

“Eu não queria que me dessem nada. Eu queria um desafio. E que desafio eles me deram!”, disse ele. “Jogar com eles todas as semanas durante meus anos de ensino médio acelerou meu desenvolvimento.”

Paralympian wheelchair basketball player and Latter-day Saint Paul Schulte passes the ball at Curry Arena on the campus of Queens University in Charlotte, NC. in June, 2024.
O jogador paralímpico de basquete em cadeira de rodas e santo dos últimos dias, Paul Schulte, passa a bola na Curry Arena, no campus da Universidade Queens em Charlotte, Carolina do Norte, em 7 de junho de 2024. | Ethan Gardner

Aos 18 anos, ele recebeu um convite para um teste e entrou para o time. “De repente, eu estava jogando com meus heróis, o time dos sonhos do basquete em cadeira de rodas”, disse ele. “Eles me ensinaram como trabalhar mais duro do que eu jamais imaginei ser possível.”

Foi significativo para Schulte representar seu país como jogador de basquete em cadeira de rodas. Ele viajou e competiu em quase 30 países durante sua carreira. De suas muitas experiências, duas se destacam.

Primeiro, quando marcou 30 pontos em cada um dos dois jogos das finais e foi nomeado MVP [jogador mais valioso] do torneio, por ajudar seu time a vencer o campeonato mundial de 2002.

E em segundo lugar, quando acertou um arremesso de três pontos no último segundo para conquistar o bronze [em inglês] nas Paralimpíadas de 2000, contra a Grã-Bretanha.

Ajuda celestial

O esforço para ser digno da companhia do Espírito Santo e viver uma vida justa, incluindo o estudo diário e consistente das escrituras, ajudou Schulte a retornar ao basquete em cadeira de rodas.

“Quando decidi que tentaria novamente uma vaga na seleção paralímpica, pensei: ‘Não quero fazer nada em que o Senhor não seja meu parceiro’”, disse ele. “O Senhor me ajudou tantas vezes neste processo.”

Schulte continuou: “A consistência das respostas e a ajuda que chegou quase parecem dizer: ‘Sempre o ajudarei no que for mais importante para você, desde que isso não o afaste ainda mais de Mim. E, pelo contrário, desde que isso o aproxime de Mim, sempre o ajudarei.’”

Velho, mas se sentindo ‘rápido’

Em muitos aspectos, Schulte diz que sua história é paralela a “Desafio do Destino”, um filme de 2002 baseado na história verídica do arremessador Jim Morris, que fez sua estreia na Major League Baseball [Liga Principal de Beisebol dos E.U.A.] aos 35 anos, após quase uma década fora do beisebol profissional.

Schulte se tornará o membro mais velho da equipe masculina de basquete em cadeira de rodas paralímpica dos Estados Unidos desde 2000, quando Dave Kiley competiu aos 47 anos. Schulte é nove anos mais velho do que qualquer outro membro da equipe que jogará em Paris. O jogador mais jovem do time, A.J. Fitzpatrick, de 19 anos, não havia nascido quando Schulte fez sua estreia paralímpica.

The U.S. Men’s national wheelchair basketball team is pictured at Curry Arena on the campus of Queens University in Charlotte, NC. in June, 2024.
A seleção de basquete em cadeira de rodas masculino dos E.U.A. é retratada na Curry Arena, no campus da Universidade Queens em Charlotte, Carolina do Norte, em 7 de junho de 2024. O santo dos últimos dias, Paul Schulte (14), está à esquerda. | Ethan Gardner

“Sinto-me rápido”, disse Schulte, que trabalha como engenheiro mecânico na Top End Sports, uma empresa fabricante de cadeiras de rodas esportivas adaptadas. “Estou na mesma forma que tinha quando era calouro na faculdade. Sinto-me tão rápido como nunca.”

Ganhar a medalha de ouro nas Paralimpíadas significaria muito para Schulte.

“Tenho a oportunidade de jogar todos os dias com alguns dos melhores jogadores do mundo, que também são algumas das melhores pessoas”, disse ele. “Há uma irmandade que se forma quando competimos e treinamos juntos em outros países, e quero vencer por eles, tanto quanto quero vencer por mim e minha família.”

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