MCALLEN, Texas — Um dia antes da dedicação do Templo de McAllen Texas no domingo, 8 de outubro de 2023, Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos, e sua esposa, a irmã Harriet Uchtdorf, caminharam perto da fronteira entre os E.U.A. e o México, ao longo do Rio Grande.
Olhando para o muro que separa os dois países, Élder Uchtdorf disse solenemente: “Em um mundo com muitos muros, precisamos continuar construindo pontes”.
Contemplando essa realidade, todos ficaram em silêncio por alguns segundos.
Sua mensagem parecia pessoal, e não política. Transcendeu a política governamental ou as agendas políticas. Ecoou o sentimento frequentemente repetido de outros líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“Simplificando, nos esforçamos para construir pontes de cooperação [em inglês] em vez de muros de segregação”, disse o Presidente da Igreja, Presidente Russell M. Nelson, discursando na convenção nacional da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, em 21 de julho de 2019.
Quatro anos depois, Presidente Nelson foi homenageado por seus esforços para construir pontes ao ser nomeado o Laureado Honorário Inaugural do Prêmio da Paz Gandhi-King-Mandela da Morehouse College, em 13 de abril de 2023.
Naquele dia, ele também tornou pessoal a construção de pontes. “Se temos alguma esperança de criarmos a boa vontade e o senso de humanidade pelos quais todos ansiamos, isto deve começar com cada um de nós”, disse ele.
Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, nos pediu que “vivêssemos juntos com respeito mútuo pelas diferenças uns dos outros.”
Falando aos santos dos últimos dias em Chicago, Illinois, em 11 de fevereiro de 2023, Presidente Oaks enfatizou que o mundo seria diferente “se o amor fraternal e a ajuda altruísta transcendessem todas as fronteiras de nação, credo e cor. Tal amor não apagaria todas as diferenças de opinião e ação, mas encorajaria cada um de nós a focarmos nossa oposição em atos, ao invés de quem pratica a ação.”
Em um mundo com fronteiras e guerras, a tarefa parece grande, esmagadoramente grande. Todos nós encontramos muros e divisões em todos os lugares: entre partidos políticos, redes sociais e até mesmo em nossas próprias congregações e famílias.
Mas a presidente Susan H. Porter, presidente geral da Primária, diz que todos temos o poder de impactar a mudança.
Durante a conferência geral de abril de 2022, ela citou Doutrina e Convênios 58:27–28, observando que o Senhor incentiva mulheres e homens a se ocuparem “zelosamente numa boa causa e fazer muitas coisas de sua livre e espontânea vontade e realizar muita retidão; pois neles está o poder.”
“Temos o poder de realizar muita justiça”, disse ela.
Participando do podcast do Church News no ano passado, o juiz Thomas B. Griffith, ex-juiz federal do Tribunal de Apelação dos E.U.A. para o Circuito do Distrito de Colúmbia [D.C.], disse que ninguém é mais adequado para construir pontes do que os santos dos últimos dias.
Griffith citou o discurso de Presidente Oaks na conferência geral de abril de 2021 sobre a Constituição e a sua orientação de que, “em questões controversas, devemos buscar a moderação e a união.”
Como adoramos e servimos em alas com pessoas que são diferentes de nós, pessoas que não escolhemos, os membros da Igreja são construtores de pontes naturais, disse Griffith.
“Sabemos como ver alguém que é diferente de nós, e aprender a trabalhar com eles, e nos dar bem com eles,” ele disse. “Agora, podemos levar essa habilidade que desenvolvemos em nossas alas e estacas para fora, para a nossa comunidade? Podemos ser aqueles em nossa comunidade que são agentes de reconciliação?”
Temos, disse ele, um “papel distinto e único” a desempenhar neste momento em que o mundo precisa de construtores de pontes.
Em meio a protestos, motins e violência nos Estados Unidos no final de maio e início de junho de 2020, Presidente Nelson publicou uma declaração nas redes sociais condenando o racismo e implorando pela paz [em inglês]. Ele disse que precisamos “trabalhar incansavelmente para construir pontes de entendimento, em vez de criar muros de segregação.
“Imploro que trabalhemos juntos pela paz, pelo respeito mútuo e por uma manifestação de amor por todos os filhos de Deus”, escreveu ele.
Poucos entendem melhor os muros, as fronteiras e a guerra do que Élder Uchtdorf, que quando criança, fugiu a pé da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental [em inglês] com sua mãe.
Ao dedicar o templo de McAllen, ele disse que a adoração no templo é outra razão pela qual os santos dos últimos dias constroem pontes naturalmente.
“Paredes e fronteiras separam, mas os ensinamentos do templo unem. Quando estamos no templo, estamos em um lugar de paz e união com o nosso Criador”, disse ele. “O Espírito e o amor que vocês têm um pelo outro não têm fronteiras. Os ensinamentos e bênçãos do evangelho são universais, independentemente de nossa formação ou educação.”
Em um mundo cheio de divisões, o evangelho conecta e unifica, disse ele. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias está disponível para todos, independentemente do idioma, nacionalidade, etnia, origem cultural ou circunstâncias socioeconômicas.
Resumindo de forma simples: a lição de McAllen é uma lição para todos nós.
“A propagação do evangelho restaurado não parou nas fronteiras políticas ou sociais; ela se expandiu para os dois lados do Rio Grande”, disse ele.
— Sarah Jane Weaver é editora executiva do Church News
