Entre 1840 e 1890, dezenas de milhares de membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias imigraram para a América.
Embora haja uma tendência de nos concentrarmos na difícil trilha dos pioneiros através das planícies, ela foi apenas parte da longa jornada.
Um grande número de pioneiros santos dos últimos dias também registrou experiências inspiradoras em suas viagens através do oceano.
Priscilla Stains escreveu [em inglês] as seguintes palavras antes de iniciar sua viagem em 1844 através do Oceano Atlântico, no navio “Fanny”.
“Deixei a casa onde nasci para me reunir [aos santos]. … Eu estava sozinha. ... A companhia com a qual eu navegaria era totalmente estranha para mim. Quando cheguei a Liverpool e vi o oceano que em breve estaria entre mim e tudo o que amava, o meu coração quase me falhou. Não havia como voltar atrás. ... Então, sozinha, parti para a recompensa da vida eterna, confiando em Deus.”
Por quase três décadas, Fred E. Woods, professor de História da Igreja da BYU, juntamente com colegas, estudantes e missionários, têm procurado coletar, documentar e preservar as experiências marítimas desses pioneiros, de acordo com news.byu.edu [em inglês].
Em colaboração com o FamilySearch e a Biblioteca da BYU, um banco de dados interativo chamado “Saints by Sea” [Santos pelo Mar – em inglês] foi criado para fornecer informações abrangentes sobre essas viagens, incluindo nomes de passageiros e relatos em primeira mão (autobiografias, diários, reminiscências, imagens e cartas). O banco de dados, atualmente com quase 100.000 entradas únicas, permite que os descendentes rastreiem a sua ascendência até aos seus membros conversos originais, ajudando milhões de indivíduos atuais a se conectarem com seu legado.

Estas viagens dificilmente eram um “cruzeiro” de lazer. Os imigrantes europeus suportaram de semanas a meses em alojamentos apertados em navios. Os passageiros enfrentaram águas turbulentas, tempestades, enjoos e doenças. Mais de 600 imigrantes santos dos últimos dias morreram enquanto cruzavam os oceanos para se reunirem em Sião.
Apesar destas condições desafiadoras, os passageiros santos dos últimos dias eram distinguidos por sua alegria e fé inabalável em Deus.
Em 1857, Susan Melverton R. Witbeck escreveu: “Nunca me senti arrependida pelo que fiz. Tenho hoje um testemunho mais forte do que nunca para prestar.”
Em 1864, Charles William Symons registrou: “Ao anoitecer, os grupos se reuniam e se visitavam, cantando os hinos de Sião e contando sua história desde que se tornaram membros da Igreja. Mas oh! que multidão feliz, todos empenhados em fazer a vontade do Senhor e guardar os seus mandamentos.”
Os santos dos últimos dias que lerem estes relatos sairão elevados e fortalecidos, disse Joe Everett, bibliotecário sênior do Centro de História da Família da Biblioteca da BYU [em inglês].
“O que posso aprender com sua resiliência, sua fé para perseverar? Como eu poderia aplicar isso em minha vida hoje? Que coisas são difíceis para eu fazer?”, ele disse. “Se eles podiam fazer essas coisas, eu sou capaz de perseverar e fazer as coisas difíceis que enfrento todos os dias.”
Woods espera que os usuários do banco de dados possam ir além do conhecimento do navio de seus antepassados, e procurem entender por que seus ancestrais estavam dispostos a sacrificarem tudo para fazerem aquela perigosa jornada.
O professor da BYU também está trabalhando em outro banco de dados, chamado “Saints by State” [Santos por Estado], que documenta a história da Igreja em cada estado dos E.U.A. O projeto incluirá histórias inspiradoras de fé, entrevistas, bibliografias e documentários.