Em um período de cerca de 10 dias em setembro e outubro de 2024, dois furacões atingiram consecutivamente a costa no sudeste dos Estados Unidos. Desde então, mais de 20.000 voluntários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias doaram seu tempo para prestarem auxílio a milhares de famílias afetadas na região.
No processo, eles viram milagres, testemunharam o poder da oração e sentiram alegria por causa deste serviço centralizado em Cristo.
“Este é verdadeiramente o evangelho em ação”, disse Élder Quinn S. Millington, um Setenta de Área na Área Sudeste da América do Norte da Igreja, e que serve como líder do Comitê de Resposta a Desastres da Área.
Em um recente podcast do Church News [em inglês], Élder Millington compartilhou sua perspectiva sobre os esforços de auxílio humanitário da Igreja durante os furacões Helene e Milton.
O furacão Helene atingiu a costa no final da noite de quinta-feira, 26 de setembro, na região de Big Bend, no Panhandle da Flórida. Classificado como um furacão de Categoria 4, com ventos de até 225 quilômetros por hora, com 76 centímetros de chuva e uma elevação recorde do nível do mar ao longo da costa oeste da Flórida, foi o furacão mais forte a atingir a área e o mais mortal a atingir os EUA desde que o Furacão Katrina atingiu a Louisiana em 2005. Mais de 200 pessoas morreram, segundo diversos veículos de comunicação.
O furacão Milton atingiu a costa no final da noite na quarta-feira, 9 de outubro, perto de Sarasota, Flórida, como um furacão de categoria 3. Com ele vieram inundações, de Jacksonville até os Everglades, extensas quedas de energia afetando mais de 3 milhões de pessoas e mais de 40 tornados por toda a região central e sul da Flórida. Vários veículos de comunicação relataram números de mortes de 10 a mais de 20.
Após as duas tempestades, 21.284 santos dos últimos dias se reuniram para ajudarem, informou o ChurchofJesusChrist.org [em inglês]. Durante um período de seis semanas em cinco estados, eles doaram 311.265 horas de serviço e ajudaram 10.348 casas ou locais de adoração. Noventa e seis estacas auxiliaram pessoalmente nos esforços de socorro, e 73 estacas atenderam mais de 17.000 chamadas de emergência de vítimas dos furacões.
Em uma entrevista, Élder Ahmad S. Corbitt, Setenta Autoridade Geral, disse que há uma “força energizante” na região, à medida que as pessoas se unem para servir.
"É exaustivo, tanto física quanto emocionalmente em certo grau, mas também é energizante. ... As pessoas estão sendo fortes", disse ele.
Tony Paulk, prefeito de Douglas, Geórgia, elogiou os voluntários santos dos últimos dias durante um serviço de adoração especial, informou o ChurchofJesusChrist.org [em inglês].
“Vocês vieram ajudar pessoas que não conhecem”, disse ele. “Estes camisetas amarelas chegaram e se espalharam por nossa comunidade. O que vocês trazem é esperança. O que vocês trazem é felicidade. Vocês trazem a mensagem: ‘Vamos superar isso juntos.’”
Além das horas de voluntariado, até o momento a Igreja entregou 38 cargas de suprimentos, incluindo motosserras, lonas, luvas, óculos de segurança, pás e outras ferramentas para equipes de voluntários. Os suprimentos também incluíram alimentos, água e materiais de limpeza para as equipes distribuírem aos residentes necessitados.
Outros projetos humanitários da Igreja, em colaboração com organizações estabelecidas de assistência a desastres, incluem uma doação de US$ 1 milhão para a Cruz Vermelha Americana, refeições preparadas por meio da Hot Meals USA e Feeding America, assistência em desastres no local por meio da Team Rubicon, remoção de mofo e saneamento pela All Hands and Hearts, atendimento médico de emergência por meio do International Medical Corps, e água, saneamento e suprimentos de higiene por meio do Project HOPE e Catholic Charities USA, bem como apoio à Save the Children e à linha direta Crisis Cleanup.
“Não sei se alguma vez estive tão grato como estou hoje pelo que testemunhei e como podemos administrar o socorro de forma tão rápida e completa”, disse Élder Millington ao Church News.
Ele acrescentou: “Minha fé em Jesus Cristo está fortalecida. Minha esperança na humanidade está elevada. E posso ver o que parece ser ‘permitir que Deus prevaleça’, ‘pensar celestial’, ter uma mudança de coração continuamente. E sou lembrado mais uma vez de que somos guiados hoje por profetas, videntes e reveladores.”
'A oração funciona'
Élder Millington disse que, como líder do Comitê de Resposta a Desastres da Área, sua função é conectar os recursos da Igreja às linhas eclesiásticas. No caso dos furacões Helene e Milton, isso significou trabalhar em estreita colaboração com gerentes de bem-estar e autossuficiência, com o diretor de assuntos temporais da região e com outros Setentas de Área.
Os Setentas de Área, por sua vez, trabalham com seus presidentes de estaca, que trabalham com seus líderes locais da Igreja, para organizar os membros de tal forma que eles sejam enviados para lugares necessitados.
“Meu trabalho é garantir que ambos os lados se unam de tal forma que tenhamos uma resposta significativa e que os filhos do Senhor sejam atendidos por meio desse esforço”, disse Élder Millington.
Ele continuou dizendo que o furacão Helene foi previsto com bastante antecedência, dando tempo para a Igreja se preparar. Élder John D. Amos, Setenta de Área, foi designado para falar com os presidentes de missão locais, sobre como manterem seus missionários seguros; e os líderes locais da Igreja também puderam estimar onde os maiores danos ocorreriam.
Élder Millington “não tem palavras suficientes” para elogiar os Setentas de Área locais, presidentes de estaca e gerentes de bem-estar e autossuficiência. Graças a esses grupos, “temos uma visão muito boa do que está acontecendo muito, muito rapidamente.”
O desafio com dois furacões consecutivos, no entanto, foi que os esforços de socorro para a primeira tempestade mal haviam começado, quando a segunda tempestade chegou, disse Élder Millington.
Ele ligou para Élder Daniel Amato, outro Setenta de Área, para falar sobre a logística de resposta à tempestade. Durante a conversa, Élder Amato disse que pediria aos membros locais da Igreja que jejuassem e orassem.Conforme a mensagem para jejuar e orar se espalhava pela área, o furacão Milton se dissipou de uma tempestade de categoria 5 para uma de categoria 3, disse Élder Millington. “O que acham desse milagre? … Eu sei que a oração funciona. Sem dúvida. Com certeza, a oração funciona.”
Sua experiência com Élder Amato não foi a única vez que Élder Millington viu o poder da oração em ação. Ele contou a história de um homem, um bispo, que estava se voluntariando em um local de trabalho quando começou a se sentir mal. O bispo se sentou do lado de fora por um tempo, depois foi para um local de trabalho diferente. Ainda se sentindo mal, ele atendeu a uma inspiração para procurar atendimento médico e, finalmente, foi tratado de um ataque cardíaco em um grande hospital que havia contratado recentemente um cardiologista intervencionista.
Élder Millington observou que, se o bispo estivesse em casa em vez de ser voluntário, ele estaria mais longe do hospital, e possivelmente não teria recebido atendimento especializado a tempo.
“Nós nos unimos em Cristo na fé, oferecendo nosso coração a Deus em nome de Jesus Cristo, pedindo orientação. … E repetidamente vemos milagres incríveis”, disse ele.
Élder Millington acrescentou que mais de 20.000 voluntários não qualificados se unindo de maneira tão eficaz ao longo de seis semanas é uma evidência para ele de que a mão do Senhor está neste trabalho. Talvez o maior milagre, disse ele, seja a maneira como a comunidade se une.
Essa união às vezes alcança pessoas que não frequentavam a igreja há algum tempo, motivando-as a retornar ao rebanho, continuou o Élder Millington. Quando as pessoas servem juntas, o Espírito trabalha nelas e os corações são transformados, disse ele.
"Você pode ver muito rapidamente por que em 2 Néfi 32, somos ensinados que o adversário 'não ensina o homem a orar.' Ele não quer que nos unamos em Cristo para um bem comum", disse o Élder Millington. "E, no entanto, é exatamente isso que começa a acontecer nessas tempestades."
As melhores maneiras de se ajudar
Nas semanas após os furacões Helene e Milton, Élder Millington disse que outro desafio surgiu, quando pessoas bem-intencionadas enviaram ajuda, o que criou mais problemas do que resolveu.
Por exemplo, ele se lembrou de “caminhão após caminhão após caminhão” de suprimentos chegando a Asheville, Carolina do Norte, mas não havia onde colocá-los. Felizmente, nesse caso, alguém ofereceu o uso de um depósito particular; mas a questão de separar e distribuir todos os suprimentos permanece.
Élder Millington disse que se alguém quiser ajudar após um desastre natural, a melhor coisa de se fazer isso é pagar mais ofertas de jejum.
“Elas são mais fáceis de se administrar, e a Igreja já tem esses relacionamentos maravilhosos com todas essas ONGs e pode ajudar a movimentar esse dinheiro de uma forma muito construtiva e significativa, para que essas organizações que já estão posicionadas para entregar a ajuda humanitária, possam efetivamente entregá-la”, disse ele.
Suas observações ecoam os de Melody e Paul Hailstone, especialistas do ServirAgora perto de Atlanta, Geórgia, que disseram anteriormente ao Church News que a melhor maneira de pessoas fora das áreas de desastre ajudarem é doando fundos para organizações bem-conceituadas.
“Essas organizações sabem exatamente o que as pessoas que estão sofrendo precisam, e podem fornecer itens específicos para aqueles que estão em necessidade”, disse Melody Hailstone.
Paul Hailstone acrescentou que, em áreas de desastre, os especialistas locais do ServirAgora estão mais bem equipados para coordenarem com organizações de assistência, e comunicarem quando essas organizações estão prontas para receberem voluntários.
O ServirAgora é uma ferramenta, “que nos permite servir [com] organizações em todo o país e na nossa própria rua”, disse ele. “Eu acho isso simplesmente lindo. Desastres como este destacam o fato de que há tantas maneiras, tantas pessoas e tantas organizações que estão por aí fazendo o bem e seguindo os ensinamentos de Cristo.”
Quando ocorre um desastre, continuou Paul Hailstone, o espírito de serviço entra em muitos corações. E, muitas vezes, a melhor maneira de agir de acordo com esse espírito, é servir localmente.
Essa tradição então se torna “um aspecto duradouro, contínuo e belo de nosso discipulado”, disse ele.