Após a conclusão do treinamento, os pilotos de caça recebem um apelido oficial conhecido como codinome, sendo algo muito importante.
Os pilotos não podem escolher seus próprios codinomes. Eles são atribuídos e geralmente baseados na personalidade, fraquezas ou um erro constrangedor, mas são dados como parte da camaradagem militar e tendem a permanecer com o aviador por toda a sua carreira.
É raro obter codinomes que soem bem, tais como como “Maverick” e “Iceman”, como nos filmes. Os pilotos têm mais probabilidade de receberem nomes como “Bolo de Carne”, “Ônibus” ou “Calçada”, tendo uma história memorável por trás de cada nome, de acordo com um artigo de 2022 [em inglês].
A 1° Tenente Savannah Raskey estava disposta a viver com qualquer codinome que lhe fosse atribuído, mas ela orou repetidamente por um que a ajudasse a representar o Senhor e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“Eu orei para que me dessem um codinome que eu pudesse usar para compartilhar a luz e o amor de Deus, e que eu poderia usá-lo de forma que fosse um membro missionário”, ela disse. “Eu não servi em uma missão da Igreja, mas sinto que fui colocada aqui para servir de uma forma diferente.”
Suas orações foram respondidas quando ela recebeu oficialmente o codinome, “Sista” [Irmã], um nome no qual ela encontra profundo significado e propósito espiritual como uma santo dos últimos dias servindo uma missão única nas forças armadas.
“É legal colocar esse crachá todos os dias”, ela disse. “Quando vou a espetáculos aéreos ou conheço pessoas, eu me apresento como ‘Sista’, sendo um lembrete constante para mim de quais são minhas prioridades, para que eu possa interagir com as pessoas de uma forma que seja agradável a Deus.”
Raskey serve na Guarda Aérea Nacional da Força Aérea dos E.U.A., e está estacionada em Dannelly Field, em Montgomery, Alabama, onde pilota um F-35 com o 100º Esquadrão de Caça. O esquadrão pinta suas asas de cauda de vermelho, em homenagem aos esquadrões Tuskegee Airmen, da Segunda Guerra Mundial.
Atualmente, ela também serve como segunda conselheira na presidência da Sociedade de Socorro da Ala Millbrook, na Estaca Montgomery Alabama.
‘Fui fisgada’
O interessante sobre Raskey é que ela nunca desejou ser piloto quando era mais jovem.
Raskey cresceu em Orlando, Flórida, em uma família predominantemente santo dos últimos dias, com um pai não membro que era piloto de avião. Ele queria que ela voasse, mas Raskey estava mais interessada em estudar ópera para se tornar uma cantora.
Ela se juntou à Guarda Aérea Nacional de Utah aos 18 anos porque queria “se desafiar e fazer parte de algo maior”, e trabalhou na manutenção de aviões.
Uma década depois, quando ela disse que seu pai finalmente parou de perguntar sobre pilotar, Raskey decidiu dar uma última chance e teve uma aula de voo. Foi tudo o que precisou.
“Fui fisgada”, ela disse. “Percebi que um grande motivo pelo qual eu não queria voar era porque eu nunca me considerei tão inteligente ou capaz. Mas algo dentro de mim sabia que, se eu trabalhasse duro o suficiente, eu poderia conseguir qualquer coisa.”
Raskey ainda sonhava em se tornar uma cantora famosa. Em 2017, ela fez um teste para o programa de televisão “America’s Got Talent”, e passou pela primeira rodada. Mas a segunda audição aconteceu no mesmo fim de semana em que Raskey teve uma entrevista para uma posição de piloto. Ela precisou tomar uma importante decisão.
“Pensei no que me traria mais alegria e satisfação no final do dia, e sabia que seria servir meu país”, disse ela. “Queria trabalhar duro e ser a melhor que pudesse para ajudar a proteger nossos homens e mulheres servindo, proteger minha família e proteger nossas liberdades neste país incrível.”
Ela começou o treinamento de piloto há menos de três anos e se formou em janeiro deste ano.
Confiando na fé
Durante sua carreira na Força Aérea, Raskey teve diversas experiências que fortaleceram sua fé e moldaram seu testemunho.
Uma veio depois que ela se alistou e participou de um acampamento de treinamento, com um grupo diverso de outras 40 mulheres. Todas usavam o mesmo uniforme, sem maquiagem ou qualquer coisa que as identificasse individualmente.
Toda noite, Raskey orava em sua cama. As outras mulheres notavam que ela orava e frequentemente pediam que ela orasse por elas. Ela percebeu que havia algo especial em ter uma conexão com Deus, não era algo que todas tinham, e ela queria esse apoio celestial.
Os últimos dois anos de treinamento de piloto foram os mais difíceis de sua vida. Uma força espiritual maior veio quando ela fez do evangelho de Jesus Cristo sua maior prioridade, em vez de se tornar uma piloto de caça.
“Quando fiz isso, meu testemunho floresceu e se solidificou”, disse ela. “Percebi que o que mais importa é o que dura mais, e esse é meu testemunho e o evangelho. ... Não identifico meu valor com base em ser uma piloto de caça; eu o baseio em ser uma filha de Deus.”
Estar nas Forças Armadas tem proporcionado oportunidades para Raskey se posicionar quanto a seus valores e crenças. Alguém lhe disse que ela nunca seria uma piloto de caça se não bebesse álcool. Ela não cedeu.
“Às vezes, há uma mentalidade de que temos que nos encaixar nesse molde e fazer XYZ para sermos aceitos”, ela disse. “O que eu tenho visto repetidamente é que, quanto mais firme eu me mantenho em minha fé, mais eu sou respeitada.”
Palavras inspiradoras
Em momentos desafiadores, como no treinamento de pilotos, Raskey encontrou inspiração e motivação nas mensagens do evangelho dos líderes da Igreja, incluindo Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos, com quem ela sente uma conexão por causa de sua experiência como piloto.
Palavras de um devocional da BYU de 2009, proferido pelo falecido Jon M. Huntsman [em inglês], um empresário e filantropo que serviu como Setenta de Área, também lhe deram paz e segurança em dias desanimadores.
“Você e o Senhor, trabalhando juntos, podem realizar qualquer coisa”, disse Huntsman. “Nunca se esqueça: Deus não nos colocou aqui para falharmos.”
Filha de Deus
Raskey diz que ama se sentir perto de Deus enquanto voa pelo céu. Ela acolhe o desafio de seu trabalho: aprender novas táticas, melhorar como piloto de caça, ser um bom membro de seu esquadrão e ajudar a proteger seu país. Acima de tudo, ela encontra força espiritual em conhecer sua identidade divina.
“Ser uma piloto de caça é o que faço. Ser uma filha de Deus e me tornar uma melhor discípula de Jesus Cristo é quem sou”, ela disse. “Sou grata por ver a mão de Deus em cada dificuldade e triunfo.”
Raskey está ciente de outras mulheres santos dos últimos dias que são pilotos, mas ela ainda não conheceu nenhuma outra piloto de caça que seja membro da Igreja. Ela espera que haja outras.
Refletindo sobre sua jornada, Raskey disse que se sente honrada e abençoada por ser uma piloto de caça. Ela sente que o Senhor a levou até onde ela está para um propósito divino. Ela espera que as pessoas que lerem sua história sejam inspiradas em sua própria jornada.
“Quero que as pessoas me vejam e pensem: ‘Uau, se ela conseguiu chegar onde está porque confiou em Deus, então como minha vida pode ser se eu O colocar em primeiro lugar?’”, disse ela. “Quero que as pessoas percebam que Deus está ciente delas.”