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Historiadores apresentam projeto Documentos de Brigham Young e primeiro volume de diários

As pessoas aprenderão e compreenderão mais sobre o segundo Presidente da Igreja, por meio de seus diários, disse editor e historiador

Brigham Young sentiu o fogo do evangelho e o espírito missionário começarem a arder dentro de si, enquanto se sentava molhado após seu batismo e ordenação ao ofício de élder na recém-organizada A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em 14 de abril de 1832.

“Eu queria poder falar do evangelho, com voz de trovão, a todas as nações”, disse ele anos depois. A sensação “queimava em meus ossos como um desejo incontido. ... Nada me poderia satisfazer, a não ser proclamar ao mundo o que o Senhor está fazendo nestes últimos dias. ... Eu tive que sair e pregar, para que meus ossos não se consumissem dentro de mim.”

Esta pintura é aparentemente a mais antiga imagem visual de Brigham Young que se tem notícia, feita por volta do início de junho de 1841. Este retrato foi pintado por um artista desconhecido, provavelmente em Pittsburgh, Pensilvânia, durante a estada de Brigham na cidade, em seu retorno da Grã-Bretanha e a caminho de Nauvoo.
Esta pintura é aparentemente a mais antiga imagem visual de Brigham Young que se tem notícia, feita por volta do início de junho de 1841. Este retrato foi pintado por um artista desconhecido, provavelmente em Pittsburgh, Pensilvânia, durante a estada de Brigham na cidade, em seu retorno da Grã-Bretanha e a caminho de Nauvoo. | Biblioteca de História da Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Muitos conhecem as informações gerais do que Presidente Young fez após sua conversão: servir missão, tornar-se Apóstolo e segundo Presidente da Igreja, guiar milhares de santos para o Vale do Grande Lago Salgado e colonizar o oeste dos E.U.A.

O que poucos sabem são os detalhes do dia a dia da vida de sua vida

Isto mudará nos próximos anos, à medida que o Brigham Young Center [Centro Brigham Young – em inglês] produzir os Documentos de Brigham Young, começando com “The Brigham Young Journals, Vol. 1, April 1832 to Feb. 1846” [Os Diários de Brigham Young, Volume 1, abril de 1832 a fevereiro de 1846 – em inglês].

Embora pareça vir logo após o projeto Documentos de Joseph Smith, agora concluído, o projeto dos Documentos de Brigham Young, na verdade, foi lançado há cinco anos. O plano é disponibilizar a maior parte dos documentos on-line, com um pequeno subconjunto publicado em versão impressa, incluindo diários, cartas e escritos pessoais. O projeto também fornecerá informações sobre o líder e o mundo em que vivia.

O primeiro volume da série de diários se centraliza na vida de Brigham Young antes de vir para Utah, disse Ronald K. Esplin, diretor do projeto Documentos de Brigham Young e editor geral dos Diários de Brigham Young.

“As pessoas saberão mais sobre Brigham em sua preparação na infância e durante a transição, à medida que ele se tornar um líder nestes anos em Nauvoo e no período pré-Utah, por meio deste volume, do que provavelmente aprenderão em qualquer outro lugar”, disse Esplin.

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O que são os Documentos de Brigham Young?

Semelhante aos Documentos de Joseph Smith [em inglês], o objetivo do projeto Documentos de Brigham Young é coletar, documentar e disponibilizar seus documentos, facilitando pesquisas biográficas, escrita e publicações sobre sua vida e o mundo.

Uma diferença significativa entre os dois é que Young viveu mais e produziu milhares de documentos a mais, e que ainda existem hoje.

“Foi possível com Joseph, mas levamos mais de 20 anos [com recursos da Igreja]”, disse Esplin.

A Igreja apoia os Documentos de Brigham Young, mas não poderia dedicar os mesmos recursos a um projeto que provavelmente duraria muitas décadas, disse Esplin.

Em 2017, a Brigham Young Center Foundation [Fundação Centro Brigham Young] foi criada como uma organização sem fins lucrativos, para administrar o projeto com vários historiadores e acadêmicos experientes [em inglês] em seu conselho e equipe, a maioria dos quais possui anos de experiência com os Documentos de Joseph Smith. A principal fonte de financiamento vem de John D. Esplin, filho de Ronald Esplin e membro do conselho.

“Isto existe com doações externas”, disse Ronald Esplin. “Temos a cooperação e coordenação da Igreja, o que é essencial pois a Igreja é a proprietária dos documentos.”

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Diários de Brigham Young

O projeto começa com os diários de Brigham Young, editados pelos historiadores Dean C. Jessee, Brent M. Rogers, Gerrit J. Dirkmaat e Andrew H. Hedges.

“The Brigham Young Journals, vol. 1” [Os diários de Brigham Young], apresenta os diários, do período anterior à chegada dos pioneiros a Utah, do segundo líder da Igreja e fornece vislumbres de sua vida e ministério, bem como da história da Igreja.
The Brigham Young Journals, vol. 1” [Os diários de Brigham Young], apresenta os diários, do período anterior à chegada dos pioneiros a Utah, do segundo líder da Igreja e fornece vislumbres de sua vida e ministério, bem como da história da Igreja. | The Brigham Young Papers [Documentos de Brigham Young]

Os Diários Brigham Young: Volume 1, abril de 1832 a fevereiro de 1846” [em inglês] é o primeiro de quatro volumes da série de diários. Lançado em agosto, o novo volume apresenta os diários de Presidente Young do período pré-Utah, que incluem três diários escritos por seu próprio punho (1832 a 1845), e seu diário de escritório em Nauvoo, Illinois, mantido por secretários (1844 a 1846). Estes registros oferecem vislumbres de sua vida e ministério, bem como de momentos-chave da história do início da Igreja.

“Você verá coisas sobre Brigham Young nas quais realmente não pensa: o quanto ele sentia falta da família, o quanto ele era desesperadamente devotado a Joseph Smith, quantas missões ele serviu e quantos sacrifícios ele fez”, disse Dirkmaat.

Os futuros volumes de diários aumentam na década de 1850 e continuam até o início da década de 1860, quando Esplin disse que “inexplicavelmente, eles param.” Young não manteve um diário nos últimos 14 anos de sua vida antes de sua morte em 1877.

“‘Inexplicável’ é a palavra certa. Neste ponto não sabemos por que [Brigham parou de manter um diário]”, disse Rogers. “À medida que nos aprofundarmos em Brigham e em seu mundo, descobriremos mais e talvez possamos responder a essa pergunta.”

O primeiro volume apresenta visões gerais editoriais, anotações extensas, descrições físicas detalhadas de cada diário e fotografias. Existem materiais de referência, incluindo mapas, cronologia e itinerários de viagem. As transcrições mostram que Brigham Young foi um missionário incansável, um homem de família dedicado e um líder em formação da Igreja.

O primeiro volume foi concluído em cinco anos, com os historiadores e editores trabalhando em horário parcial, além de seus empregos normais de período integral.

“Este é um trabalho de amor”, disse Rogers com um sorriso.

O fato de todos conhecerem a história do início da Igreja e a edição de documentos, depois de trabalharem nos Documentos de Joseph Smith e em outros projetos, foi um fator significativo.

“Não tivemos que treinar ninguém em nada”, disse Esplin. “Eles conheciam Brigham. Eles conhecem as fontes porque ‘moraram’ neste prédio [a Biblioteca de História da Igreja]. Dissemos: ‘Aqui está a tarefa, sigam em frente’, e eles a fizeram com paixão.”

Dentro dos diários de Brigham Young

Embora os Documentos de Joseph Smith tenham sido elaborados principalmente para estudiosos, as partes mais acessíveis e fáceis de serem consumidas, para os santos dos últimos dias e outros, são os diários e histórias.

O mesmo se aplica aos Documentos de Brigham Young. O layout também foi projetado para facilitar o acompanhamento dos leitores.

“Todos podem lê-los, ganharem algo com eles, apreciá-los e saírem enriquecidos por meio deles. É a mesma coisa aqui”, disse Esplin. “Os diários são acessíveis com uma narrativa, uma história à medida que sua vida se desenrola. Este volume, embora profundamente técnico, é a anotação que nos ajuda a entendermos a história e seguirmos em frente.”

No outono de 1845, os santos dos últimos dias estavam trabalhando para terminarem o Templo de Nauvoo e se preparando para seguirem para o oeste. Uma entrada de diário, datada de 5 de setembro daquele ano, diz: “Fui ao ‘big field’ e jantei com os proprietários.”

Páginas das primeiras entradas no diário, escritas por Brigham Young. À esquerda, uma entrada de 9 de abril de 1832. A entrada à direita é datada de 30 de abril de 1833.
Páginas das primeiras entradas no diário, escritas por Brigham Young. À esquerda, uma entrada de 9 de abril de 1832. A entrada à direita é datada de 30 de abril de 1833. | Biblioteca de História da Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Uma nota de rodapé pesquisada e compilada por Dirkmaat conta o resto da história.

“A Big Field Association era uma cooperativa agrícola conjunta, que reuniu recursos para cultivar 1.553 hectares fora de Nauvoo. A colheita recente tinha sido espetacular, ostentando 30.000 alqueires de milho e 30.000 alqueires de trigo, bem como muitos outros produtos cultivados na terra. Um jantar comemorativo foi realizado pelos representantes da associação, para o qual os Doze Apóstolos e muitos outros foram convidados. Willard Richards estimou o comparecimento de 616 adultos e um número não especificado de crianças.”

Graças a esta e outras anotações bem pesquisadas que acrescentam um contexto valioso, os leitores serão capazes de compreenderem e apreciarem as anotações concisas, e às vezes até mesmo enigmáticas, do diário de Young, disseram os historiadores.

“Temos esta entrada que quase não tem sentido quando a lemos e, de repente, há um significado. Agora sabemos do que ele está falando”, disse Dirkmaat. “Isso é o que os historiadores fazem primordialmente. É claro que isso exige a consulta de várias outras fontes: cartas, diários de outras pessoas, todas relacionadas às mesmas datas e eventos, para vermos se mais alguém falou sobre a mesma coisa. É divertido quando rastreamos algo, quase como um detetive.”

Outra anotação, datada de 24 de janeiro de 1845, diz: “Perguntei ao Senhor se deveríamos ficar aqui e terminar o templo. A resposta é que deveríamos.”

A nota de rodapé explica: “A conclusão do templo era uma grande prioridade para Young e os Doze desde 8 de agosto de 1844, algo que eles enfatizaram repetidamente. No dia anterior a esta oração, Young soube (e anotou em seu diário) de uma expectiva de aumento da violência, à medida que ex-santos dos últimos dias procuravam incitar os inimigos, a impedi-los de terminarem o templo. Esta ameaça provavelmente formou o pano de fundo para a busca de uma confirmação renovada.”

Esplin acrescentou mais explicações.

“Ele estava enfrentando uma crise pessoal. ... Sob sua liderança, ele teve que reconhecer a possibilidade de presidir a violência, caso quisessem terminar o templo, e estavam absolutamente comprometidos em terminar o templo”, disse ele. “Portanto, podemos pegar essas entradas curtas e ajudarmos as pessoas a entenderem que foi um breve momento, em que ele registrou algo significativo para ele, e que há um contexto.”

Vislumbres exclusivos do dia a dia de Brigham Young

A importância da família é um tema que surgiu para Rogers, enquanto trabalhava neste primeiro volume dos diários de Young.

Daguerreótipo de Brigham Young, por volta de 1846. Esta é a imagem mais antiga conhecida de Brigham Young registrada em vida. O daguerreótipo é atribuído a Lucian R. Foster.
Daguerreótipo de Brigham Young, por volta de 1846. Esta é a imagem mais antiga conhecida de Brigham Young registrada em vida. O daguerreótipo é atribuído a Lucian R. Foster. | Cortesia da Biblioteca de História da Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Antes de liderar a Igreja, Young serviu diversas missões, o que muitas vezes exigia que ele deixasse a família em circunstâncias difíceis, incluindo familiares doentes e bebês dias após o nascimento. O Senhor finalmente revelou na seção 126 de Doutrina e Convênios que a “oferta” de Young havia sido aceita.

Os leitores verão “uma interessante rede e conexão familiar” nos diários, com “vislumbres de seu amor e devoção”, disse Rogers, e “o quanto ele pensava sobre eles e até sonhava com eles, e queria ter certeza de que estavam bem.”

Os diários de Young oferecem informações sobre a vida de um dos primeiros missionários santos dos últimos dias, e os primeiros esforços missionários do Quórum dos Doze Apóstolos. “É aí que você obtém alguns dos escritos mais aprofundados de Brigham”, disse Rogers.

Uma série de anotações em seu diário, em janeiro de 1846, mostram Young passando um tempo considerável oficiando ordenanças no Templo de Nauvoo.

“Entreguei-me inteiramente à obra do Senhor no templo quase noite e dia”, escreveu Young em 17 de janeiro de 1846. “Não passei mais do que quatro horas, em média, dormindo à noite, e raramente me permito o tempo e a oportunidade de ir para casa uma vez por semana.”

Esplin disse que a leitura dos diários de Young mostrará que ele, e o Quórum dos Doze Apóstolos, continuaram a missão de Joseph Smith.

“Joseph preparou o Quórum dos Doze Apóstolos com as chaves, conhecimento, instrução e compreensão, paixão de ver o templo ser concluído e santos receberem investidura. Nestas anotações do diário você verá que eles levaram essa designação em frente”, disse Esplin. “Foi Brigham quem organizou a investidura em Nauvoo. Foi Brigham quem presidiu tudo. Foi Brigham quem, 33 anos depois, ditou as ordenanças na primeira vez que foram escritas em St. George, na véspera de sua morte.”

Compreendendo Brigham Young

Os diários de Brigham Young ajudarão os leitores a compreenderem que Young foi um instrumento “fundamental” na história da Restauração e na história do Oeste norte-americano. Às vezes, as pessoas leem parte de um sermão ou pegam um trecho de sua vida e dizem: “Esse é Brigham Young”, disse Rogers.

Os editores e historiadores desejam que Young seja compreendido da forma mais honesta e completa possível.

“Ele é uma pessoa muito mais completa e complicada, e devemos tentar entendê-lo através de suas próprias palavras, antes de mais nada, e depois tentar contextualizar sua vida”, disse Rogers. “Acredito que ele merece ser compreendido em seus próprios termos e este livro ajudará as pessoas a entendê-lo em seus próprios termos.”

Uma imagem de Brigham Young durante seus anos como Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Uma imagem de Brigham Young durante seus anos como Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. | A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Dirkmaat concordou, dizendo que, se queremos saber mais sobre uma figura histórica, temos que ir direto à fonte.

“Para os santos dos últimos dias, esta é uma grande oportunidade de conhecerem Brigham Young como uma pessoa”, disse Dirkmaat. “Claro, você não vai saber tudo sobre ele, mas certamente entenderá muito melhor o que ele tem a dizer sobre si mesmo, do que ouvindo o que alguém nas redes sociais pensa sobre ele.”

Os diários e o projeto Documentos de Brigham Young também esclarecerão mal-entendidos sobre Young e seu papel na história da Igreja.

“Brigham pertence aos santos dos últimos dias e eles precisam entendê-lo melhor para que possam aceitá-lo”, disse Esplin.

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